• Real? Ou não?

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Anne acordou com o coração disparado, o corpo quente e a mente confusa. Ela piscou algumas vezes, tentando ajustar a visão, como se o quarto estivesse se movendo ao seu redor. O cheiro familiar do travesseiro, o som da respiração tranquila, tudo parecia tão normal... mas o que ela sentia por dentro não estava nem um pouco normal.

O beijo. Aquele beijo. Ela podia ainda sentir os lábios de Gabriel sobre os dela, o calor da sua boca, a tensão elétrica que parecia ter envolvido cada célula do seu corpo. O beijo tinha sido tão real, tão vívido, que ela sentiu como se tivesse acontecido de verdade. Como se tivesse sido a coisa mais real no mundo.

Mas quando ela olhou para o lado, viu seu celular na cabeceira da cama, o ambiente calmo e silencioso. QUE PORRA TA ACONTECENDO? ERA APENAS UM SONHO?

Ela se sentou na cama, colocando uma mão sobre a testa. O que estava acontecendo com ela? Por que ela sonhou com isso? Gabriel Guevara o cara insuportável, o provocador, o cara que estava sempre jogando com as palavras e com as emoções dos outros. Ele jamais faria algo assim.

Anne esfregou os olhos, tentando afastar o sonho da mente. Mas a sensação daquele beijo ainda estava muito vívida, como se ele tivesse acontecido há minutos, não horas. O calor, o toque da mão dele na sua nuca, o jeito que ele a puxou para si com uma urgência tão intensa. Ela ainda podia ouvir a voz dele, grave, sussurrando no seu ouvido.

"Eu não sei mais como lutar contra isso."

Ela balançou a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos. Era só um sonho, nada mais. Uma fantasia. Não havia nada de real nisso.

Ela se levantou da cama, o suor ainda grudento nas palmas das mãos. Olhou-se no espelho e tentou focar no que realmente importava. **Hoje era dia de trabalho.** O estúdio estava esperando, e ela não podia ficar perdendo tempo com isso.

Mas sua mente não a deixava em paz. Enquanto tomava o café da manhã, Gabriel estava em cada pensamento, em cada canto da sua mente. Como se, de alguma forma, ele tivesse invadido seu sonho, ou... talvez sua realidade. Ela não sabia mais. Tudo estava confuso.

E foi nesse momento que o celular vibrou na mesa. O nome na tela fez seu estômago revirar: *Gabriel Guevara*.

**Não, não pode ser.** Ela hesitou antes de tocar na tela. O que ele queria agora? O que ele estava pensando?

Ela abriu a mensagem, e o coração quase parou.

*"Aquela noite não terminou como eu imaginava. Podemos conversar?"*

Anne sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo, a tensão voltando com força. Ele queria conversar? Conversar sobre o quê? Sobre o que havia acontecido no sonho? Ou ele estava falando sério?

Ela mordeu o lábio, sem saber o que responder. A última vez que tinham se encontrado, as coisas estavam... *complicadas*. Não, não era só complicado, era um jogo perigoso que os dois estavam jogando, onde as regras não estavam claras.

*"Não, Gabriel. Você não pode simplesmente aparecer na minha vida desse jeito, especialmente depois de tudo o que aconteceu. Eu não sou apenas mais uma mulher para você."*

Anne sabia que isso não era bem o que ela sentia. Mas também sabia que, se fizesse isso, ela estava se entregando demais. E ela não estava pronta para isso. Não com ele.

Mas algo nela, uma parte que ela estava tentando ignorar, queria ceder. Queria mais. Queria saber o que ele queria dizer. Queria entender aquela tensão entre eles.

Ela finalmente digitou uma resposta, com os dedos trêmulos:

*"O que você quer, Gabriel?"*

O que ele queria de verdade? Porque Anne não sabia mais o que estava acontecendo.

A resposta veio quase instantaneamente:

*"Eu não sei, Anne. Só sei que... aquele beijo não pode ser só um sonho."*

Anne ficou em choque. Ele estava dizendo o quê? O que ele queria com ela? Eles estavam indo muito longe com esse jogo, muito mais do que ela estava preparada para lidar.

Ela olhou para a tela do celular e teve a sensação de que tudo estava saindo do controle. O sonho não era só um sonho. E o que ele disse não era apenas mais uma provocação. **Era real.**

Gabriel estava começando a fazer com que ela questionasse tudo o que ela sabia sobre ele, sobre si mesma.

E, mais do que nunca, ela estava começando a sentir que não tinha o controle de nada. Que o jogo deles tinha mudado.

Ela se levantou do sofá, indo até o espelho, olhando fixamente para sua imagem refletida. **O que eu estou fazendo?** Ela pensava. **Eu estou me apaixonando por ele?**

A dúvida apertava seu peito, mas ela não tinha respostas. Não para as perguntas sobre Gabriel. E, mais importante, **não para as perguntas sobre si mesma.**

Anne sabia que, no momento em que ela visse Gabriel novamente, o jogo começaria de novo. Mas dessa vez... talvez não fosse mais um jogo.

Ela respirou fundo e fechou os olhos.

Sin límites - Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora