• Sexta, 16h

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Anne passou o resto da noite refletindo sobre a resposta de Gabriel. Ele não só aceitou o aumento no preço como parecia imune a qualquer provocação que ela tentava. Isso estava começando a mexer com ela, mas ela não iria baixar a guarda. Se ele queria jogar, ela ia jogar pesado.

Na manhã seguinte, Anne estava no estúdio, organizando os materiais para o dia, quando Clara entrou com seu típico jeito despreocupado.

— Bom dia pra quem tá gostando de ser perseguida por um ator gostoso, quer dizer, famoso! — Clara brincou rindo, jogando a bolsa no balcão e se acomodando no sofá de espera.

Anne revirou os olhos e tentou se concentrar no trabalho, mas não podia negar que a presença de Gabriel em sua vida, mesmo que só virtual por enquanto, estava cada vez mais constante.

— Eu não tô gostando. Ele é irritante pra caralho, Clara. Acha que pode tudo e que o mundo gira ao redor dele — Anne respondeu, tentando soar indiferente.

Clara riu, claramente se divertindo com o desconforto da amiga.

— Sei, sei. Só que você também não tá parando de falar dele, então talvez tenha algo mais aí... — provocou, levantando as sobrancelhas de forma sugestiva.

Antes que Anne pudesse responder, o celular vibrou no bolso. Ela pegou o aparelho e, adivinha só? Era Gabriel de novo. Dessa vez, uma mensagem direta.

**@GuevaraGabriel**: "Sexta, 16h. Fechado?"

Anne mordeu o lábio inferior, irritada com a persistência. Era uma batalha de vontades, e ela odiava como ele parecia estar sempre um passo à frente.

Ela digitou uma resposta rápida.

**@AnneInkTattoos**: "Vai ser no meu tempo, Guevara. Te aviso quando tiver horário. Relaxa."

Colocando o celular de lado, ela olhou para Clara, que já estava observando a cena com uma expressão de "te peguei".

— Ele vai aparecer na sexta — Anne disse, como se fosse óbvio.

— E você vai fingir que não tá minimamente interessada, né? — Clara deu uma piscadela e se levantou, se aproximando do balcão. — Olha, amiga, eu sei que você tá com raiva porque ele acha que pode te dobrar, mas... por que não usa isso a seu favor?

Anne suspirou, cruzando os braços.

— Já tô fazendo isso, aumentando o preço, atrasando as respostas. Mas é difícil. Parece que ele não se importa. Isso me deixa puta, Clara. Ele simplesmente aceita tudo, como se já soubesse que vai vencer no final.

Clara deu um sorriso esperto.

— Porque ele tá acostumado a conseguir o que quer. A questão é: até onde você quer ir nesse joguinho? Tá disposta a perder o controle só pra ver o que ele vai fazer?

Anne ponderou por um momento. Era uma boa pergunta. Gabriel estava jogando, mas será que ela também não estava? Será que parte de si não estava se divertindo com o desafio, mesmo que fosse irritante?

Antes que pudesse responder, o celular vibrou novamente, e Anne pegou o aparelho, já esperando outra provocação. Mas, dessa vez, era diferente.

**@GuevaraGabriel**: "Sabe de uma coisa? Esquece o estúdio. Eu quero te ver fora desse ambiente de trabalho. Vamos tomar um café. Hoje."

Anne encarou a mensagem por alguns segundos, o coração acelerando. Ele estava indo além, levando o jogo para um nível mais pessoal. E, por mais que ela quisesse dizer um sonoro "não", algo a fez hesitar.

Clara, que já estava espiando a conversa por cima do ombro de Anne, arregalou os olhos.

— Ele te chamou pra sair? Cara, esse jogo tá ficando interessante! — Clara deu uma risadinha, claramente animada com o desenrolar da situação. — O que você vai fazer?

Anne travou, indecisa. Por um lado, ela não queria dar esse gostinho a ele. Mas, por outro, havia algo tentador naquela proposta. Talvez fosse a chance de realmente entender o que Gabriel queria — ou, quem sabe, virar o jogo de vez.

Ela respirou fundo, tentando manter o controle, e finalmente respondeu.

**@AnneInkTattoos**: "Café? Você tá achando que vai me conquistar com um encontro barato? Não tô à venda, Guevara."

Menos de um minuto depois, ele respondeu.

**@GuevaraGabriel**: "Nunca disse que você tava à venda. Só tô te dando uma chance de me conhecer melhor. Talvez você descubra que nem sou tão insuportável assim."

Anne soltou um suspiro de exasperação, mas, lá no fundo, sabia que ele estava conseguindo o que queria. Ela estava curiosa, e isso a irritava profundamente.

Clara, que observava cada reação de Anne com interesse, deu um sorriso maroto.

— Você vai. Tenho certeza.

— Não vou — Anne rebateu, cruzando os braços.

— Vai sim. Porque, se não for, vai passar o resto do dia se perguntando o que teria acontecido. E você odeia ficar com dúvidas — Clara afirmou, jogando-se no sofá novamente. — Além disso, não é como se você fosse se apaixonar por ele de uma hora pra outra, né? É só um café.

Anne fechou os olhos por um momento, tentando pensar com clareza. Talvez Clara estivesse certa. Talvez aceitar o convite fosse uma forma de tomar controle da situação. Afinal, era só um café.

Ela abriu o celular de novo e digitou.

**@AnneInkTattoos**: "Café hoje, 18h. Mas se você der uma de babaca, eu levanto e vou embora. Sem segunda chance."

Ela enviou a mensagem e se virou para Clara, que abriu um sorriso vitorioso.

— Sabia que você não ia resistir — Clara disse, triunfante.

Anne riu, meio nervosa.

— Vamos ver quem vai sair ganhando dessa. Porque uma coisa é certa: se ele acha que isso vai ser fácil, tá muito enganado.

E, assim, o jogo continuava.

Sin límites - Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora