Musa (Michaeng; One Shot)

Prólogo

Oii, meu nome é Sayumi.

Fiquem com minha primeira fanfic, feita para uma aula de português.

Me inspirei em "O Retrato Oval" de Edgar Allan Poe

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Aos poucos a consciência e o frio vão caindo sobre Myoui Mina levando toda a paz e a calma que sentia quando estava submersa em seu sonho sereno. Costumava sonhar com a parte alegre de sua infância, quando seus pais ainda estavam juntos e moravam em seu país de origem, o Japão.

As paredes do quarto em que estava tinham coloração bege com alguns traços finos de tinta vermelha e verde menta, ela adorava ficar olhando para aquela parede, não era como as de seu lar antigo na cidade de Tokyo, uma casa escura, fria e sem personalidade. Morar com uma artista era equivalente a viver em uma eterna exposição, o apartamento relativamente grande para duas pessoas se tornava minúsculo, por possuir uma obra, praticamente, a cada metro quadrado.

O barulho do trânsito de Seul, a chuva que caía sobre o telhado das casas e o som de sua vizinha fofocando ao telefone na janela a fizeram questionar o horário, visto que era fim de semana e o movimento estava bem agitado. Inclinou-se para o lado direito da cama, ouvindo o ranger do móvel - não havia ninguém. Chaeyoung não estava lá, de novo. Decepcionada, mas não surpresa, Mina se senta e esfrega o rosto com as mãos. Era impressionante como sua beleza não era afetada após oito horas de sono com o rosto afundado no travesseiro. Olha para o relógio pendurado do lado da janela.

São 14h37. Está tarde.

Mina se levanta um pouco afobada atrás de suas roupas, não queria atrasar Chaeyoung no seu projeto, não poderia atrasar a mulher, se sentiria culpada se a obra não ficasse perfeita como a pintora tanto queria.

"Você não me acordou", disse Mina, fechando a porta do ateliê onde havia entrado e que exalava um forte cheiro de tinta fresca.

"Você estava dormindo tão calmamente que tive dó de te acordar. Mas já pode se posicionar, vou pegar a tela", disse Chaeyoung, secando diversos pincéis enquanto usava um macacão que Mina a havia dado de presente de seis meses de namoro.

A pose era simples, um exercício que já havia repetido inúmeras vezes, algo que só uma bailarina profissional como ela poderia executar tão elegantemente. Mas, naquele momento, sob o olhar atento de Son Chaeyoung, a Myoui sentia uma estranha angústia. O silêncio.

Mina já havia memorizado cada detalhe dela, cada gesto, cada tique. A forma como a Son colocava a língua para fora ao pintar era um de seus trejeitos mais adoráveis, um ritual particular que só ela conhecia.

Limpou a garganta. "Acho que a chuva parou. Vou sair mais tarde", disse, tentando disfarçar a ansiedade que a consumia. As palavras pareciam ecoar no ambiente, havia uma ponta de esperança, um desejo de que aquele momento se prolongasse um pouco mais. Chaeyoung apenas concordou com a cabeça enquanto trocava os pinceis de cerdas grossas para cerdas mais finas. "Pode deixar a porta aberta quando sair, eu tranco depois."

Mina permaneceu em silêncio, pensando em outra maneira de chamar a atenção de sua namorada. Existiam algumas táticas que ela sempre utilizava para conseguir o mínimo de atenção, como apelar para o ciúme da pintora, porém, às vezes, Son estava tão absorta em sua obra que sequer expressava sentimentos e ficava no ateliê por horas, esquecendo até de fazer coisas básicas, como comer ou dormir.

"Acho que vou me encontrar com a Somi.", Jeon Somi e Son Chaeyoung eram melhores amigas antes da chegada de Mina. A atração entre a pintora e a Myoui cresceu lentamente, e o que começou como uma amizade profunda se transformou em algo maior. Somi, que nutria sentimentos por Mina, sentiu-se traída e afastou-se de sua melhor amiga, mas nunca cortou contato com a bailarina, um fato que enfurecia Chaeyoung.