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Motel Afrodithe, bairro nobre de classe média na cidade do Rio de Janeiro. Abril de 2018.

Era nesse ambiente que "Helena" vinha todas as noites. Ela chegava sempre de chapéu que cobria metade do seu rosto e um sobretudo que ninguém diria que escondia um corpo semi nu, coberto apenas com rendas de lingeries sensuais e mínimas.

- O mesmo quarto de sempre. - Helena falou ao recepcionista que já a conhecia e lhe entregou as chaves da  suíte número 150.

Ela seguiu para o quarto e logo se trancou. Ali fez os últimos ajustes e trinta minutos depois recebeu o primeiro cliente da noite. O homem chegou as 20:30 e o próximo só chegaria às 22 horas. Isso lhe dava tempo de se arrumar e ficar um pouco descansada de um cliente para outro.

Apesar que o primeiro cliente não quis ter uma relação convencional com ela. O uso do vibrador permitia "Helena" dá prazer a todos os tipos de clientes e seus gostos eram sempre atendidos dentro das suas normas de atendimento.

Ela ficava pensativa quando encontrava clientes assim, mas eles diziam que só conseguiam ter momentos íntimos com mulheres e nunca com homens, mas como suas parceiras tinham preconceito, então com a profissional eles tinham liberdade suficiente para sentirem esse tipo de prazer.

O retoque do batom era perfeito e ela estava plenamente pronta para o cliente que estava para chegar. O seu prazer não era importante, muito pelo contrário, quanto mais rápido acabasse, mais satisfeita ela ficava.

"Helena" era só mais uma vítima das situações. A vida noturna nunca foi um plano, mas resolveu embarcar nesse mundo por que precisava quitar o seu apartamento que foi financiado junto do seu marido, que faleceu de forma súbita e não lhe deixou qualquer herança ou economias. Ela tinha um trabalho em um escritório de advogacia durante o dia, mas seus ganhos não eram suficientes.

Por viver distante da sua família não tinha ninguém que pudesse lhe ajudar além de si mesma. Seu marido tinha dois filhos, mas com a morte dele, nenhum se manteve próximo a ela. "Helena" não se queixava, mas também não se orgulhava desse trabalho, sua mente lhe confortava: "É só por um tempo". E realmente seria, ela já tinha 33 anos e essa profissão não duraria muito para ela.

Eram 21:48 quando bateram a porta. "Helena" foi abrir e diante dos seus olhos estava um homem muito atraente e de semblante fechado. Ela não sabia o seu nome e tão pouco lhe interessava. Quando ele estava dentro do quarto, ficaram frente a frente.

- Não vai tirar esse chapéu?

- Não. Eu espero que tenha lido os meus termos.

- Li por cima. - ele disse arqueando uma sobrancelha.

- Não beijo meus clientes. Não faço sexo sem camisinha, incluindo o oral. Não tiro o meu disfarce.

- E eu te pago 1 mil reais, não é isso?

- Isso mesmo.

- Se eu te der o dobro, qual privilégio me oferece?

- Não estou negociando. Se o senhor não quiser, não tem problema.

- Eu quero. Estou aqui por que gostei do produto que vi naquele site. - ele deu um sorriso sarcástico. - Por 2 mil posso te chupar todinha?

- Geralmente eu quem faço isso. O seu prazer é o quê importa.

O misterioso homem aproximou-se de "Helena" e lhe apertou nos braços enquanto já aproximou-se do seu pescoço e beijou ali. Ela lhe fez carinho com as mãos, mas nada muito profundo.

O encontro parecia esquentar, mas não era como o habitual. Helena não sentia ereção, ao mesmo tempo que o homem parecia muito excitado.

Ele lhe deu prazer, de um jeito que ela nunca sentiu, nem mesmo com o seu marido, mas o seu cliente tinha algum problema.

- Você é um homem trans? - ela disse se virando para o homem.

- Não. - ele disse sorridente. - Mas estou satisfeito.

O sujeito jogou dois maços de dinheiro sobre a cama. Vestiu-se rapidamente e já ia saindo quando "Helena" segurou o seu braço.

- O quê foi? Eu estou com algum problema? Algo que não lhe agradou?

- Não acho que haja nenhum problema em você. Nem tudo é sobre você. Sem julgamentos minha cara. Até qualquer dia.

"Helena" viu ele fechar a porta e de logo banhou-se, vestiu sua roupa de sempre. Alinhou seu chapéu e foi até a recepção do motel. Pagou o quê devia e foi embora.

...

Suíte N°150Onde histórias criam vida. Descubra agora