Capítulo 2: O Laço Que Nunca Rompeu

0 0 0
                                    

Pov: Jason

Na segunda-feira, os corredores da Ridgeview High estavam mais caóticos do que o normal. O som de conversas animadas e passos apressados ecoava por todos os lados, sinal de que a semana do Campeonato Interescolar de Outono havia finalmente chegado. Para a maioria dos alunos, isso significava euforia e expectativa. Para mim, significava dor de cabeça.

Quando fiquei sabendo que o time de futebol e as líderes de torcida tinham que trabalhar juntos para preparar uma apresentação especial, minha primeira reação foi rir. Depois, quando percebi que não era piada, fiquei furioso.

Jason- A diretora perdeu a cabeça? - soltei, afundando na cadeira da mesa do refeitório. - Por que a gente tem que fazer algo junto com elas? Não basta ganharmos o jogo?

Ethan, sentado ao meu lado, apenas deu de ombros enquanto mastigava um pedaço de pizza.

Ethan- Ah, cara, relaxa. Vai ser divertido. E quem sabe você finalmente convença a McAllister a parar de te odiar.

O nome dela fez meu maxilar travar. Chloe McAllister. Capitã das Wild Roses, impecável em tudo o que fazia, e meu tormento diário. Ela era a única pessoa no mundo capaz de tirar o meu equilíbrio, e eu odiava admitir isso.

Antes que eu pudesse responder a Ethan, a voz dela cortou o ar como uma lâmina afiada.

Chloe- Convencer a fazer o quê?

Virei a cabeça e lá estava ela, segurando uma bandeja de almoço e exibindo um sorriso sarcástico. Chloe sempre sabia como aparecer na pior hora possível.

Jason- Convencer você a... nada que você já não faça sozinha, McAllister.

Eu tentei soar confiante, mas a verdade era que cada palavra dela me deixava tenso. Os olhos dela estreitaram-se ligeiramente, mas, em vez de rebater, ela apenas deu um meio sorriso – aquele tipo de sorriso que me fazia querer descobrir o que estava escondendo.

Chloe- Que bom que você está tão confiante, - ela disse. - Vai precisar disso no ensaio de amanhã. Não se atrase.

E então, como sempre, ela se afastou, deixando para trás aquele perfume familiar e a sensação de que eu tinha perdido uma batalha que nem sabia estar lutando. Mas, naquele momento, algo chamou minha atenção: o leve tremor nas mãos dela.

Na manhã seguinte, estávamos todos reunidos no ginásio para o primeiro ensaio. O som de tênis rangendo no piso e vozes ecoando pelas paredes aumentava a tensão no ar. Chloe estava no centro da quadra, dando instruções às líderes de torcida, enquanto eu tentava manter meus colegas de equipe concentrados.

Chloe- Ok, todos prestem atenção, - Chloe começou, andando com aquele jeito firme e determinado que fazia as pessoas automaticamente ouvirem. - O objetivo é sincronizar as entradas. Nós lideramos com a coreografia inicial, e vocês entram no segundo refrão da música.

Chole- Coreografia?- repeti, arquando uma sobrancelha. - Achei que nossa entrada fosse só caminhar até o centro e fazer o que sabemos de melhor: ser incríveis.

As líderes de torcida se entreolharam, algumas segurando risadas. Chloe respirou fundo, claramente tentando não perder a paciência.

Chloe- Se isso for demais para o seu cérebro, Carter, eu posso desenhar um mapa.

Eu sabia que ela estava tentando me provocar, e, para ser honesto, estava funcionando. Antes que eu pudesse responder, a professora de educação física, que estava supervisionando o ensaio, interveio.

Martha- Vamos focar, pessoal. Isso é sobre representar Ridgeview, não alimentar rivalidades.”

Chloe lançou um olhar rápido na minha direção antes de voltar ao trabalho, mas, mesmo com toda a confiança que ela exibia, eu podia ver as faíscas de irritação nos olhos dela. E algo me dizia que essa irritação ia muito além das nossas provocações habituais.

Quando o ensaio terminou, a maioria dos jogadores e líderes de torcida já havia saído, mas eu fiquei para trás, como sempre fazia. Gostava do silêncio do ginásio vazio, da maneira como ele me ajudava a organizar meus pensamentos.

Chloe estava recolhendo alguns pompons esquecidos quando decidi quebrar o silêncio.

Jason- Você sempre fica até tarde, não é? - perguntei, encostando-me na porta.

Ela nem se deu ao trabalho de olhar para mim.

Chloe- Se você veio para mais provocações, pode guardar para amanhã.

Eu hesitei por um segundo antes de responder.

Jason- Eu não vim para isso. - Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, quase um sussurro. - Só... queria saber como você está.

Isso a fez parar. Um dos pompons caiu de sua mão, e ela se virou devagar, os olhos fixando-se nos meus com uma mistura de confusão e cautela.

Chloe- Por que você se importa?

Não era uma pergunta fácil de responder, mas, naquele momento, as palavras saíram antes que eu pudesse pensar.

Jason- Porque eu ainda me importo com você.

Por um segundo que pareceu uma eternidade, ela ficou imóvel, como se estivesse tentando processar o que eu havia acabado de dizer. Mas então, seu rosto endureceu, e ela balançou a cabeça.

Chloe- Jason, não podemos. Você sabe disso.

Eu sabia. Claro que sabia. Mas isso não tornava as coisas mais fáceis.

Jason- Eu sei. - respondi, dando um passo à frente. - Mas finjo tão bem quanto você que não sinto nada, e... isso está me matando.

As palavras pairaram no ar entre nós. Chloe engoliu em seco, apertando os pompons nas mãos como se fossem sua âncora.

Chloe- O que aconteceu com a gente foi real.-  ela disse finalmente, a voz baixa e cheia de emoção. - Mas também foi um erro. Não podemos voltar atrás.

Eu queria responder, queria dizer que ela estava errada, que nós podíamos encontrar um jeito. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ela pegou os pompons e saiu do ginásio, deixando-me sozinho com o eco das minhas próprias palavras.

Mais tarde, enquanto jogava a bola para o alto no meu quarto, não conseguia tirar Chloe da cabeça. Era sempre assim. Não importava o quanto eu tentasse seguir em frente, ela sempre estava lá, como uma sombra persistente.

Abri a gaveta da minha escrivaninha e tirei o bracelete que ela me deu no nosso aniversário de 14 anos. Era um simples pedaço de couro com um pingente pequeno, mas carregava mais significado do que qualquer outra coisa que eu possuía.

Lembrei-me do verão antes do ensino médio, das tardes que passávamos juntos, rindo como se o mundo não pudesse nos tocar. Mas o mundo nos tocou, e da pior maneira possível.

Meu pai, o técnico do time, sempre teve grandes planos para mim. E Chloe, como capitã das líderes de torcida, também tinha responsabilidades que não podia ignorar. Quando ele nos pegou juntos, deixou bem claro que aquilo não podia continuar.

Flashback on:

Manson- Isso vai arruinar suas reputações e suas chances de liderarem, - ele disse, a voz tão fria quanto o gelo.

Nós não tivemos escolha. Tínhamos que fingir que nada havia acontecido, que nunca fomos mais do que rivais. Mas mesmo agora, depois de tudo, os sentimentos ainda estavam lá.

E eu sabia que, por mais que Chloe dissesse que era um erro, ela sentia o mesmo.

Enquanto segurava o bracelete, fiz uma promessa a mim mesmo: não importa o que fosse necessário, eu encontraria uma maneira de fazer isso dar certo.

Eu ainda me importava. E, por mais que Chloe tentasse esconder, eu sabia que ela também.

Continua...
Isto é um pouco do ponto de vista do Jason.
Até a próxima 😍😘

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Nov 19 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Toque de RivalidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora