• Não sou sua

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Anne estava começando a perceber que, quando se tratava de Gabriel, seu autocontrole estava em jogo. Ele conseguia fazer ela perder a calma de um jeito que ela nunca imaginou ser possível. Mas naquela noite, ela estava decidida a jogar o jogo dele, e talvez até virar a situação a seu favor. Só que, claro, ela não tinha calculado o quanto Gabriel estava disposto a provocá-la até que ela perdesse as rédeas completamente.

O bar estava lotado, a música estava alta e a noite estava tomando um rumo inesperado. Ela sabia que estava ali para manter a pose, para manter a calma, mas o calor que Gabriel estava colocando no ambiente estava começando a afetá-la mais do que ela gostaria de admitir. Então, o que ela fez? Bebeu. E bebeu mais uma dose. E outra. Até que o que parecia ser uma simples provocação se transformou em algo que ela não sabia controlar.

Gabriel estava ali, observando tudo com aquela expressão de quem tinha o controle total da situação. Ele sabia que ela estava jogando, mas talvez não soubesse que, ao fazer isso, estava mexendo com algo mais do que ela poderia controlar. Ele parecia se divertir com cada resposta dela, com cada farpa lançada no ar. Mas, ao contrário do que ele pensava, Anne não estava perdendo o controle... ainda.

Ela se sentou novamente no balcão, e o garçom trouxe outra bebida para ela, como se soubesse o que ela queria antes mesmo de pedir. Ela olhou para Gabriel com aquele sorriso torto, a mente meio embaçada, mas ainda cheia de atitude.

— Você não cansa, não, Gabriel? — Ela falou, desafiando, mas com um leve tom bêbado na voz.

Gabriel riu, olhando-a como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.

— Cansar de quê, Anne? De te provocar? Nunca. Você fica mais interessante assim, sabia? Esse seu jeitinho meio fora de controle.

Anne deu uma risada abafada, fazendo um gesto com a mão como se tivesse se livrado de uma mosca.

— Ah, que ótimo. Agora sou só mais uma diversão, é isso? — Ela não estava totalmente sóbria, mas sabia que o sarcasmo podia ser uma arma. — Você é bom em me provocar, mas aposto que não consegue fazer nada além disso.

Ela estava deixando as palavras saírem sem pensar, sem medir as consequências. Estava se permitindo estar fora de si, de alguma forma. E ela sabia que estava começando a errar. A cada gole, o jogo ficava mais pesado, e ela estava se deixando levar. Não era ela. Normalmente, era cuidadosa, controlada. Mas ali, naquela noite, ela estava decidida a se entregar ao caos.

Gabriel a observava com interesse renovado, se aproximando dela, agora mais íntimo do que antes.

— Eu não posso fazer nada além disso, hein? — Ele sussurrou, quase com um tom de zombaria. — Mas você parece tão vulnerável agora, Anne. Esse seu lado bêbado... Eu nem sabia que existia.

Ela deu uma risada quase nervosa, tentando não demonstrar que ele tinha acertado em cheio. Mas os olhos dele estavam ali, focados nela, e isso só a deixava mais irritada. Ela se levantou, um pouco mais vacilante do que o normal, e deu um passo na direção dele.

— Não me venha com essa, Guevara. Eu sou bem mais do que você imagina — ela falou, tentando se manter firme. Mas a verdade é que a bebida estava começando a agir, e ela estava começando a se perder no que queria dizer.

Gabriel a observava com uma expressão calculista. Ele estava claramente se divertindo, e isso a irritava ainda mais. Ela podia ver aquele sorriso de canto de boca, como se ele estivesse esperando um momento como aquele.

— Você é mais do que eu imagino, né? Eu adoraria ver mais disso. Me diz, o que você quer, Anne? Eu estou aqui, pronto para te dar o que você quiser.

Ela olhou para ele com os olhos meio embaçados, mas o que ela sentiu foi um impulso. Ela queria provar que não estava completamente sob o controle dele. Queria dar o troco, mesmo que soubesse que estava se colocando em uma posição vulnerável.

Com a mente mais bagunçada do que deveria, ela deu um passo para mais perto dele, sua voz mais baixa e tensa.

— Eu não preciso de você, Gabriel. Eu sou melhor sozinha. Você não vai me ter, não assim — ela tentou ser firme, mas sua voz falhou um pouco no final.

Gabriel sorriu mais uma vez, mas agora algo mudou em seu olhar. Não era apenas diversão. Ele parecia... curioso. Como se ele tivesse acertado alguma coisa. Como se tivesse encontrado o ponto fraco dela. Ou, talvez, ele estivesse apenas gostando de vê-la tão desconcertada.

— Ah, mas você me tem, Anne. Não percebeu ainda? Você está aqui, provocando, tentando me desafiar. Está claro que você quer mais, só não sabe como lidar com isso. — Ele deu um passo para mais perto, sua presença dominante no espaço. — E, pelo jeito, está começando a se deixar levar.

Ela balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos confusos que estavam invadindo sua mente. Ela não podia se render, não podia deixar que ele soubesse o quanto ele estava mexendo com ela. Mas, com a bebida entrando em seu sistema, tudo estava ficando cada vez mais difícil de controlar.

— Não... não é assim — ela murmurou, com um sorriso desajeitado. — Eu não sou sua.

Mas Gabriel estava muito mais perto agora, e ela podia sentir a tensão entre eles. Ele estava se aproximando mais, quase desafiando-a a se afastar ou a se render. E, antes que ela pudesse pensar melhor, ele sussurrou, sua voz quente e provocadora:

— Ah, mas você está, Anne. Você está me deixando tão fácil.

Ela queria resistir, queria dizer algo, mas o único som que saiu de seus lábios foi um suspiro pesado, misturado com a sensação crescente de que ela estava perdendo a batalha — ou, pior, começando a gostar disso.

Naquele momento, tudo o que ela queria era poder voltar para casa e esquecer que tinha ido tão longe nesse jogo.

Sin límites - Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora