Capítulo VIII - A coroação

7 2 1
                                    


Já era noite em Fazurahn, mas Gue e Dur não cessavam de montar guarda em frente ao quarto do rei Thalor. Durante todo o dia eles ficavam ali parados firmes impedindo que qualquer pessoa pudesse entrar.

— Dur, quando eu estava vindo da cozinha, depois do jantar, escutei uns dos guardas conversando...

— Não gosto de fofocas, Gue.

— Eles diziam que amanhã haverá uma coroação.

— Como assim?

— E também o funeral do rei...

Os olhos de Dur não conseguiam esconder sua surpresa e confusão. "Como haverá um funeral do rei se estamos montando guarda em seu quarto? Ninguém entrou aqui. Ele ainda está vivo!" pensava ele acreditando ser apenas um boato.

Enquanto ainda pensava sobre isto, a princesa Alira se aproximava deles com alguns guardas a acompanhando. A dupla estava confusa e queria tirar suas dúvidas com a princesa sobre os boatos que chegaram aos seus ouvidos.

— Princesa Alira, ouvimos boatos de que amanhã haverá uma coroação e que o rei está morto — disse Dur.

— Nos deem privacidade — ordenou Alira a seus subordinados para que eles se afastassem enquanto ela conversava.

— Estamos confusos com isto, princesa — disse Gue.

— A partir de amanhã vocês irão se referir a mim como soberana. Haverá uma coroação em Xurhal, a minha coroação.

— Mas o rei está vivo, princesa.

— Sim, ele está, mas está inapto para governar.

— Kal está em busca de um exorcista que possa curá-lo — disse Gue.

— Eu irei ser a rainha e o rei está morto, entenderam?

— O que está dizendo, princesa? Não estou entendendo — expressou Gue confuso.

— Não seja idiota, Gue — disse Dur. — Não percebe que isto é um golpe de estado? A princesa vai se aproveitar da ausência do rei e seu irmão para ascender ao trono.

— Você é esperto, Dur — elogiou a princesa. — Gostaria de ter alguém como você ao meu lado como guarda real.

— Me desculpe, princesa, mas não compactuarei com este ultraje. O rei ainda está vivo e irá retornar.

— Vocês serão tratados como traidores assim como Kal e serão sentenciados à forca. Ainda desejam morrer?

— Prefiro morrer, na verdade — afirmou Dur decidido.

Enquanto Dur estava decidido, Gue estava receoso. Ele sabia que era errado o que a princesa estava fazendo, mas ele se viu tentado a ficar do lado dela, prezando por sua vida. Viver do lado da princesa traindo seus princípios ou morrer por suas convicções? A decisão não era fácil.

— E você, Gue? Prefere morrer com seu amigo?

— Sinto muito, Dur — disse ele de cabeça baixa. — Eu não posso morrer ainda. Tem alguém que precisa de mim...

— Não faça isso, Gue! Não se rebaixe.

— Talvez um dia você me entenda, Dur.

— Maravilhoso, Gue — elogiou Alira. Fitando os guardas que esperavam por suas ordens, ela disse: — Prendam ele. É um traidor como Kal e será condenado à forca.

Os guardas escutando sua ordem rapidamente obedeceram e algemaram Dur que se deixou ser levado sem resistência; a decepção que ele sentia por seu amigo lhe deixou sem reação. Ele foi levado até uma sela escura e suja no porão do castelo. Ele foi preso com uma algema feita de uma joia capaz de drenar o zar. Com aquela algema o drenando constantemente, ele seria incapaz de usar qualquer habilidade para fugir de sua condenação. Foi ordenado que guardas de nível tharn o vigiasse incessantemente até o dia de sua punição.

Zallarn ExplorerOnde histórias criam vida. Descubra agora