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Rosamaria suspirou, passando a mão pelo cabelo enquanto olhava para a porta de entrada, preocupada com o horário. Ela estava inquieta, e Flávia, sentada no sofá, observava a situação com um olhar de compreensão misturado com uma pontinha de irritação. Rosamaria estava claramente incomodada com a demora de S/N, mas Flávia sabia que o problema ia além disso.
— Amor, você percebeu como falou com ela mais cedo? — Flávia finalmente disse, direta. — Do jeito grosso que foi, você achou mesmo que ela não ia se sentir ferida?
Rosamaria desviou o olhar, constrangida. Ela sabia que tinha se exaltado ao falar com S/N antes de sair para o treino, e talvez isso tivesse contribuído para a ausência dela agora. Flávia continuou:
— A gente vive exposta, Rosa. Somos duas atletas conhecidas, estamos sempre na mídia, no foco. Mas a S/N… ela gosta de ser discreta. Pra ela, todo esse agito é complicado. Ela tem outra forma de viver e pensa diferente.
— Eu sei… — Rosamaria respondeu, com um toque de frustração. — É que às vezes eu sinto que ela fica distante, que quer se esconder de tudo… e isso me deixa insegura.
Flávia se levantou e caminhou até Rosamaria, segurando suas mãos.
— Ela não está tentando se esconder de você, meu amor. — Flávia disse com a voz calma. — Ela só precisa de um pouco mais de privacidade.
— E se ela não voltar hoje? — Rosamaria murmurou, a voz trêmula de preocupação.
— Ela vai voltar. — Flávia sorriu de leve. — Só precisa de um tempo pra esfriar a cabeça. Amanhã, converse com ela com calma. Peça desculpas, diga o quanto você se preocupa e a ama.
Rosamaria assentiu, os ombros relaxando um pouco, enquanto Flávia lhe envolvia em um abraço reconfortante.
Rosamaria apagou as luzes da sala e estendeu a mão para Flávia, que a aceitou sem hesitar. Ela estava exausta, o treino daquele dia tinha sido pesado, mas a mente dela não parava de girar em torno de S/N. Enquanto subiam para o quarto, Rosamaria sentia uma mistura de culpa e angústia que parecia pesar mais que o cansaço físico.
Ao deitar-se na cama, Rosamaria puxou Flávia para perto, como se buscasse consolo em sua presença. Ela envolveu Flávia em um abraço apertado, o rosto enterrado na curva de seu pescoço. Apesar da proximidade com a outra namorada, era S/N quem ocupava seus pensamentos.
— Será que ela vai voltar? — Rosamaria perguntou baixinho, quase como um sussurro, mas carregado de vulnerabilidade.
Flávia, acostumada a ver Rosamaria como uma fortaleza inabalável, sentiu o coração apertar. Ela sabia o quanto S/N era importante para Rosa, e aquela dependência emocional que a jogadora tinha por suas namoradas a deixava ainda mais preocupada.
— Ela vai voltar, Rosa. — Flávia respondeu com firmeza, mas suavizando a voz. — S/N te ama. Ela só precisa de um tempo. Mas quando ela voltar, você precisa mostrar pra ela o quanto se arrependeu. Não dá pra resolver isso só com um beijo, você sabe.
Rosamaria assentiu lentamente, o cansaço agora misturado com a angústia da espera.
— Eu fui tão grossa com ela… Tudo o que eu queria agora era beijar ela, abraçar, mostrar o quanto eu a amo. — Sua voz falhou no final, quase se quebrando.
Flávia passou a mão suavemente pelos cabelos de Rosa, tentando tranquilizá-la.
— Vai dar tudo certo, meu amor. Mas lembra, o amor dela não é algo que você deve tomar como garantido. Ela precisa saber que você valoriza quem ela é. Amanhã, vocês vão resolver isso juntas.