Você costumava dizer
que aprender com a vida costumava doer.
Que o mundo gostava de bater
e numa briga com eles,
eu estaria em desvantagem.
Você me dizia o tempo todo
sobre as injustiças que vivíamos.
Jurei ver lágrimas em seus olhos nesse dia
e senti na alma a agonia
de amar alguém que sofre.
Você gostava de ensinar,
me dizia que era para que eu estivesse preparada
para o que viesse
num futuro próximo.
Gostava de mostrar
o quão difícil podia ser,
até que eu pudesse sair e viver.
Você costumava dizer,
que em casa aprendemos com amor,
surrando-me com palavras duras,
para a vida não me machucar.
Você costumava ser rudimentar,
sendo pouco cuidadoso,
para me acostumar.
Mas um dia,
pisei na rua descalça,
machucada o suficiente,
totalmente amedrontada,
com os meus olhos de cigana dissimulada,
pronta para viver a vida que você criou.
E dei de cara,
com uma ilusão.
Haviam pessoas cheias de amor e dificuldades comuns.— Porque o que você queria mesmo, era descontar em mim a porra do seu ódio e me ajudar a cuspir sangue coagulado.