A noite chegou rápido, e Anne se pegou olhando para o espelho pela terceira vez em meia hora. Ela não costumava ficar nervosa, mas sabia que a noite com Gabriel seria mais um round do jogo insuportavelmente irresistível entre eles. Aquele jogo em que nenhum dos dois estava disposto a perder, e cada provocação, cada palavra, tinha que ser bem calculada.
Ela ajeitou o cabelo e respirou fundo, tentando ignorar o nó no estômago. Não era medo. Era... expectativa. Uma parte dela odiava admitir, mas a tensão entre ela e Gabriel a deixava ligada, como se estivesse sempre prestes a acontecer algo que ela não conseguia controlar.
**Clara** apareceu na porta do quarto, observando Anne com um sorriso malicioso.
— Eu nem acredito que você vai encontrar o Gabriel de novo. Você quer mesmo entrar nessa, amiga? Ele vai te provocar até você enlouquecer.
Anne riu, revirando os olhos.
— Clara, eu já estou enlouquecendo faz tempo. E ele que se prepare, porque hoje eu vou jogar no mesmo nível.
Clara sorriu, mas havia um brilho de preocupação em seus olhos.
— Só toma cuidado. Ele é o tipo de cara que sabe como mexer com a cabeça das pessoas. Você pode achar que está no controle, mas com ele, é sempre imprevisível.
Anne bufou, pegando o celular e a chave do carro.
— Eu sei o que estou fazendo, Clara. Confia em mim.
Mas enquanto dizia isso, algo dentro dela sabia que as coisas poderiam sair de controle naquela noite. Gabriel tinha um jeito de deixá-la sem defesas, e embora ela tentasse manter a postura, era difícil ignorar a atração crescente. **Ela não podia cair no jogo dele**. Não assim.
**•••**
Quando Anne chegou ao bar onde combinaram de se encontrar, Gabriel já estava lá. Ele estava encostado casualmente no balcão, com aquele sorriso confiante no rosto, como se já tivesse ganho. E era exatamente isso que a irritava — a certeza de que ele sempre estava no comando.
Ela entrou com um sorriso leve, tentando parecer despreocupada. Ele a viu, e o olhar predatório de Gabriel fez o coração de Anne disparar, mas ela não ia deixar isso transparecer.
— Parece que alguém chegou na hora certa pela primeira vez — Gabriel brincou, virando-se de frente para ela.
— Surpresa, né? — Anne respondeu com sarcasmo. — Achei que você ia querer me provocar por eu estar atrasada, então decidi te deixar sem munição.
Ele riu, aquele riso baixo e rouco que ela já conhecia bem.
— Não se preocupe, eu ainda tenho bastante munição. Mas vamos deixar isso para mais tarde.
Ela se sentou ao lado dele, sinalizando para o garçom. Sentia os olhos de Gabriel sobre ela, analisando, medindo suas reações. Anne precisava manter a calma. Não podia demonstrar o quanto ele a afetava.
— E então, o que você planejou para essa revanche? — Anne perguntou, virando-se para ele com uma sobrancelha arqueada.
— Ah, vamos fazer simples hoje. Nada de bebida para você fugir das memórias amanhã — Gabriel disse com um sorriso debochado. — E quanto ao que eu planejei... você vai descobrir aos poucos. Não sou do tipo que entrega tudo de uma vez.
Anne deu uma risada curta, tentando não deixar que o comentário dele a afetasse. Claro que ele jogaria com isso — as memórias borradas da noite anterior, o mistério sobre o beijo. Ela precisava virar o jogo.
— E você é do tipo que gosta de prometer coisas que não cumpre, então? — Anne provocou, pegando o copo de água que o garçom trouxe. — Porque até agora, tudo que eu vi foi muita conversa e pouca ação.
Gabriel ergueu as sobrancelhas, claramente se divertindo com a provocação. Ele inclinou o corpo um pouco mais perto dela, de forma quase imperceptível, mas Anne sentiu o calor de sua presença.
— Se eu fosse você, não subestimaria minhas ações, Anne. Eu sei exatamente o que estou fazendo.
A tensão no ar ficou palpável. A proximidade entre os dois era desconcertante, e Anne lutava para manter a cabeça no lugar. **Ela não podia deixar Gabriel vencer**, mas sabia que estava jogando um jogo perigoso.
Anne tomou um gole da água, decidida a manter a postura.
— Veremos, Guevara. Porque até agora, só vejo um cara com medo de perder.
Gabriel soltou uma risada baixa, quase um desafio.
— Medo? Eu? Acho que você está projetando, Anne. Porque quem não se lembra de uma noite importante aqui não sou eu.
Ela estreitou os olhos, mas antes que pudesse responder, ele se levantou do banco de forma casual.
— Vamos jogar uma sinuca — ele disse, pegando um taco na mesa ao lado. — Quem perder a primeira rodada paga a próxima rodada de... refrigerante.
Anne riu, se levantando também.
— Ah, vamos nessa, Guevara. Mas já vou avisando, eu sou melhor do que você pensa.
— Aí que está, Anne. Eu nunca subestimei você. — Gabriel sorriu, e a maneira como ele olhou para ela fez com que sua pele formigasse.
Eles começaram a jogar, e enquanto a partida se desenrolava, as provocações continuavam. Gabriel era bom, isso ela admitia. Mas ela também não estava disposta a dar o braço a torcer. Cada jogada era acompanhada por um comentário sarcástico, uma troca de olhares carregada de tensão. A cada movimento, a distância entre eles parecia diminuir, como se a sinuca fosse apenas uma desculpa para algo maior.
Quando Anne deu uma tacada, errando por pouco, Gabriel se aproximou, passando a mão pelo taco dela, ajeitando a postura dela com uma desculpa qualquer. Ela sentiu a respiração dele perto demais, as mãos dele tocando de leve os braços dela, e por um momento, o jogo foi esquecido.
— Talvez você precise de mais prática, Anne — ele murmurou, a voz rouca, enquanto a provocava com a proximidade.
Anne sentiu a tensão subir pela espinha, mas se virou para encará-lo, os rostos próximos o suficiente para que ela pudesse sentir o cheiro de seu perfume.
— Ou talvez você só precise de mais desafios. — A resposta saiu mais baixa do que ela planejava, mas o efeito estava ali. A provocação, a tensão. E ela sabia que Gabriel sentia isso tanto quanto ela.
Por alguns segundos, o tempo pareceu parar. Ambos se encaravam, como se o próximo movimento fosse crucial. Anne sentia o coração bater forte, e a proximidade dele era quase insuportável. Mas antes que algo acontecesse, Gabriel deu um passo para trás, um sorriso cheio de malícia nos lábios.
— Vamos ver quem termina primeiro, Ferreira. — Ele disse, como se nada tivesse acontecido, voltando ao jogo.
Anne respirou fundo, tentando voltar a se concentrar. **Era só um jogo**. Mas a cada minuto que passava, ela sabia que estava se envolvendo mais do que deveria. E Gabriel estava ciente disso.
No fim da partida, Gabriel ganhou por uma bola de diferença. Anne bufou, frustrada, mas no fundo sabia que aquela rodada de sinuca era só uma desculpa para o verdadeiro jogo que estava rolando entre eles.
Quando ele se virou para ela, o sorriso presunçoso ainda no rosto, Anne sabia que ele tinha algo a mais em mente.
— Acho que você me deve um refrigerante agora. — Ele disse, piscando de forma provocativa.
— Vamos ver se você aguenta mais uma rodada, Guevara. Porque eu não desisto tão fácil. — Anne respondeu, o sorriso desafiador voltando aos seus lábios.
Ll
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sin límites - Gabriel Guevara
Fanfiction•Enemies to Lover • Tattoo • Espanha • Brigas • Palavrões • Drogas Lícitas e Ilícitas se isso te interessa, então veio para a fanfic certa