• Então, se prepara.

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Gabriel encarou Clara, tentando disfarçar a surpresa de vê-la ali na porta do seu apartamento. **Clara era o tipo de pessoa que chegava sem avisar, e ele já imaginava que a presença dela ali não era boa notícia.**

— O que você tá fazendo aqui? — ele perguntou, cruzando os braços e se apoiando no batente da porta. Clara levantou uma sobrancelha, jogando os cabelos para o lado com aquele jeito provocador que ela sempre tinha.

— Tá na cara que você tá mexendo com a Anne de um jeito que não deveria — ela disse, entrando sem ser convidada. — E eu vim aqui pra deixar bem claro que, se você ferrar com a cabeça dela mais do que já tá ferrada, vai se ver comigo.

Gabriel fechou a porta atrás dela, rindo internamente. **Clara sempre foi protetora com Anne, e ele sabia que qualquer coisa que envolvesse a amiga mexia com ela.**

— Relaxa, Clara. Anne sabe se cuidar sozinha — ele falou, jogando-se de volta no sofá e abrindo outra cerveja. **O tom despreocupado era proposital, porque ele sabia que isso a irritava.**

Clara cruzou os braços, o olhar dela afiado como uma faca. **Ela não estava ali para brincadeiras.**

— É mesmo? Porque do jeito que ela tava hoje, você não parece ter essa noção — ela rebateu, andando pela sala, observando tudo ao redor. — Eu não tô falando só como amiga, Gabriel. Tô falando porque conheço ela melhor do que você. E sei que você tá mexendo com ela de um jeito que ninguém mexe.

Gabriel tragou um gole da cerveja, tentando ignorar o incômodo que as palavras de Clara traziam. **Ela tinha razão em uma parte — ele estava mexendo com Anne de um jeito que nem ele próprio conseguia entender totalmente.** Mas ele não ia admitir isso tão fácil.

— Você tá exagerando — ele respondeu, dando de ombros. — A Anne me provoca o tempo todo também. É um jogo, só isso. Não precisa ficar preocupada.

Clara soltou uma risada curta, cínica.

— Jogo? Você acha que isso é um jogo? — Ela balançou a cabeça. — Você não faz ideia de quem ela é, né? Do que ela passou? Se você soubesse metade, não estaria aí sentado, brincando com as emoções dela como se fossem brinquedos.

Gabriel fechou a expressão. **O tom de Clara começou a irritá-lo mais do que ele gostaria.** Ele sabia que Anne tinha um passado complicado, mas Clara não estava ali para desenterrar isso com ele. **Era pessoal demais, e Gabriel sempre evitou se envolver tão profundamente nas vidas das pessoas.**

— Isso é entre mim e ela — ele falou, mais sério. — Você pode ser a melhor amiga dela, mas não tem nada a ver com isso.

Clara deu dois passos à frente, os olhos dela brilhando com uma mistura de raiva e frustração.

— Eu faço parte disso, porque quando você der um fora nela, adivinha quem vai ter que juntar os pedaços? — Clara disparou, com a voz firme. — Eu tô cansada de ver os caras chegarem, mexerem com ela, e depois irem embora como se nada tivesse acontecido. Se você vai fazer o mesmo, Gabriel, é melhor dar meia-volta agora.

**As palavras de Clara acertaram Gabriel mais do que ele esperava.** A ideia de "dar um fora" em Anne ou tratá-la como os outros caras a tratavam o incomodava. **Ele não era assim, e sabia disso.** Mas, ao mesmo tempo, não conseguia negar que tudo entre eles estava ficando mais intenso e fora de controle.

— Eu não sou esses caras — ele rebateu, agora olhando diretamente nos olhos de Clara.

Clara o encarou por alguns segundos, avaliando se ele estava falando a verdade. Então, ela suspirou, um pouco da raiva desaparecendo de sua expressão, mas o olhar ainda afiado.

— Eu espero que não seja, Gabriel. Porque se você for... — ela deu de ombros, deixando o resto da ameaça no ar, mas a mensagem era clara.

Ela começou a caminhar em direção à porta, mas antes de sair, se virou e lançou uma última olhada para ele.

— E só pra constar, ela não vai ficar tão calada por muito tempo. Então, se prepara.

Assim que a porta se fechou, Gabriel soltou um suspiro longo. **Clara não estava brincando, e isso o deixava ainda mais confuso sobre como agir.** Ele tinha provocado Anne até o limite, e sabia que estava brincando com fogo. Mas ao mesmo tempo, algo nele queria ver até onde essa tensão os levaria.

Pegou o celular de novo, olhando para o nome de Anne nas mensagens. Ele estava prestes a digitar algo, mas parou. **Será que era mesmo hora de apertar mais aquele botão?**

Balançou a cabeça, largando o celular de lado, e respirou fundo.

— Porra, o que eu tô fazendo? — murmurou para si mesmo, antes de levantar e ir até a varanda. Precisava de ar. Precisava clarear a mente antes que se afundasse ainda mais nesse jogo que estava começando a escapar do controle.

Mas uma coisa era certa: **Anne estava muito mais próxima da sua mente do que ele queria admitir.** E aquilo só significava uma coisa — em breve, as provocações iam explodir de vez.

Sin límites - Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora