CAPÍTULO 13: O Clã Gojo

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A morte dos últimos membros do Clã não foi pacífica, mas os detalhes nunca foram revelados ao público nem a qualquer estudante ou feiticeiro. Infelizmente, com a morte do único membro que conseguia “mascarar” a presença do Clã, as pessoas começaram a lembrar de que havia um terceiro Grande Clã. 

Satoru Gojo foi ao enterro, não havia muitas pessoas, afinal, todos estavam mortos. Ele aceitou os pêsames de Yaga e de outros professores, e claro, de um membro do Alto Escalão. Porém, para Satoru, tudo era um borrão de cores e vozes. 

O que ele faria agora? De que adiantava ser o mais poderoso se ele não conseguia salvar as pessoas mais próximas? 

Será que o fim dele seria igual?

O que teria acontecido se ele não tivesse se ausentado por todos esses anos? 

Haviam tantos “se”. 

Satoru também precisou assinar uma centena de papéis e, aparentemente, era muito rico. Ele realizou os procedimentos e rituais de maneira automática e robótica acompanhado da Diretora. 

Se passou algum tempo, disso, ele tinha certeza, horas, dias? Ele não conseguia dizer, mas ele recebeu a visita da Diretora — ela tinha saído do lado dele? — que estava preocupada e fez várias perguntas, ele voltaria? Era para trazer suas coisas? 

Satoru não queria responder aquele tipo de coisa, na verdade, queria que ela fosse embora e nunca mais voltasse. 

Enquanto ela dava o seu discurso, ele encarava uma parede vazia atrás dela, completamente desinteressado. 

A Diretora suspirou e ficou na ponta do sofá, como uma cobra dando um bote, deu um tapa na cara do garoto. 

Satoru sentiu algo se chocar contra a sua bochecha e girar o seu rosto com rispidez. O movimento inesperado lhe causou um susto e o despertou. O garoto piscou, olhando ao seu redor. 

Eles estavam na sala de visitas e na sua frente, estava a Diretora, voltando a sua posição inicial. 

— Me desculpe, Senhor, mas você precisava acordar — disse ela. 

Satoru piscou por mais alguns instantes e ajeitou a sua postura, ele não era mais somente um adolescente feiticeiro, era o Chefe do seu Clã de uma pessoa.

— Sem problemas, Diretora. O que a senhora estava falando mesmo? — perguntou, um pouco perdido.

O quanto aquele estado anestesiado havia lhe custado?

Suguru. A missão de Suguru, seu amigo. 

A maldição do Amor!

Satoru, finalmente em si, arregalou os olhos.

— Um prazo, havia um prazo para pegar a maldição — disse. — E Suguru?

— O prazo se esgota hoje — disse a Diretora, com firmeza. — Por sorte, Suguru conseguiu localizar a Maldição, estamos montando uma armadilha e eu estava aqui para convidá-lo. 

— Eu vou! — disse, se levantando. — Só um momento Diretora — pediu, enquanto corria para fora da sala. 

Antes que saísse, a mulher voltou a chamar seu nome. Ele parou. A Diretora caminhou até ele e olhou fundo em seus olhos.

— Isso não pode se repetir, garoto. Você é um dos Três Grandes Chefes, não pode mostrar fraqueza, Satoru, porque vão se aproveitar dela. Não importa quem perca, você não pode ser afetado por cada morte que acontecer, entendeu? 

Ele engoliu em seco e assentiu. A Diretora abriu um sorriso maternal. 

— Sabe qual é o tipo de pessoa mais assustadora? — ele gesticulou com a cabeça “não” — É aquela que carrega um sorriso mesmo em meio ao inferno, lembre-se disso. 

Suguru e vários outros alunos estavam se preparando no Arsenal, alguns pegando amuletos, outros, armas, e havia até mesmo feiticeiros estrangeiros. Toda aquela movimentação era um pouco intimidadora para Suguru, mas ele fazia o seu melhor para manter a postura. 

Vez ou outra, um aluno dos anos superiores perguntava sobre Satoru, e a cada pergunta, o sangue de Suguru esquentava ainda mais. Em seu pensamento, eles eram veteranos, não deviam estar buscando a ajuda de um garoto do primeiro, mesmo que fosse Satoru. 

Suguru buscava sempre responder com educação, mas no décimo feiticeiro, ele perdeu a paciência. 

— Um parente dele morreu — respondeu com um tom afiado, deixando claro que ele não viria. 

O feiticeiro pareceu meio constrangido e foi embora. Suguru deu um suspiro sem paciência. 

— Boa tática — disse Choko com um tom de piada. 

Suguru lhe deu um olhar mau humorado.

— O que?

Ela abriu um sorriso. 

— Com certeza dá pra matar a maldição com essa cara aí. 

Suguru bufou e virou de costas, fingindo mexer em uns amuletos na prateleira. 

Sem aviso, ele sentiu a mão de Choko em seu ombro. 

— Ele vai vir — ela murmurou. 

Suguru deu uma risada de sarcasmo. 

— Não estou irritado porque ele não está aqui.

— Claro que está. 

Suguru escolheu um amuleto aleatório e colocou no bolso.

— Não, estou irritado porque esses idiotas ao nosso redor, que são muito mais velhos, vivem me perguntando do cara de quinze anos que perdeu a família. Eles não têm o mínimo de respeito!

Choko parecia querer dizer mais coisas, mas pareceu pensar duas vezes e escolheu dizer apenas:

— Parece que você está chateado consigo mesmo nesse momento, por também precisar dele. 

Suguru a observou sair, boquiaberto. 

— Essa não é qualquer maldição que vai ser morta de qualquer jeito — disse Satoru irritado. 

Os saltos da Diretora soaram atrás de si. 

— Yaga e eu tentamos dizer isso para o Alto Escalão — ela deu um riso de deboche. — Não acreditaram em mim por ser do sexo frágil e em Yaga por ser um pai traumaizado. 

— Precisamos nos apressar.

— Sim, porque será um massacre

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