Capítulo 07 Bruce narrando:

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Quando vi Luce pela primeira vez, tudo dentro de mim ficou paralisado. Não sabia se o que sentia era raiva ou algo mais profundo, algo que me rasgava por dentro. Mas sabia que não queria sentir aquilo. Ela tinha um poder sobre mim que eu não conseguia controlar, uma força tão avassaladora que me fez querer esmagá-la e, ao mesmo tempo, me fez desejar protegê-la.

Os olhos dela, verdes como esmeraldas de um farol perdido, brilhavam como se possuíssem o segredo de um universo inteiro, e eu, maldito fosse, me perdi nesse olhar. Sua pele morena, dourada pelo sol, reluzia, e seus cabelos negros caíam de maneira selvagem sobre seus ombros, como se tivessem sido moldados por mãos divinas. Ela tinha uma boca carnuda, um convite a um beijo proibido, e aquelas sobrancelhas grossas, que só acentuavam a intensidade do seu olhar. Ela era bonita, de uma maneira que chegava a ser pecado, como uma tempestade prestes a desabar sobre a terra. A porra da mulher era uma tempestade em carne e osso.

Eu sabia o quanto ela era atraente, não apenas fisicamente, mas algo em seu ser tinha uma força que não conseguia negar. A simples visão dela no restaurante, com aquele uniforme sem graça que não fazia justiça ao seu corpo, era o suficiente para me deixar em descontrole. Suas curvas, mal escondidas pelo tecido, pareciam gritar por atenção, como se o universo tivesse decidido me testar ali, diante daquela mulher. Mas, naquela bendita festa, foi um soco no estômago. Luce não era só bonita — ela era deslumbrante. Eu queria pegá-la nos braços, arrancá-la daquele lugar e correr, desaparecer com ela, escondê-la do mundo. Eu daria tudo o que tenho por ela, só para vê-la ao meu lado, só para chamá-la minha.

Naquela noite, quando a vi pela primeira vez, a tratei como um monstro. Meu temperamento, minha brutalidade, saíram sem controle. Parecia que ela tinha me feito perder a razão. Ao ver o medo nos seus olhos, uma parte de mim quis sair correndo atrás dela, pedir desculpas, ser diferente. Mas não sou assim. A minha masculinidade bruta e implacável não me permite ser fraco. Fui embora daquilo me sentindo um idiota, um animal. E em um impulso, liguei para Marta. Queria saber quem era aquela mulher que tinha mexido comigo de um jeito que nem eu entendia. Como um imbecil que não aceita sua própria fraqueza, fui em busca de respostas.

O que eu descobri, no entanto, foi que ela não era qualquer mulher. Luce, com sua fragilidade disfarçada, com a sua aura de vulnerabilidade, me dava um nó na garganta. E o que mais me atormentava não era apenas o corpo escultural que ela carregava, não era só a mulher em si. Era o que ela representava. Ela estava longe do meu alcance. Ela não era alguém que eu pudesse ter com facilidade. Eu, Bruce Gutiérrez, dono de um império de fazendas, hotéis e restaurantes, o homem que dominava o mundo ao meu redor, estava sendo derrotado por uma funcionária que parecia ser um desastre ambulante. E isso me irritava.

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Eu voltei ao restaurante mais vezes. Não por causa da comida, mas porque ela estava lá. E não conseguia tirar os olhos dela, nem por um segundo. Queria vê-la trabalhar, queria provocá-la, e a cada encontro, a cada palavra ríspida que saía da minha boca, meu desejo por ela só aumentava. Eu, um homem acostumado a comandar e ter o controle de tudo, não tinha o controle sobre o que estava acontecendo dentro de mim quando ela estava perto. E isso me enfurecia.

Levei Demetria para o restaurante, não por gostar dela, mas porque queria que Luce visse que eu não estava interessado nela. Era uma atitude infantil, eu sabia. Um homem de trinta e cinco anos, com um patrimônio que valia mais do que tudo o que ela poderia conquistar na vida, agindo como um adolescente. Mas não consegui evitar. Luce estava em minha mente o tempo todo, 24 horas por dia. Ela me consumia, e quanto mais eu tentava afastar, mais ela ficava presente, de uma maneira que eu não entendia.

Eu não sabia o que fazer com essa atração que sentia por ela. Não sabia como lidar com a frustração que se formava dentro de mim, com a sensação de que algo em Luce estava quebrado, como um cristal frágil que poderia se despedaçar ao menor toque. E a ideia de ser o responsável por quebrá-la, de ser aquele homem que a destrói por completo, me deixava inquieto. Eu não precisava de uma mulher. Não precisava dela. E, ainda assim, ali estava ela, entrando nos meus pensamentos, desafiando minha natureza, mexendo com minhas emoções.

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⏰ Última atualização: Nov 15 ⏰

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