• Louco

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Anne caminhava pelas ruas da cidade, o vento frio batendo contra sua pele enquanto a adrenalina corria por suas veias. O silêncio da madrugada era quebrado apenas pelos sons dos seus próprios passos e o eco das mensagens trocadas com Gabriel, ainda frescas em sua mente. **Cada palavra que ele havia escrito parecia cutucar algo profundo dentro dela, algo que ela não queria admitir.**

Ela olhou para o celular mais uma vez. **"Então, o que vai ser, Anne? Vai continuar correndo ou vem logo acabar com essa merda?"** A resposta estava ali, clara, mas a pergunta a consumia por dentro. Ela não sabia o que queria mais: socar Gabriel ou beijá-lo até perder o fôlego. **A linha entre ódio e desejo estava cada vez mais turva.**

Conforme se aproximava da esquina que ele havia mencionado, o nervosismo a dominava. Não sabia o que esperar. Gabriel sempre a surpreendia, e isso a irritava tanto quanto a atraía. Quando dobrou a esquina, lá estava ele, encostado casualmente em uma moto, como se aquele encontro fosse a coisa mais normal do mundo. A jaqueta de couro preta, o olhar arrogante e aquele sorriso de quem sempre sabe o que está por vir. **Droga, ele sabia como provocar até com a postura.**

Gabriel levantou o olhar ao perceber a presença dela, seu sorriso aumentando como se já soubesse que ela viria. **Ele nunca duvidou, e isso a irritava ainda mais.**

— Achei que ia continuar fugindo, Anne. — Ele disse, a voz carregada de sarcasmo, enquanto dava um passo em direção a ela.

— Eu não tô fugindo de porra nenhuma. — Anne respondeu com mais firmeza do que realmente sentia. **Ela estava nervosa, confusa, mas não ia deixar que ele percebesse isso.** — Mas parece que você adora brincar com a cabeça das pessoas.

Gabriel deu uma risada baixa, balançando a cabeça. **Ele sempre ria daquele jeito, como se soubesse algo que ela não sabia, e isso fazia o sangue de Anne ferver.**

— Eu? Brincar? Você é que gosta de complicar as coisas, Anne. — Ele parou a poucos centímetros dela, os olhos brilhando sob a luz fraca da rua. — A gente podia resolver isso de um jeito muito mais fácil, mas você gosta desse jogo, não gosta?

— Que jogo, Gabriel? — Ela o encarou, tentando manter a postura, mas a proximidade dele a desconcentrava. **Ela conseguia sentir o cheiro da loção pós-barba misturada com o perfume dele, e isso a deixava zonza.** — Você tá sempre provocando, sempre me tirando do sério. O que você realmente quer?

Gabriel inclinou a cabeça, analisando-a por um momento, como se estivesse considerando a pergunta. **Ele parecia gostar de mantê-la naquele estado constante de confusão, sempre incerta de qual seria o próximo movimento.**

— Eu já te disse, Anne. — Ele disse, a voz suave, mas com uma ponta de desafio. — Eu quero ver até onde você vai. Até onde você consegue me acompanhar.

Anne sentiu a raiva borbulhar novamente. **Ele estava jogando, e ela sabia disso.** Mas parte dela estava cansada de fugir. **Cansada de tentar entender algo que, no fundo, ela não queria mais resistir.**

— Você acha que é engraçado, né? — Ela deu um passo à frente, seus olhos fixos nos dele. **A tensão entre os dois estava quase palpável agora, como uma corda esticada ao máximo.** — Ficar brincando comigo, me provocando, achando que tem tudo sob controle.

Gabriel sorriu, um sorriso que fez o estômago de Anne revirar. Ele estava mais perto agora, tão perto que ela conseguia sentir o calor do corpo dele.

— Não é uma questão de controle, Anne. — Ele murmurou, a voz baixa, quase um sussurro. — É uma questão de saber o que você realmente quer. E eu acho que você já sabe.

Ela o encarou, sentindo o coração martelar no peito. **Por que ele sempre conseguia deixá-la assim? Tão furiosa e ao mesmo tempo tão atraída?**

— E o que você acha que eu quero? — Anne desafiou, levantando o queixo, recusando-se a recuar.

Gabriel não respondeu imediatamente. Ele a observou por mais alguns segundos, os olhos escuros refletindo a intensidade da situação. Então, sem aviso, ele ergueu a mão e colocou uma mecha de cabelo dela atrás da orelha, o toque suave, mas carregado de intenção. **Ela prendeu a respiração por um segundo.**

— Você quer o mesmo que eu. — Ele disse, a voz rouca, o olhar fixo nos olhos dela. — Você só não quer admitir.

Anne sentiu o corpo inteiro formigar. **As palavras de Gabriel eram como uma faísca em um barril de pólvora.** Ela queria negá-lo, queria gritar que ele estava errado, mas não conseguiu. Não naquele momento. **Porque parte dela sabia que ele estava certo.**

Ela se afastou um passo, tentando recuperar o controle que sentia escorregar pelos dedos. **Mas Gabriel estava muito perto, e ela estava muito vulnerável.**

— Você tá louco. — Anne disse, mas sua voz saiu fraca, sem a força que ela queria transmitir.

Gabriel apenas sorriu, aquele sorriso de quem já venceu a batalha. Ele deu mais um passo à frente, e Anne recuou até sentir as costas baterem na parede atrás dela. **Ele a tinha encurralado, literalmente e emocionalmente.**

— Talvez eu esteja, Anne. — Ele murmurou, a boca perigosamente perto da dela. **A tensão entre os dois era quase insuportável agora.** — Mas você sabe que tá na mesma situação. Você só precisa admitir.

Anne o encarou, o coração batendo descontrolado. **Ela queria empurrá-lo, gritar, fazer qualquer coisa para sair daquela situação. Mas, ao mesmo tempo, ela queria muito mais do que isso.** Queria sentir. Queria ceder, só por uma vez.

— Você é um idiota, Gabriel. — Ela sussurrou, as palavras saindo sem força, enquanto olhava diretamente nos olhos dele.

Ele não respondeu. Em vez disso, Gabriel abaixou o rosto até o dela, seus lábios a milímetros de distância. **Ela podia sentir o calor da respiração dele contra a sua pele, e tudo dentro dela gritava.**

Mas, ao invés de beijá-la, ele parou ali, quase provocando, com os olhos ainda fixos nos dela. **O silêncio foi esmagador, a espera sufocante.**

— Diz que não quer, Anne. — Ele desafiou, a voz baixa, um toque de provocação no tom. — Diz que não tá morrendo de vontade de me beijar.

Anne sentiu o rosto queimar de raiva e desejo, a mistura perfeita entre querer socar Gabriel e puxá-lo para si. Mas ela sabia que ele estava fazendo aquilo de propósito. **Ele estava esperando que ela cedesse primeiro.**

— Você... — Ela começou, a voz falhando.

Gabriel sorriu de canto, os olhos intensos, quase se divertindo com a confusão dela.

— Eu espero, Anne. Porque eu sei que você vai ceder.

Sin límites - Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora