Entre Sombras e Instintos

Prólogo

A escuridão era densa e sufocante, pairando sobre tudo como um lembrete constante de que, para aqueles que viviam na obscuridade, a luz estava sempre fora de alcance. O ar era frio e opressor, impregnado pelo cheiro de mofo e metal enferrujado, enquanto as sombras das estruturas ao redor pareciam se alongar e se retorcer, como se fossem criaturas vivas. As paredes, úmidas e cobertas por musgo, pareciam absorver qualquer som, deixando o ambiente pesado, onde até mesmo um sussurro parecia ser engolido pela escuridão. Esse era o cenário que envolvia Jungkook e Jimin, um reflexo cruel de seus próprios mundos internos quebrados e atormentados.

No centro dessa escuridão, a organização Eclipse crescia, alimentando-se de medo, poder e alianças forjadas nas sombras. A Eclipse manipulava o ambiente com mão de ferro, controlando o comércio ilegal, subornando autoridades e garantindo que ninguém escapasse de seu alcance. Seus líderes teciam alianças sombrias com outros grupos poderosos, muitas vezes oferecendo proteção em troca de submissão ou eliminando rivais que ousassem desafiar sua autoridade. O poder da Eclipse era mantido não apenas pela força bruta, mas também pela manipulação calculada das emoções e desejos das pessoas ao seu redor, transformando aliados em peões dispostos a qualquer coisa para manter sua posição ou garantir sua sobrevivência.

Para sobreviver ali, era preciso ser mais do que forte. Era preciso ser implacável. Como no dia em que Jungkook teve que eliminar um antigo aliado que planejava trair a Eclipse. Ele se lembrou da frieza necessária para olhar nos olhos daquele homem e dar a ordem fatal, sabendo que qualquer fraqueza poderia significar o fim de sua liderança. Não havia espaço para hesitação, apenas a certeza de que era ele ou o inimigo. E esse era o mundo que Jungkook e Jimin aprenderiam a chamar de seu.

Jimin tinha apenas quatorze anos quando seu pai, Minhyuk, de rosto duro e palavras afiadas como facas, o entregou a Sanghoon. Minhyuk era um homem ambicioso, obcecado por poder e status, e via o filho não como uma pessoa a ser protegida, mas como um recurso a ser explorado. A traição foi motivada por uma promessa de ascensão social e proteção, algo que Minhyuk cobiçava desesperadamente. Ele acreditava que sacrificar Jimin era um preço aceitável para assegurar sua posição, mostrando uma frieza calculista que nunca hesitou em colocar seus interesses acima de qualquer laço familiar.

A transação foi simples, como se ele não passasse de uma mercadoria. Eles estavam em um escritório escuro, mal iluminado por uma lâmpada amarelada que balançava levemente no teto. Minhyuk falava em voz baixa, suas palavras frias cortando o ar enquanto Sanghoon observava Jimin com um olhar predatório, como se já estivesse calculando o quanto poderia quebrá-lo. Ao redor, alguns dos capangas de Sanghoon estavam presentes, seus rostos sem expressão, reforçando a sensação de desamparo e isolamento que Jimin sentia. O som abafado de risadas e vozes ao fundo tornava a cena ainda mais surreal, como se o sofrimento dele não passasse de um detalhe insignificante em meio ao mundo sombrio da Eclipse.

Aquele homem que deveria protegê-lo, o vendia agora em troca de favores e status. Sanghoon, o Alfa que o reclamou, não escondia seu sadismo, deixando claro desde o primeiro toque que Jimin não teria escolha. Naquela noite, o cheiro de álcool e sândalo de Sanghoon misturou-se ao terror do jovem ômega, uma memória que se tatuaria na mente dele como uma cicatriz profunda. Jimin sentiu seu corpo inteiro enrijecer, o estômago revirando em náusea, enquanto o toque áspero do Alfa queimava em sua pele como ferro em brasa. Suas mãos tremiam e os joelhos ameaçavam ceder, mas ele lutava contra a fraqueza, tentando não deixar transparecer o medo que pulsava em cada fibra de seu ser. O coração batia tão forte que parecia ecoar em seus ouvidos, e sua respiração, curta e entrecortada, mal conseguia acompanhar o pânico crescente. Cada segundo daquela noite se arrastava, e a sensação sufocante de impotência o envolvia, como se estivesse se afogando em seu próprio desespero.