O tempo passou, e as semanas seguintes foram como um sonho que nunca queria acordar. João e eu tornamo-nos inseparáveis. Cada momento juntos era uma mistura de risos, conversas profundas e aquele silêncio confortável que só quem realmente se conhece pode entender.
Ainda assim, as noites em que nos sentávamos à beira do rio, envoltos em cobertores e estrelas, continuavam a ser as mais especiais. Mas, à medida que o inverno se aproximava, algo mudava no ar. A sua companhia trazia-me a sensação de segurança, mas algo mais profundo parecia pesar nos seus olhos, uma sombra que ele tentava esconder.
Uma tarde, ao encontrarmos-nos para um passeio, notei que João estava distraído. Os olhos dele, antes tão vivos, estavam agora turvos, e seu sorriso não tinha a mesma espontaneidade de antes.
(Eu, com preocupação) — João, está tudo bem?
Ele hesitou antes de responder, como se estivesse a escolher as palavras com cuidado.
João — Sim, só... estou a pensar em algumas coisas. Coisas do trabalho, da vida. Não te preocupes.
Mas eu sabia que ele não estava a contar toda a verdade. O silêncio entre nós cresceu, e percebi que, por mais que nos esforçássemos para manter a leveza da nossa relação, a realidade estava a fazer-se presente, com as suas dificuldades e incertezas.
Nos dias seguintes, a tensão entre nós aumentou. João parecia estar mais distante, mais fechado. Eu, por outro lado, sentia uma ansiedade crescente, uma vontade de ajudar, de mostrar-lhe que estava ali para ele, mas não sabia como. Ele parecia resistir, afastando-se, talvez temendo carregar-me com os seus próprios fardos.
Uma noite, quando estávamos a caminhar pelo parque, João parou subitamente, olhando para o céu. Havia uma tristeza no seu olhar, algo que eu não conseguia ignorar.
João — Sabes, sempre imaginei que a minha vida seguiria um caminho claro, mas agora... tudo parece confuso. Não sei bem quem sou, ou o que fazer com o que sinto.
Eu olhei para ele, tentando entender a profundidade do que ele dizia, e senti uma dor apertando o meu coração. O João que antes era tão cheio de certezas agora parecia perdido, e isso mexia comigo de uma maneira que eu não esperava.
(Eu, com suavidade) — oque sentes? O que está a acontecer dentro de ti?
João (com um suspiro) — Eu sinto que te estou a afastar, e não é isso que eu quero. Mas há algo dentro de mim que está a mudar, e eu não sei se sou capaz de lidar com isso sem te ferir no processo.
(Eu, com a voz a tremer) — João... tu não estás a me afastar. Só... estás a passar por algo, e eu não te vou deixar passar por isso sozinho. Somos uma equipa, lembra-te?
João olhou-me, os seus olhos agora mais suaves, mas a angústia ainda visível. Ele deu um passo para mais perto e pegou nas minhas mãos, como se buscasse segurança nelas.
João — Eu preciso de tempo. Preciso de entender o que está a acontecer comigo, e talvez... talvez também precise de entender o que é que nós somos, realmente.
O coração apertou-se dentro de mim, mas, ao olhar para ele, vi a vulnerabilidade, a honestidade crua que ele me oferecia. Eu sabia que não podia forçar nada, mas ao mesmo tempo, queria estar ao seu lado, não importava o tempo que isso demorasse.
(Eu, suavemente) — Eu vou esperar por ti. E enquanto isso, vou estar aqui. Não precisas de entender tudo agora. Vamos passar por isso juntos.
João sorriu, pela primeira vez em dias, mas era um sorriso melancólico, como se ainda estivesse a lutar contra as suas próprias emoções. Ele inclinou-se para me dar um beijo.
João — Obrigado... por me compreendres. Às vezes, não sei se mereço tudo isto, mas... tu és o que me mantém forte.
O silêncio voltou a cair entre nós, mas desta vez, não era desconfortável. Era o tipo de silêncio que precede algo importante, algo que está a ser construído, pedacinho por pedacinho.
À medida que as semanas passavam, João começou a abrir-se mais comigo. As conversas, antes soltas, agora tornavam-se mais profundas. Falávamos sobre os seus medos, sobre o seu passado, e sobre os nossos sonhos para o futuro. E enquanto ele passava por esse processo de autodescoberta, eu também me encontrava a crescer, a aprender a ser mais paciente, mais compreensiva.
Mas o que mais me impressionava era como, a cada dia, a nossa ligação se tornava mais forte. A amizade que tínhamos, a confiança mútua, tornaram-se a base do nosso relacionamento. E, finalmente, quando João teve coragem para enfrentar o que estava a sentir, ele disse:
João — Não tenho todas as respostas, mas sei que quero enfrentar o que vem pela frente ao teu lado. Não importa o que aconteça. Vamos construir isso juntos.
E ali, naquele momento, soube que a nossa história estava a ser escrita de uma maneira única, não com pressas, mas com paciência, respeito e um amor que crescia a cada dia. O futuro ainda era incerto, mas, ao seu lado, sabia que podia enfrentar qualquer desafio.
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𝘔𝘦𝘶 𝘤𝘰𝘳𝘢çã𝘰 𝘱𝘢𝘭𝘱𝘪𝘵𝘢 𝘱𝘰𝘳 𝘵𝘪-𝘑𝘰ã𝘰 𝘕𝘦𝘷𝘦𝘴
RomanceJoão Neves joga atualmente pela seleção portuguesa e pelo paris saint germain e eu (Anny)era apenas uma fã obsecada por ele até que nos encontramos,será que o amor pode fluir?