• Marihuana y bebida

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Anne estava completamente perdida. Ela não sabia o que fazer com as palavras de Gabriel, com o jeito vulnerável que ele tinha se mostrado. E, mais do que nunca, não sabia o que fazer consigo mesma. **Ele mexeu com ela de uma forma que nenhum homem tinha conseguido antes.** Era como se Gabriel tivesse invadido seu espaço mais protegido, aquele que ela mantinha sempre fechado a sete chaves.

Depois de sair do bar, com o gosto amargo da indecisão ainda presente na boca, Anne precisava de alguma coisa para acalmar a mente, alguma coisa que a fizesse esquecer o peso daquela conversa. Ela se sentia presa entre o desejo de se entregar e o medo de estar caindo em uma armadilha que só a machucaria no final. Gabriel era um labirinto emocional, e ela estava se perdendo lá dentro.

Pegou o celular e, sem pensar muito, mandou uma mensagem para Clara:

*"Preciso sair. Tá afim?"*

Não demorou mais de cinco minutos para Clara responder:

*"Claro! Preciso de uma folga também. Nos encontramos no bar de sempre?"*

Anne soltou um suspiro de alívio. **Perfeito.** Uma noite bebendo, curtindo e talvez esquecendo. Isso é exatamente o que ela precisava.

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Já no bar, Clara estava esperando na entrada, com aquele sorriso divertido que sempre trazia uma sensação de leveza para Anne. Clara tinha um jeito de lidar com as coisas que fazia tudo parecer menos complicado, e era disso que ela precisava agora.

— Amiga, o que aconteceu? — Clara perguntou enquanto elas se abraçavam. — Você tá com uma cara de quem viu um fantasma.

Anne deu um meio sorriso, tentando disfarçar.

— Acho que eu tô mais pra alguém que *beijou* um fantasma, ou algo assim — ela murmurou, mais para si mesma.

— *O quê?!* — Clara arregalou os olhos, já animada. — Conta tudo!

Mas Anne não estava pronta para contar os detalhes. Não agora. Ela só queria desligar, entorpecer um pouco os sentidos.

— Hoje, a gente só vai beber, fumar e esquecer. Nada de papo sério, ok? — Anne disse, puxando Clara para dentro do bar.

Elas foram direto para o balcão, pediram uma rodada de tequila, e, logo, Anne já sentia o calor da bebida descendo pela garganta, acendendo uma pequena chama no fundo do seu estômago. Clara falava sobre algo relacionado ao trabalho, mas Anne não conseguia prestar atenção. Sua mente estava presa no último olhar de Gabriel, na promessa não dita entre eles. **Por que isso estava afetando tanto ela?** Ela nunca deixava ninguém mexer com suas emoções desse jeito.

Depois da terceira dose, Clara puxou algo do bolso — um pequeno cigarro enrolado com precisão.

— Preciso disso depois da semana infernal que tive — disse Clara, dando uma piscadela.

Anne olhou para o cigarro de maconha, hesitou por um segundo, mas, sem pensar duas vezes, pegou da mão de Clara e deu a primeira tragada. O gosto amargo invadiu sua boca, e, logo, ela sentiu o efeito começar a tomar conta, relaxando seus músculos e embotando seus pensamentos.

— Você tá bem? — Clara perguntou, notando a expressão distante de Anne.

Anne soltou a fumaça lentamente, olhando para o vazio.

— Não sei... Sabe quando parece que você não tem mais controle de nada? Como se tudo que você estivesse segurando escapasse pelas suas mãos, e você ficasse sem saber o que fazer?

Clara a encarou com preocupação.

— Anne, o que tá rolando? É sobre o Gabriel, né? Eu vi aquele sorriso de *bastardo gostoso* no rosto dele quando você falou do beijo.

Anne riu sem humor.

— Ele mexeu comigo, Clara. Mas eu não sei se é real, entende? Ele é... complicado. Eu sou complicada. E agora eu tô me sentindo uma idiota por ter deixado isso me afetar desse jeito.

Clara a observou por um momento, como se tentando entender exatamente o que estava se passando pela cabeça de Anne.

— Olha, eu sei que ele não parece o cara mais confiável do mundo — Clara disse, dando uma tragada profunda —, mas eu nunca vi você assim por ninguém. Talvez... talvez ele seja diferente.

Anne balançou a cabeça, a confusão ainda pesando em sua mente.

— Eu não posso me deixar cair nesse buraco, Clara. Não com ele.

Clara deu de ombros, como quem diz que a decisão é de Anne. E, enquanto a conversa ia ficando mais leve, o efeito da maconha e do álcool começou a pegar com força. Anne riu mais do que normalmente faria, e, a cada tragada, sentia os pensamentos sobre Gabriel se afastando mais e mais. **Era disso que ela precisava.**

Quando as luzes do bar começaram a parecer mais fortes e as risadas de Clara ecoavam como se viessem de longe, Anne tomou a decisão impulsiva que não sabia que estava prestes a tomar.

— Vamos sair daqui — ela disse, de repente, sentindo a necessidade de se afastar de tudo, de todos.

Clara, já meio bêbada, concordou rapidamente. Elas saíram cambaleando pelas ruas, sem rumo. O vento fresco da noite bateu no rosto de Anne, e, por um breve momento, ela sentiu que estava flutuando. A confusão ainda estava lá, mas ela havia conseguido sufocá-la com fumaça e álcool.

Só que, conforme as horas passaram e a adrenalina foi diminuindo, Anne percebeu que estavam andando sem destino. As ruas desertas, as luzes esparsas, tudo parecia estranho e distante, como se ela estivesse fora do próprio corpo.

— Onde diabos a gente tá? — Clara perguntou, olhando ao redor.

Anne parou de andar, finalmente percebendo que não fazia ideia de onde estavam. Seu coração acelerou por um instante, a realidade começando a voltar, e com ela, os pensamentos sobre Gabriel. Tudo o que ela tentou enterrar, entorpecer, agora voltava como uma avalanche.

Ela encostou em uma parede qualquer, tentando respirar fundo, mas a mente estava confusa demais, e o corpo, mole.

— Eu tô fudida, Clara... Tô fudida de verdade... — Anne murmurou, o olhar vazio.

Clara se aproximou, segurando-a pelos ombros.

— Vamos voltar pra casa, ok? A gente resolve isso depois. Agora só precisamos chegar em casa.

Anne assentiu, mas sabia que não seria tão simples assim. **Porque, por mais que ela conseguisse sair daquele lugar, não tinha como escapar da confusão que Gabriel plantou dentro dela.**

Enquanto Clara chamava um táxi, Anne fechou os olhos por um instante, deixando a brisa da noite bater em seu rosto.

Sin límites - Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora