❪ 𝟎𝟑 ❫ 𝒫𝑹𝑶𝑭𝑨𝑵𝑬.

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𝗉𝗋𝗈𝗏𝗈𝖼𝖺𝖼̧𝖺̃𝗈

A manhã nasceu em tons suaves, os primeiros raios de sol filtrando-se pelas janelas do convento

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A manhã nasceu em tons suaves, os primeiros raios de sol filtrando-se pelas janelas do convento. O toque de um sino distante anunciou o início de um novo dia. Acordei lentamente, o frescor da manhã se misturando à sensação reconfortante do tecido da coberta. 

Eu senti que Megan realmente havia me dito a verdade quando disse que eu me habituaria, e eu podia sentir essa leveza com mais força agora. Mas, de alguma forma, ainda me sentia presa a noite anterior, a melodia do órgão e a presença inquietante do padre Charlie, como uma sombra densa pairando sobre mim, misturando-se a sensação de que algo sempre me observava onde quer que eu fosse.

Inspirei profundamente, me levantando para um novo dia. Assim que terminei meu ritual matinal, ouvi uma batida suave na porta. Ao abrir, me deparei com o sorriso caloroso de Megan, seus olhos castanhos brilhando, como se já fôssemos boas amigas de infância. Com um movimento suave, ela indicou que eu a seguisse, pois a missa estava prestes a começar.

Os corredores pareciam mais longos pela manhã, o silêncio absoluto criando uma sensação de calmaria. Megan, sempre paciente, caminhava ao meu lado, explicando os detalhes da rotina do convento. Enquanto ela falava, percebi o quão à vontade ela parecia ali, mesmo em um lugar tão intrigante. Diferente das outras irmãs, que evitavam conversas ou sequer olhavam nos olhos, Megan irradiava uma alegria que destoava da quietude do lugar.

Mas, a inquietação não me abandonava. À medida que atravessávamos os corredores, algo parecia diferente. Era como se sombras se movessem nas bordas da minha visão. De vez em quando, eu olhava para trás, mas nunca via nada. Apenas o vazio.

── Aqui, Adeline, é onde ficamos durante as orações noturnas. Sempre em silêncio. ── Ela apontou para uma sala mal iluminada, as paredes adornadas com imagens de santos.

Assenti, mas não pude deixar de pensar que o silêncio ali não parecia uma escolha, e sim uma imposição.

── Megan. ── Sussurrei, sem saber como começar. ── O padre Charlie... Você já falou com ele?

Ela hesitou por um momento, seus passos diminuindo.

── Falei, claro. Ele é o responsável por todos nós. Por quê a pergunta?

Olhei ao redor, certificando-me de que estávamos sozinhas.

── Não sei explicar... ── Suspirei. ── Ontem, na capela, ele parecia tão... distante. E depois, ele simplesmente desapareceu, diante dos meus olhos.

O sorriso de Megan diminuiu, e ela olhou para os lados antes de continuar, se aproximando de mim, como se quisesse confessar um segredo.

── O padre é... reservado. Muitos diriam que ele é intenso. Nunca o questione, isso não costuma terminar bem.

Houve um silêncio desconfortável. Suas palavras me deixaram confusa, eu queria perguntar mais, mas algo na expressão dela me deteve. O sino do convento soou novamente, anunciando que a missa começaria, e ela me puxou em direção a capela.

𝐇𝐀𝐔𝐍𝐓𝐄𝐃, 𝑐𝘩𝑎𝑟𝑙𝑖𝑒 𝑚𝑎𝑦𝘩𝑒𝑤Onde histórias criam vida. Descubra agora