Anne acordou com a cabeça explodindo, o estômago revirado, e uma névoa densa cobrindo suas memórias da noite anterior. Ela abriu os olhos devagar, o quarto girando ao seu redor, enquanto ela tentava se lembrar do que tinha acontecido. Um flash da boate, o som da música, e... Gabriel.
Ela franziu o cenho, forçando-se a levantar da cama, mas a dor de cabeça a fez cambalear um pouco. "Porra", murmurou para si mesma, sentindo o peso da ressaca. Andou até o banheiro, onde jogou água fria no rosto, tentando acordar. Mas, quanto mais tentava se concentrar, mais percebia que havia um enorme vazio em sua mente. O que diabos tinha acontecido?
Ela voltou para o quarto e pegou o celular que vibrava na cômoda. Uma notificação do Instagram piscava na tela. **Mensagem de Gabriel Guevara**. Aquilo fez seu estômago afundar.
— O que será que ele quer? — ela murmurou, já sentindo uma onda de ansiedade se formando. Clicou na mensagem e foi surpreendida logo de cara.
**Gabriel**: "Então, você sempre beija assim quando está bêbada ou foi algo especial?"
Anne arregalou os olhos. **Beijar?** Ela? **Gabriel**?
Ela piscou algumas vezes, esperando que o cérebro acompanhasse a informação. Não fazia sentido. O último flash de memória que ela tinha era dele se aproximando, as provocações, mas... beijo? **Não.** Ela não faria isso.
**Anne**: "Você está falando sério ou só tentando me zoar?"
Ele demorou apenas alguns segundos para responder, o que a fez sentir que ele estava curtindo cada segundo dessa confusão.
**Gabriel**: "Claro que estou falando sério. Você me puxou, e aí... bom, o resto você já sabe."
Anne sentiu o coração acelerar, misturado com uma vontade insuportável de gritar. Como ela não lembrava de algo assim? Pior ainda, **por que ele estava tão tranquilo com isso?**
**Anne**: "Eu não faria isso. Você deve estar inventando. O que você ganha com essa mentira?"
Dessa vez, ele mandou um áudio. Ela apertou o play com os dedos trêmulos.
— Anne, Anne... — a voz dele soou baixa, com uma pitada de provocação —, você realmente não lembra de nada, né? Talvez eu deva te refrescar a memória em algum momento, mas vou te deixar com essa dúvida por agora.
Ela cerrou os punhos, sentindo a mistura de raiva e constrangimento crescer dentro de si. **Ele estava brincando com ela, como sempre fazia.** Ela odiava isso, odiava o controle que ele parecia ter sobre a situação. E o pior de tudo: ele estava gostando.
Mas, ao mesmo tempo, algo dentro dela mexia com a ideia de não lembrar de um momento tão íntimo. Beijar Gabriel? O cara que mais a irritava, que sempre sabia exatamente como fazê-la se perder? Era demais.
Anne respirou fundo, tentando não se deixar afetar. Abriu a conversa de novo, pronta para responder algo que o colocasse no lugar.
**Anne**: "Tá, mas se foi você quem me beijou, então deve ter sido horrível. Por isso apaguei da memória."
Ela apertou enviar, esperando que ele sentisse o golpe. Mas, claro, Gabriel não se deixaria vencer tão fácil.
**Gabriel**: "Engraçado você dizer isso, já que foi você quem não queria parar..."
Anne soltou um grunhido de frustração. Ele estava se divertindo com aquilo, e ela sabia que, se desse mais corda, ele iria continuar. Mas ao mesmo tempo... e se fosse verdade? O simples pensamento dela ter deixado suas barreiras caírem daquela forma, ainda mais com ele, era irritante. Mas também... intrigante.
Antes que ela pudesse pensar em uma resposta adequada, o celular tocou. **Clara**.
— Anne! — A voz animada de Clara encheu a linha, e Anne fechou os olhos, já prevendo o interrogatório que viria. — Quero saber tudo! Como foi com o Gabriel ontem?
— É... eu não sei, Clara. — Anne suspirou, passando a mão pelo rosto, ainda tentando organizar os pensamentos. — Acho que eu bebi demais e, segundo o próprio Gabriel, a gente... a gente se beijou.
Houve uma pausa do outro lado da linha, seguida por uma risada alta e incrédula.
— **Como é?** — Clara quase gritou. — Você beijou o Gabriel Guevara e não lembra?
— Exatamente! — Anne exclamou, ainda confusa e frustrada. — E o pior é que ele está aproveitando para me provocar com isso, e eu não sei se é verdade ou se ele está me zoando.
Clara soltou um suspiro exagerado.
— Amiga, você está numa situação complicada. Mas, sinceramente? Isso é a cara dele. Claro que ele vai te provocar com isso até você enlouquecer. Ele adora te deixar fora de controle. Mas, e aí? Você acha que pode ter rolado de verdade?
— Eu não sei! — Anne quase gritou, exasperada. — Eu não lembro de nada depois de algumas bebidas. E ele fica insinuando que eu fui atrás, que não queria parar. Mas isso não parece comigo!
— Não parece... mas também, considerando o tanto de faísca que rola entre vocês, eu não duvidaria. — Clara disse com um tom malicioso.
— Para, Clara! — Anne bufou, sentindo o rosto esquentar. — A última coisa que eu quero é admitir que caí nas provocações dele. Ele vai me zoar até o fim da vida.
— Ou, você pode simplesmente não deixar ele vencer. — Clara sugeriu, com um tom mais sério. — Use isso a seu favor. Se ele acha que tem controle, vire o jogo. Você não precisa lembrar de nada pra deixar ele no escuro também.
Anne ficou em silêncio por um momento, digerindo as palavras da amiga. Clara tinha razão. Ela não precisava ficar na defensiva. Se Gabriel estava tão convencido de que tinha o controle, por que não fazê-lo duvidar também?
— Sabe de uma coisa? — Anne disse, sentindo um sorriso se formar em seus lábios. — Você está certa. Ele acha que me tem nas mãos, mas talvez seja hora de eu bagunçar o jogo.
— Essa é a Anne que eu conheço! — Clara comemorou. — Agora vai lá e mostra pra ele que você não é qualquer uma.
Anne desligou a ligação e voltou para a conversa com Gabriel. Ela encarou a tela por alguns segundos antes de digitar sua resposta.
**Anne**: "Se foi tão bom assim, uma pena que você seja o único que lembra. Quem sabe a próxima vez não seja mais... memorável?"
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Sin límites - Gabriel Guevara
Fanfic•Enemies to Lover • Tattoo • Espanha • Brigas • Palavrões • Drogas Lícitas e Ilícitas se isso te interessa, então veio para a fanfic certa