• Babaca

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Gabriel se jogou no sofá do seu apartamento, exausto, mas com a mente a mil. Ele não conseguia tirar a Anne da cabeça, o jeito que ela o desafiava a cada frase, como se estivesse sempre pronta para atacar. **Ela era uma porra de enigma, e ele odiava o fato de estar tão obcecado por isso.**

Passou a mão pelo cabelo, ainda tentando processar o que tinha acontecido mais cedo. Ele sabia que tinha apertado os botões certos, que a tinha provocado até o limite. **Ela estava ali, a um segundo de ceder, e ele quase conseguia sentir o gosto da vitória.** Mas, ao mesmo tempo, havia algo mais naquele jogo. Algo que o confundia.

Gabriel sempre tinha controle. Sempre sabia exatamente o que fazer para conseguir o que queria. **Mas com Anne, era diferente.** Não era só atração, não era só o desejo de vencê-la naqueles embates diários de farpas e olhares intensos. Era algo que ele não queria admitir para si mesmo. Algo que o assustava.

Pegou o celular no bolso, encarando a tela por alguns segundos, como se esperasse que alguma resposta surgisse ali. O nome de Anne estava no topo das conversas recentes, a última mensagem dela ainda aberta. Ele relia as palavras, tentando entender o que se passava na cabeça dela.

— "Longe de você" — ele murmurou para si mesmo, repetindo o que ela havia dito antes de ir embora.

Ela podia fingir o quanto quisesse que não estava sentindo nada, mas ele sabia a verdade. **Ele via nos olhos dela, na forma como ela reagia, que aquela batalha estava longe de acabar.** E, para ser honesto, Gabriel não queria que acabasse. O conflito entre eles era o que o mantinha interessado, o que o fazia voltar sempre para aquele jogo perigoso.

Ele respirou fundo, deixando o celular de lado, tentando se concentrar em outra coisa, qualquer coisa que não fosse Anne. Mas cada pensamento, cada cena daquele dia, o trazia de volta para ela. **O olhar dela, o jeito que ela cruzava os braços, sempre tão defensiva, como se ele fosse o único capaz de atravessar suas barreiras.**

"Foda-se", ele pensou, levantando-se do sofá com irritação. **Não era pra ser assim. Ele não deveria estar tão mexido por alguém que, em teoria, ele mal conhecia.** Mas lá estava ele, preso naquela espiral de provocações e sentimentos que não fazia sentido.

Caminhou até a cozinha, abriu a geladeira e pegou uma cerveja. Precisava de algo para esfriar a cabeça, algo que o fizesse esquecer aqueles malditos olhos castanhos que o encaravam desafiadoramente a cada instante. **Mas a cada gole, era como se a imagem dela ficasse mais nítida.**

Decidido a parar de se torturar, Gabriel pegou o celular de novo. **Ele precisava ver onde aquilo iria dar, precisava testá-la mais uma vez.** Ele sabia que Anne estava se segurando, e parte dele queria empurrá-la ao limite. Não sabia bem por quê — se era por diversão ou algo mais.

Ele abriu o Instagram e procurou o perfil dela. A foto dela apareceu na tela, e ele passou o dedo pelas imagens. A cada foto, era como se estivesse redescobrindo partes dela, pedacinhos que ela mostrava ao mundo, mas que ele ainda não conhecia totalmente.

Então, sem pensar demais, mandou uma mensagem:

**Gabriel:** "E aí, já cansou de fugir?"

Ele encarou a tela, esperando que ela não respondesse imediatamente. Sabia que Anne era imprevisível, que poderia ignorar ou responder com outra farpa afiada. E isso o deixava ainda mais impaciente.

Minutos se passaram, e a notificação não apareceu. **Ela provavelmente estava ignorando, ou talvez estivesse pensando na próxima provocação.** Ele soltou uma risada baixa, imaginando a expressão dela ao ler a mensagem.

"Talvez eu tenha pegado pesado hoje", pensou. Mas logo descartou a ideia. **Ela também o provocava sem piedade.** Era parte do que ele mais gostava nela. Era o jogo, e ambos estavam dispostos a jogar até o fim.

Mas mesmo enquanto se convencia disso, Gabriel sentia algo diferente no ar. **Talvez ele estivesse começando a perder o controle que sempre teve sobre a situação.** E isso o incomodava mais do que ele queria admitir.

Enquanto esperava, a cerveja em sua mão já estava quase no fim, mas a mente ainda trabalhava freneticamente. Ele se perguntava o que Anne estaria fazendo naquele momento. Provavelmente fumando mais um cigarro, bebendo e rindo da ironia de tudo. **Ela era imprevisível, e era isso que o deixava tão intrigado.**

A campainha tocou, interrompendo seus pensamentos. Gabriel franziu o cenho, não esperando ninguém a essa hora. Colocou a cerveja na mesa e foi até a porta.

Ao abri-la, deu de cara com Clara, a melhor amiga de Anne.

— Oi, babaca — Clara disse com um sorriso sarcástico. — Precisamos conversar.

Sin límites - Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora