Prólogo

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O Oráculo despertou de mais uma de suas visões.

Ter o poder de vislumbrar o futuro era um fardo constante, que precisava ser filtrado e controlado. Nem tudo precisava ser previsto, nem toda escolha era potencialmente relevante. Mas essa era uma visão pela qual o Oráculo ansiava por muito tempo. Agora que a previsão finalmente ocorreu, ele não sabia se estava pronto para lidar com suas consequências.

Sentado, com os cotovelos apoiados em seus joelhos, massageava lentamente as têmporas com os dedos, como se tivesse uma forte dor de cabeça. No entanto, era apenas uma tentativa de espantar os pensamentos ruins. Mesmo com uma aparência exterior confiante, internamente sempre habitava o medo de não conseguir colocar seu plano em ação, o temor de faltar coragem para tomar as duras decisões. O fato de ninguém saber que ele tinha o poder da premonição também não ajudava.

A solidão não era muito amiga da bravura.

Contrariando a crença e a superstição de alguns, o futuro não era predeterminado. Cada ação, por menor e mais sutil que pudesse parecer, tinha a capacidade de mudar drasticamente os acontecimentos por vir. Por esse motivo, o Oráculo sofria com uma constante pressão: só ele era capaz de determinar e escolher o que iria acontecer.

Ele se levantou e começou a andar, pensativo. Questionamentos passavam por sua mente, o retrato da indecisão logo antes de um momento fatídico.

E se simplesmente desistisse?

E se mostrasse para o mundo que ele era o Oráculo?

E se contasse para uma pessoa de confiança?

A cada pensamento, as consequências destes atos se materializavam em sua mente como um quadro pintado com as cores do apocalipse. Nenhuma imagem era boa: os Cristais do Poder sempre caíam nas mãos erradas; o mundo era destruído, levando consigo qualquer traço da humanidade e das outras raças.

Com os dedos trêmulos em antecipação, o Oráculo engoliu em seco. O jeito era manter o plano original. Suspirou profundamente e repassou em sua cabeça todos os acontecimentos e eventos que precisavam acontecer para garantir uma ínfima chance de sucesso. Alguns seriam agradáveis, outros emocionantes, uns tristes... Mas, no final das contas, os Guerreiros do Destino estavam fadados a se encontrar.

Fechou novamente os olhos e tentou imaginar seu plano como uma máquina ainda em processo de montagem. Um equipamento complexo, sem uma função específica. Era só uma alegoria para facilitar sua imaginação, a materialização de um conceito. Naquele exercício mental, algumas peças ainda estavam desencaixadas, mas alinhadas em uma mesa ao lado, como se esperassem em fila para serem inseridas. Só que tudo a seu tempo.

Com um estalo de seus dedos, a máquina, mesmo incompleta, começou a funcionar. Estava em andamento o plano que poderia salvar o mundo de Kairos.

As engrenagens começaram a rodar.

Os Guerreiros do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora