A Essência do Impossível

2 1 0
                                    


Parece-me fácil viver sem ódio. Algo que nunca senti, nunca precisei carregar. O ódio, com suas raízes profundas, destrutivas e tão intensas, nunca encontrou morada em meu peito. Nunca precisei dele para justificar minhas escolhas, minhas perdas ou minhas decepções. O ódio não tem espaço onde a paz habita, e, ao longo da vida, aprendi a cultivar a paz dentro de mim.

Mas viver sem amor... Isso sim parece impossível. O amor não é só um sentimento; ele é a razão pela qual todos os nossos passos fazem sentido, mesmo quando estamos perdidos. É o que nos faz despertar pela manhã, o que nos dá forças para continuar, mesmo quando o mundo parece desmoronar. Amor é o que nos conecta ao que somos, ao que já fomos e ao que ainda podemos ser.

O amor não se resume apenas aos outros. Ele mora nas pequenas coisas — nas palavras que nunca dizemos, no olhar que encontra o nosso, nos gestos mais simples que, de tão pequenos, têm o poder de nos reerguer. Mas também está nas ausências, nas saudades, naquilo que, apesar de perdido, ainda nos faz seguir em frente. Mesmo quando ele se desfaz ou nos deixa, sua ausência deixa marcas que nunca se apagam.

O ódio pode nos consumir, mas o amor... ah, o amor nos transforma. Mesmo quando nos destrói, ele nos recria. Ele nos ensina, nos amadurece, nos faz crescer de maneiras que jamais imaginamos ser possível. Ele nos leva a limites que não conhecíamos, a encontros que mudam nosso destino, a despedidas que nos mostram a força que nunca soubemos que tínhamos.

Eu sei que viver sem ódio é algo que posso fazer. Não preciso do ódio para existir, não preciso dele para seguir meu caminho. Mas viver sem amor... isso seria como tentar respirar sem ar. O amor é a essência de tudo, a razão para as nossas histórias, a luz que ilumina até os dias mais sombrios. E sem ele, a vida perderia toda a cor, toda a poesia.

Por isso, mesmo sabendo o quanto o amor pode ser doloroso e até impossível de se viver em alguns momentos, ainda assim eu o escolheria. Porque é a única coisa que me faz sentir viva, é o único sentimento capaz de preencher todos os buracos que a vida cava em nós. Sem amor, eu não seria eu. E viver sem ser quem sou... isso, sim, é impossível.

Coração de Papel Onde histórias criam vida. Descubra agora