Capítulo 22: A História do Papa Figo

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Apressamos André para voltar a salvador quando o sol estava se pondo, chegamos tarde mas não queríamos deixar para depois.

—Eu estou sentindo ele aqui, mas não sei para qual lado.— Digo baixo tentando me localizar. Thierry e Axel vieram comigo enquanto Katrina,Kayke e Isadora foram para o outro lado e nos comunicamos por telepatia.

—Você tem certeza que tem como pegar esse negócio?— Thierry cochicha do meu lado para Axel, ele dá de ombros visivelmente incomodado com a situação.

—Quando eu era pequeno eu recebia instruções dos meus pais para me afastar o máximo possível do Quibungo. Não acho que tenha uma situação certa de pegar ele.— Ele explica olhando ao redor.

Estávamos no quintal da casa dele, enquanto Katrina e os demais estavam nos fundos da casa, no completo breu e atentos aos barulhos. O plano principal era distraí-los indiretamente para o grupo dos fundos atacar com armas de ponta, não sabemos o tamanho e nem quão forte esse bicho era, tínhamos que estar preparados para tudo.

Kayke circulou a casa com sal e ervas como arruda e alecrim para uma maior proteção, se tudo desse errado era só correr para dentro de casa, o principal era ninguém se machucar como nas missões passadas.

Está vendo ou ouvindo alguma coisa?— Ouvi a voz Katrina no meu consciente.

—Não, ainda não. Mas sei que ele está perto.— Respondo baixo e Axel me olha estranho.

—Mas a gente nem disse nada sua esquizofrênica.

—Cala a boca Axel, você esqueceu que ela está em telepatia com a Katrina?— Thierry revira os olhos e eu balanço a cabeça.

—Ah é, é que eu ainda não me acostumei que a Zana tem poderes. Negócio estranho.

—O Amare também não acreditava até eu jogar dois soldados do penhasco, deixar um maluco e ele morrer de peste negra alguns dias depois.— Digo sem tirar os olhos da minha frente, onde eu sentia a forte energia de algo nos vigiando de longe.

—Como é que é?— Axel pergunta tão assustado quanto Thierry, acho que ele não soube dessa parte da vida passada.

—Silencio, acho que ele está se aproximando.— Cochicho colocando os dois atrás de mim.

A criatura finalmente saiu do lugar onde ela estava e eu gelei por um breve momento. Era alta, com braços desproporcionadamente longos, pele escura e olhos brilhantes de um amarelo ameaçador. Esperei pelo momento certo de atacar, o seu corpo desajeitado e a boca aberta numa expressão constante de fome eram tão aterradores quanto os relatos diziam, Thierry chamou a sua atenção com um gesto provocador enquanto Axel segurando a lanterna para desorientá-lo, piscando várias vezes na região dos seus olhos propositalmente. Concentrei os meus poderes e o som de sinos e tambores ecoou pelo lugar, fazendo um barulho insuportável.

Quibungo parou confuso e inquieto, balançando a cabeça para afastar os sons, Axel aproveitou a distração e apontou a lanterna diretamente para os seus olhos brilhantes e a luz forte fez a criatura rugir, recuando instintivamente. Nesse momento Katrina, Kayke e Isadora saíram da sua posição coordenando os movimentos usando as lanças para ferir. Quibungo já desorientado, tentava nos atacar com as suas enormes garras e dentes nas costas, mas era uma abordagem que ele não esperava.

Chamo a sua atenção com um assobio e seus olhos amarelos e raivosos repousaram nos meus, e era exatamente isso que eu queria naquele momento. Começo a sugar a sua energia vital, a criatura não conseguiu nem ao menos reagir porque começou a se desfazer, se transformando em uma casca vazia até evaporar. Pisco os olhos várias vezes para me acostumar com a minha visão turva, minha cabeça começa a pesar e eu já imaginaria que viria uma visão violenta.

As Sombras da Mata- OS VITURINOS [LIVRO 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora