Já havia se passado um mês desde que Gabriel se mudou para Londres. A vida de Anne havia se transformado em uma rotina de momentos divididos entre o trabalho e a saudade. Desde que Gabriel se foi, ela tentava, todos os dias, preencher o vazio que sua ausência deixava. O estúdio de tatuagem se tornara seu refúgio, um lugar onde ela conseguia se concentrar, esquecer um pouco da distância, e focar em criar. Mas, ao final de cada dia, quando as portas do estúdio se fechavam e o silêncio tomava conta da casa, era o vazio que se impunha. Então muitas vezes ela abria horário até de madrugada, para, de repente, se distrair a ponto de não sofrer tanto com a ausência de Gabriel.
Ela acordava cedo, começava o dia com uma xícara de café forte, academia e uma correria para chegar no estúdio. O som da agulha no tecido da pele, os pedidos dos clientes, as conversas descontraídas com a equipe, tudo aquilo preenchia seu tempo e a fazia sentir que ainda tinha controle sobre a situação. Mas, no fundo, sabia que o verdadeiro controle estava em aceitar que a vida de agora era diferente, que a ausência de Gabriel, por mais dolorosa, era uma realidade à qual ela precisava se acostumar.
Ela sentia a falta dele nas pequenas coisas. No café que ele sempre preparava para ela logo cedo, nas piadas que fazia para arrancar um sorriso mesmo nos dias mais difíceis. Mesmo distante, ela sabia que Gabriel tentava manter o contato, mandando mensagens curtas de vez em quando, mas não era o mesmo. Não era o toque, o olhar, ou o carinho que eles compartilhavam nos momentos em que estavam juntos. E, por mais que ela tentasse ser forte, cada dia sem ele parecia mais difícil.
Por outro lado, Gabriel estava imerso em uma rotina completamente diferente. A agenda de gravações para o filme o absorvia de uma maneira que ele não imaginava. Seus dias se resumiam a longas horas nos sets de filmagem, ensaios, gravações de cenas e jantares com os colegas de trabalho. Às vezes, ele se pegava olhando para o celular, esperando por uma mensagem de Anne, mas se forçava a seguir com o trabalho. A saudade dele era tão grande quanto a de Anne, mas ele sabia que esse era o sacrifício que ele tinha que fazer agora.
As manhãs de Gabriel começavam com uma correria parecida com a de Anne. O despertador tocava cedo, e ele já começava o dia com uma agenda lotada de compromissos. O tempo que ele passava sozinho no hotel, em seu quarto, era quando ele mais sentia a falta de Anne. Quando estava com os colegas, conversando sobre o filme ou fazendo as gravações, ele até conseguia se distrair, mas, quando estava em silêncio, a solidão vinha como uma sombra, e ele se pegava imaginando como Anne estava lidando com tudo aquilo.
O telefone de Gabriel nunca ficava muito tempo sem tocar. Ou era uma mensagem de um dos produtores, ou uma chamada da família. Mas, sempre que via o nome de Anne na tela, algo no peito dele apertava. Ele queria estar ali com ela, sentir seu cheiro, ouvir sua voz mais de perto, mas sabia que, por agora, isso não era possível.
Gabriel tentou, a todo custo, se manter focado. Ele sabia que o trabalho era temporário, que, em breve, ele estaria de volta. E, no fundo, ele sabia que a saudade que ele sentia de Anne era apenas um reflexo do quanto ela era importante para ele. Mas, o que o incomodava, o que o deixava em constante estado de alerta, era o medo de que, ao voltar, as coisas entre eles estivessem diferentes. O tempo separados poderia criar um abismo que, talvez, fosse difícil de preencher.
Anne, por outro lado, também se perguntava isso. Como seria quando Gabriel voltasse? Ela sentia que a saudade estava moldando algo dentro dela, algo que ela não conseguia compreender completamente. Ela havia se afastado de algumas coisas para focar no trabalho e se proteger da dor, mas o sentimento de que algo estava faltando era constante.
Certa noite, enquanto Anne terminava um desenho em seu estúdio, ela pegou o celular. O nome de Gabriel estava na tela, e, por um momento, ela hesitou antes de atender.
— Oi, amor. — Ela sorriu, sentindo aquele aperto no peito ao ouvir a voz dele.
— Oi, meu amor. Como você está? — Gabriel respondeu, sua voz suave, mas com uma leve tensão.
— Vou indo. O trabalho tem me ajudado a ocupar a mente. E você, como está? Está conseguindo descansar?
Gabriel riu baixinho, mas a risada não tinha a mesma energia de antes. Ele se jogou na cama do hotel, olhando para o teto.
— Sabe como é, uma correria. Não tenho muito tempo para descansar. Mas sempre que posso, penso em você.
Anne fechou os olhos, sentindo o calor das palavras dele, mesmo a distância.
— Eu também. Sinto tanto a sua falta, Gabriel. Não está sendo fácil.
O silêncio que se seguiu foi pesado, como se ambos soubessem que estavam compartilhando algo mais profundo, mais significativo. A saudade, a dor da distância, mas também a certeza de que, apesar de tudo, o amor entre eles estava ali, persistente.
— Eu sei. — Gabriel falou finalmente, com a voz mais grave. — Mas eu prometo que, quando tudo isso acabar, vou estar de volta. E a gente vai dar um jeito de fazer isso funcionar. De novo. Eu sei que a distância é difícil, mas nós dois somos mais fortes do que isso.
Anne sorriu, sentindo uma leve esperança se acender dentro de si.
— Eu vou esperar por você. Não importa quanto tempo leve.
Gabriel suspirou, aliviado, como se aquelas palavras tivessem tirado um peso de seus ombros. Ele sabia que ainda havia muito a ser enfrentado, mas também sabia que, por mais longe que estivessem, eles continuariam unidos. O que estavam vivendo agora era um teste, um desafio, mas que, no fim, só os faria mais fortes.
— Eu te amo, Anne. — Ele disse, com firmeza, e ela sentiu o peso da sinceridade naquelas palavras.
— Eu te amo, Gabriel. — Ela respondeu, com a mesma intensidade.
E, naquela noite, embora a distância separasse seus corpos, suas almas pareciam mais conectadas do que nunca. Ou pelo menos era o que ela imaginava.
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Sin límites - Gabriel Guevara
Fanfic•Enemies to Lover • Tattoo • Espanha • Brigas • Palavrões • Drogas Lícitas e Ilícitas se isso te interessa, então veio para a fanfic certa