• Distante

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**Capítulo 60 – O Silêncio de Gabriel**

O tempo foi passando, e com ele, a relação entre Anne e Gabriel parecia ir esfriando lentamente. O contato, que antes era constante, começou a se tornar cada vez mais raro. As mensagens dele, que antes eram cheias de carinho e entusiasmo, agora se resumiam a respostas curtas e impessoais, como se ele estivesse se distanciando cada vez mais.

Anne, que passava os dias em um turbilhão de emoções misturadas, tentava entender o que estava acontecendo. Ela não sabia se o trabalho estava ocupando todo o tempo de Gabriel ou se ele simplesmente estava se afastando. Mas o que ela sabia é que algo tinha mudado. A conexão que eles tinham, antes tão intensa e real, parecia estar se esvaindo, deixando um vazio crescente no coração dela.

Ela olhou para o celular, mais uma vez sem nenhuma mensagem dele. Já fazia horas desde a última vez em que conversaram, e ela não conseguia mais ignorar a sensação de frustração que tomava conta de seu peito. Quando a saudade de Gabriel se misturava com a falta de comunicação, a dúvida começava a assombrá-la.

Pegou o telefone e, com a respiração pesada, ligou para ele. O toque, que antes parecia soar como uma melodia, agora parecia um martelo batendo em sua cabeça, amplificando cada segundo de incerteza. O telefone tocava, tocava, mas a resposta nunca vinha. Ela olhou para a tela, vendo que o nome dele estava ali, piscando, esperando.

Nada. Nenhuma resposta.

Ela tentou de novo. E de novo. Mas, a cada chamada perdida, a ansiedade só aumentava.

De repente, um aviso de mensagem de voz apareceu. Era dele. O coração de Anne disparou. Ela não pensou duas vezes antes de apertar o botão para ouvi-la.

— Anne, eu... Eu tô ocupado aqui. Vamos conversar mais tarde, tá? — A voz dele estava fria e distante. Não havia o tom carinhoso de antes. Não havia o Gabriel que ela conhecia. — Beijo.

Ela ficou ali, estática, ouvindo a mensagem mais de uma vez, tentando entender a que ponto aquela situação tinha chegado. O tom seco e apressado dele cortou fundo, e a sensação de desconforto foi imediata. Ela fechou os olhos e respirou fundo, tentando controlar a onda de emoções que a invadiu.

O que estava acontecendo com ele? E, mais importante ainda, o que estava acontecendo com eles?

Nos dias seguintes, a situação não melhorou. Gabriel parecia cada vez mais ausente, distante, e a comunicação entre eles havia se tornado quase inexistente. Quando ele respondia suas mensagens, as respostas eram monossilábicas, como se ele estivesse se forçando a manter alguma interação, mas sem realmente estar presente. Anne não conseguia mais lidar com aquele silêncio, e a cada dia que passava, ela sentia a frustração tomando conta de sua paciência.

Ela sabia que ele estava distante fisicamente, mas aquele distanciamento emocional era algo com o qual ela não sabia lidar. Ela tentava não se desesperar, pensava que talvez fosse o trabalho, talvez a pressão de estar em um novo ambiente fosse algo que ele estivesse tentando processar sozinho. Mas no fundo, ela sabia que as coisas não estavam bem. Não do jeito que deveriam estar.

Anne não podia mais esperar. Ela precisava de uma explicação, e precisava de uma conversa verdadeira com Gabriel. Não podia mais continuar assim, sem saber o que estava acontecendo, sem saber se ele ainda queria aquilo tanto quanto ela.

Era tarde da noite quando ela mandou a última mensagem.

— Gabriel, precisamos conversar. Não dá mais pra ficar assim. Me responde.

Ela olhou para o celular, esperando, com o coração batendo forte no peito. Mas, assim como nos dias anteriores, a resposta não veio.

Ele não respondeu.

Sin límites - Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora