Bleach: Veil On The Poison

Capítulo 28- Ultima vez

O sol já começava a se esconder por trás das muralhas da Academia Shinigami, pintando o céu com tons de laranja e vermelho. Tine Kaori estava do lado de fora, com sua pequena mochila de pertences, ao lado do diretor Tokihara. Não era uma bagagem grande, afinal, ela não possuía muitas coisas além de alguns itens pessoais.

— Está pronta? — perguntou o diretor, seu tom firme, mas com uma leve suavidade que raramente demonstrava.

Tine concordou, embora seu coração batesse acelerado. Estava ansiosa, nervosa e até um pouco triste por deixar o lugar onde passara tanto tempo.

— Vou sentir falta de tudo aqui, diretor. — disse ela, olhando ao redor. Cada canto da Academia trazia memórias, desde os primeiros dias de treino até os momentos mais difíceis.

Tokihara a encarou com um olhar avaliativo, ajustando os óculos.

— Lembre-se, Kaori, que você não está deixando a Academia para trás. Está levando tudo o que aprendeu com você.

Antes que ela pudesse responder, o som de cascos ecoou pelo pátio. A carruagem da Primeira Divisão, adornada com o brasão da Gotei 13, se aproximava. Os cavalos espirituais que a puxavam eram imponentes, suas crinas brilhando como prata sob a luz do crepúsculo. Quando a carruagem parou, Tine sentiu um aperto no peito.

A porta se abriu e, como sempre, Shunsui Kyoraku desceu com sua postura relaxada. Seu haori de Capitão-Comandante parecia quase casual em seus ombros, mas o olhar atento que lançou para Tine mostrava que ele estava, como sempre, no controle.

— Bem, bem, parece que cheguei na hora certa. — disse ele com um sorriso. — Pronta para o próximo capítulo, Kaori-san?

Tine tentou sorrir de volta, mas era difícil esconder a emoção que transbordava.

— Acho que sim...

Ela olhou para o diretor Tokihara uma última vez. Ele a observava com a mesma expressão séria de sempre, mas algo em seus olhos sugeria orgulho.

— Boa sorte, Kaori-san. — disse ele.

Antes de subir na carruagem, Tine se virou e, impulsivamente, o abraçou. Foi um gesto inesperado, e o diretor permaneceu imóvel por alguns segundos antes de dar um leve tapinha em seu ombro.

— Vá, ou vai se atrasar.

Com os olhos tristes, Tine subiu na carruagem. A última visão que teve da Academia foi o diretor parado no pátio, a silhueta rígida e imponente contra o céu alaranjado e azulado.

A viagem foi tranquila. Shunsui estava mais relaxado do que nunca, observando a paisagem passar. Nanao, sentada ao lado dele, segurava um livro, mas ocasionalmente lançava olhares para Tine, avaliando-a com seu costumeiro olhar crítico.

Quando os portões da Gotei 13 se abriram, Tine perdeu o fôlego. Era muito mais grandioso do que ela imaginava. As divisões eram organizadas como uma pequena cidade, com estruturas majestosas, cada uma refletindo a identidade de sua unidade. Bandeiras flamulavam ao vento, shinigamis passavam em grupos organizados, e tudo parecia transbordar uma energia de ordem e propósito.

— Bem-vinda à Gotei 13. — disse Shunsui com um sorriso enquanto acenava para alguns oficiais que passavam.

— Isso... é incrível. — Tine mal conseguiu dizer. Seus olhos corriam de um lado para o outro, tentando absorver cada detalhe.

— Espere até ver a Primeira Divisão. — Nanao comentou, fechando o livro.

A carruagem os levou diretamente ao quartel da Primeira Divisão. Tine desceu, ainda admirada com a grandiosidade do lugar. Os jardins eram impecáveis, com árvores perfeitamente podadas e um pequeno riacho que passava pelo meio do terreno. Os edifícios principais eram imponentes, com telhados em estilo tradicional japonês e bandeiras penduradas nas paredes externas.

— Por hoje, você ficará aqui. — Nanao disse, gesticulando para um shinigami que se aproximava. — Amanhã cedo, você será apresentada oficialmente aos capitães.

Tine assentiu. O shinigami a guiou para um quarto na ala oeste, que era espaçoso e decorado com simplicidade, mas ainda assim exalava elegância para Tine. Havia um futon impecavelmente arrumado no canto e uma janela que dava vista para os jardins internos.

Ao ficar sozinha, Tine deixou sua mochila no chão e se sentou no futon. Olhou pela janela, observando o céu agora estrelado. Tudo ainda parecia um sonho distante.

"Será que estou realmente pronta para isso?" ela se perguntou, o peso da responsabilidade finalmente começando a se manifestar.

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