31 - Una famiglia falsa è come un castello di sabbia.

483 31 2
                                    

31 - Uma família falsa é como um castelo de areia.

VALENTINA

As luz do sol parece que não ilumina, a cidade está coberta por uma lama gosmenta. Está frio, e sinto a boca seca. Tento falar, mas a voz não sai. Sinto o coração acelerar, e tendo buscar alguma referência de onde estou. Parece que estou na frente da casa do meu pai, mas como se estivesse na América. Onde estou, afinal? Ando pela cidade, mas parece que é uma mistura de vários lugares. Não vejo pessoas, e está um silêncio absoluto. Tento gritar, mas é inútil. A voz não sai. Ao fundo começo a ouvir um voz abafada. Corro em direção do som, mas ja estou ficando assustada. Conforme vou me aproximando, me sinto mais tonta. A voz também vai ficando mais nítida, então eu não consigo parar. Vou chegando lentamente para não ser vista, e vejo uma jovem brincando em um balanço. Tudo está tão escuro, e sujo. Sinto medo, mas ela parece se divertir sozinha. O som que eu ouvia, eram suas risadas. Sem perceber, vou me aproximando dela. Ela sente a minha presença, para de forma abrupta e coloca os pés no chão. Ainda está de costas para mim, com o balanço em suas mãos, mas de alguma forma sinto seus olhos em mim. Um frio percorre todo o meu corpo. Ela vai virando calmamente seu rosto em minha direção, e sorri. A garota se parece muito comigo quando mais nova, mas seus olhos são violeta. Os nossos olhos se encontram, e imediatamente sinto uma conexão. Ela ainda parece má, mas agora eu já não sinto tanto medo.

- Eu sei que você gostou da sensação. — ela declara olhando em meus olhos, e de repente solta a risada mais macabra que eu já havia ouvido.

Sinto um medo absurdo novamente, meu instinto é de fugir, mas me sinto presa. Quero gritar, mas a voz não sai. Não tenho controle do meu corpo, e de repente até respirar virou um desafio. Fecho os olhos com força em desespero, e quando abro me vejo deitada no chão, no meio de uma sala escura. Percebo que estou em uma posição que dificulta que eu respire, mas não consigo me mexer. A situação vai me deixando mais apavorada, e a respiração fica cada vez mais impossível. Meu Deus! O que está havendo comigo? Me sinto consciente, mas meu corpo não responde. Depois de alguns minutos me angustiando, que mais parecem eternidades, sinto meu corpo caindo e acordo em desespero.

- Que pesadelo foi esse? Meu Deus! Que sensação horrível. — apesar do desespero, sinto um forte sensação de alívio. Me arrasto até o canto, e me sento encostada na parede. Me sinto cansada, pareceu tão real.

Eu nem sei ainda se matei Victor, mas os meus demônios já vieram me visitar. Olho em volta, tentando recobrar a consciência. A sala já estava iluminada pela luz do sol. O dia e a noite passaram, e ninguém veio me ver. Estou em uma sala de interrogatório, que tem apenas uma mesa e duas cadeiras. Dormi no chão, estou com dores, e já não aguento mais segurar a bexiga. Também ja cansei de gritar por socorro. Sinto fome, sinto sede. Estou a beira da loucura. Tento me agarrar em minhas certezas para agir de forma consciente.

Escutei alguns guardas conversando sobre as câmeras não mostrarem exatamente o que ocorreu. Para a minha sorte, eles estão tendo dificuldade de entender o que houve. Provavelmente por isso ninguém veio ainda. Até entendo. O que diriam? Percebo que essa situação também é complicada para eles. Eu venho de uma família muito conhecida, e influente. — Rio irônica... penso que seja mais influente até do que eu mesma possa imaginar. — Ao menos isso me deixa um pouco tranquila, na medida do possível. Se tivessem certeza da minha culpa, ja teriam se livrado de mim. Enquanto houver dúvidas sobre minha inocência, será burrice me matar.

Minha morte é com certeza uma chave dourada para iniciar a guerra. E nem digo só pela minha família. Tenho mais medo dos Ferraras. Sei que tudo o que eles mais querem, é um bom motivo para explodir a máfia do norte. O Antonio sozinho mesmo, já tentou iniciar um conflito direto várias vezes. Me irrito só de lembrar dele. Ele é tão cheio de si, que não consegue analisar as consequências dos seus atos. Uma guerra agora seria ruim para todos. Meu peito aperta, e torço para que meu plano tenha dado certo. Tive que agir no improviso, mas eu não poderia arriscar. Deixar meu filho nesse lugar tornaria tudo ainda mais difícil e perigoso. Não me importo o que façam comigo, mas com certeza ele seria meu ponto fraco. Eu só espero que o Antonio saiba cuidar do nosso filho. Não queria que fosse dessa forma, mas chegou a hora dele assumir o que deveria ter feito à anos atrás. — Meu Deus, será que ele vai reconhecer que é seu filho? Eles são tão parecidos, que me irrita. E o nome que eu escolhi... será que ele vai lembrar? — Eu queria ser uma mosca para ver a sua reação. Ele estava sempre com a boca tão cheia para falar daquela maldita história de traição, que nem foi capaz de cogitar o mais óbvio. Antonio sempre foi assim, buscando respostas nos lugares errados. Se acha tão maravilhoso, que não acredita como que eu teria ido embora com esse belo motivo para ficar. Mas foi justamente para fugir dele que eu fui embora.

A DAMA DA MAFIA - livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora