Proposta Perfeita

Capítulo 25

A chuva cai na madrugada enquanto Jessie e Fernando deixam o clube, após uma noite de diversão com danças e bebidas. Ele carrega a “namorada” nas costas, segurando os saltos dela com uma mão. A noitada ficará marcada, o casal de mentira fizera amizade com outros casais e de doses em doses, contaram para eles que armaram um namoro falso para enganar a família dele e agora estão apaixonados de verdade.

Fernando tenta enxergar a tela do celular para chamar um carro de aplicativo, porém a chuva embaça sua visão e Jessie sussurra em seu ouvido o quanto quer ele dentro dela. O corpo do homem estremece sobre a chuva, a ereção se formando na calça. Eles se enfiam embaixo de uma sacada, a tentativa de encontrar um táxi naquela hora da madrugada parecia ser nula, são quase três horas.

Jessie desce das costas de Fernando, seus braços envolvem o pescoço dele, puxando-o novamente para a chuva, tomando seus lábios com um beijo intenso e molhado. Fernando enfia o celular no bolso, abraçando a cintura dela com mais firmeza, suas línguas traçando uma guerra apaixonada em meio a chuva cada vez mais forte.

Seus corpos se atraindo como imãs de maneira excitante. Jessie afasta os lábios e morde o do homem, um sorriso travesso brota em seus lábios. Antes que possam se beijar novamente, dois policiais aparecem empurrando Fernando contra a parede, enquanto um lhe segura forçadamente contra a parede, apontando uma lanterna para o seu rosto e o outro tenta encontrar algo nos bolsos da roupa dele.

— Cadê a porra do colar? — Um dos policiais empurra o rosto dele contra o concreto da parede, com uma força que faz o Fernando grunhir.

— Tira as mãos dele! — Jessie grita, tentando se aproximar, mas o policial a empurra de volta com brutalidade e ela segura na parede para não cair.

— Revista essa preta abusada — segurando o rosto de Fernando na parede, ele saca uma arma e enfia nas costas dele. — E se você tentar alguma gracinha, vou te mandar pra debaixo da terra, negrinho.

— Não coloque a porra das mãos nela — Fernando diz entredentes, com toda a raiva que consegue reunir.

— Tá pra nascer o dia em que eu vou obedecer um preto — o outro policial agarra Jessie pelos braços, jogando-a contra a parede também. Fernando tenta se soltar das mãos brutais do policial, mas está imóvel. A tentativa o faz levar uma coronhada com extrema violência na testa.

— Para, por favor. Não machuque ele, a gente não fez nada! — Jessie grita, desesperada ao ver o sangue escorrendo da testa do homem.

— Me dá a porra do colar, vagabunda — o policial invade o corpo dela, subindo as mãos e apertando seus seios de um jeito nojento.

— Tira a mão dela, caralho! — Fernando vocifera com toda a força que tem, logo é algemado e jogado no chão com hostilidade, seu corpo batendo no concreto sem chance de se proteger. O policial chuta suas costelas com ódio.

— Me dá a porra do colar ou vou brincar de torturar dois pretos a noite inteira — o outro acerta um tapa no rosto de Jessie. — Vocês acham que podem ficar impunes, né?

— A gente não sabe do que você tá falando — Jessie encara Fernando no chão, indefeso e apanhando sem parar. O medo aperta seu peito: aqueles policiais brancos poderiam matá-los a qualquer momento. — Para de bater nele, por favor!

— Você é o escambau, preta. Sou a autoridade e quero ser chamado de senhor! — Ele aperta o rosto dela com força, sem pudor nenhum.

— Seu filho da puta, tira as mãos dela! — Fernando tenta levantar, mas o policial pisa em suas costas como se quisesse esmagá-lo ainda mais.

— Me entrega o colar, ou eu vou matar vocês — ele umedece os lábios, com uma raiva. — E adivinha só? Não vai dar merda nenhuma pra gente. O que vai rolar é um bando de preto chorando por justiça na internet. A gente vai ser afastado só pra “averiguarem” o caso e, quando não encontrarem nada que preste, voltamos pro nosso cargo. Mas a tua família vai chorar pra sempre, e eu vou rir porque aqui é Brasil, justiça pra pretos? — Eles dão risada e ele cospe no rosto de Fernando.