• Longe de você

1 0 0
                                    

Anne ficou paralisada por alguns segundos, com as palavras de Gabriel ecoando em sua cabeça. **Diz que não tá morrendo de vontade de me beijar.** A provocação dele era como uma faísca pronta para incendiar tudo, e ela estava ali, no limite entre explodir de vez ou ceder àquele desejo que vinha a corroendo há dias.

Mas seu orgulho não permitiria. Não agora.

Ela riu, uma risada forçada, tentando dissipar a tensão que ainda pairava no ar.

— Você se acha muito, não é? — Ela disse, o tom de voz carregado de sarcasmo. **A verdade era que ele estava certo, mas ela jamais daria esse gostinho.**

— Eu só sei o que vejo, Anne. — Gabriel respondeu, a voz rouca, os olhos fixos nos dela, sem desviar por um segundo. **Ele estava se divertindo com aquilo, com o controle que parecia ter sobre a situação.**

Anne sentiu uma onda de raiva passar por seu corpo. **Ele sempre conseguia fazer isso — deixá-la à beira do colapso, entre o ódio e o desejo.** A vontade de socar Gabriel se misturava com a urgência de puxá-lo para perto, de tomar o que ele tanto provocava. Mas ela precisava manter o controle.

— Eu não vou ceder a essa sua merda de joguinho. — Anne finalmente disse, empurrando o peito dele levemente para criar distância, mas Gabriel nem se mexeu.

— Você fala como se já não estivesse dentro dele. — Ele respondeu com um sorriso provocante, não se afastando um milímetro. **Ele sabia exatamente o que estava fazendo e o quanto isso a desarmava.**

— Tá sonhando, Guevara. — Ela tentou desviar o olhar, mas não conseguia. **Os olhos dele a prendiam, como se estivessem desafiando-a a recuar.**

— Talvez eu esteja. — Ele deu de ombros, despreocupado, mas o sorriso em seu rosto denunciava que ele sabia muito bem o impacto que estava causando nela. — Mas a questão é... até quando você vai resistir?

Anne apertou os punhos, tentando conter a frustração que estava prestes a explodir. Ela tinha duas opções: podia ir embora e deixar Gabriel com aquele maldito sorriso de vitória, ou podia enfrentá-lo e acabar com aquilo de uma vez por todas.

— Quer saber? Vai se foder, Gabriel. — Ela disparou, finalmente conseguindo se afastar dele, dando alguns passos para trás.

Gabriel ergueu uma sobrancelha, ainda com o sorriso de canto.

— Achei que você ia usar outra palavra... tipo "beija" — ele provocou.

Ela revirou os olhos, sentindo o rosto esquentar. **Ele estava jogando com ela de novo, mas dessa vez não ia cair tão fácil.**

— Você não é tão irresistível quanto pensa, idiota. — Ela disparou, virando-se de costas para ele e começando a andar em direção à saída da rua. **Precisava sair de lá antes que fizesse algo de que se arrependeria.**

Ela ouviu os passos dele atrás dela e, por um momento, pensou que ele ia deixá-la ir. Mas não, Gabriel nunca a deixava ter a última palavra.

— Anne, espera aí. — Ele chamou, e ela parou, mas não se virou. **O orgulho ainda segurava seus pés no chão, mas o corpo queria se virar, encarar Gabriel de novo.**

— O que foi agora? — Ela perguntou, impaciente, ainda de costas para ele.

— Você pode continuar fugindo, fingindo que não sente nada. — A voz dele estava mais suave agora, sem a provocação de antes, mas ainda carregada de uma intensidade que ela não conseguia ignorar. — Mas a verdade é que uma hora ou outra, vai ter que admitir, Anne.

Ela fechou os olhos, respirando fundo. **Ele estava certo, e isso a incomodava mais do que qualquer coisa.** Era por isso que ela bebia, fumava, se perdia nas ruas de madrugada — tudo para evitar enfrentar o que sentia por ele.

Sin límites - Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora