Bleach: Veil On The Poison

Capítulo 1- Novos Anos

O céu estava limpo naquela manhã, e a luz que entrava pelas janelas da 7ª Divisão refletia nas pequenas árvores e arbustos que agora decoravam o pátio central. O local parecia mais vivo do que nunca, com flores coloridas e o som calmo da água corrente vindo do laguinho de carpas que Tine havia mandado construir anos atrás. A atmosfera era tranquila, mas a rotina de uma divisão nunca parava.

Nanao Ise atravessava o portão da 7ª Divisão com sua postura impecável e uma pilha de relatórios firmemente agarrada às mãos. Havia urgência em seus passos, mas também um toque de frustração discreta no franzir de sua testa. Não era incomum que tarefas administrativas atrasassem por ali.

Ao entrar no pátio principal, seus olhos rapidamente encontraram a capitã Tine Kaori. A jovem capitã estava sentada em uma mesinha baixa, sob a sombra de uma cerejeira, ao lado de Shinji Hirako, o capitão da 5ª Divisão. Ambos pareciam imersos em uma conversa descontraída, com xícaras de chá nas mãos e uma bandeja de bolinhos entre eles.

Nanao respirou fundo, ajustando os óculos, antes de caminhar até eles.

— Capitã Kaori — disse ela, com seu tom usual de formalidade. Sua voz fez Tine erguer os olhos rapidamente, enquanto Shinji apenas sorriu de canto, como se já esperasse algum tipo de cobrança. — Por acaso já terminou de revisar os relatórios da expedição à área norte de Karakura?

Tine sorriu levemente e colocou a xícara na mesa.

— O Haruki já entregou tudo para a Primeira Divisão ontem à tarde, Nanao-san. Ele me disse que você o encontrou pelo corredor, não?

Nanao estreitou os olhos, claramente tentando lembrar-se do momento. Depois de um breve silêncio, ela acenou com a cabeça.

— Está certo. Mas e você, Capitão? — ela perguntou, virando-se para Shinji. — Entregou seus relatórios sobre as patrulhas conjuntas ou ainda está... procrastinando?

Shinji deu uma risada nervosa, coçando a parte de trás da cabeça.

— Bem... Eu entreguei... mais ou menos. — Ele se levantou rapidamente, ajeitando o haori branco que caía de maneira casual sobre seus ombros. — Agora, se me derem licença, tenho... coisas importantes para resolver.

Antes que Nanao pudesse responder, Shinji desapareceu em um movimento rápido, sumindo pelos corredores da 7ª Divisão. Tine olhou para Nanao, que suspirou pesadamente.

— É sempre a mesma coisa com ele — resmungou Nanao, ajustando os óculos novamente. — Vou atrás dos relatórios da 8ª Divisão. Espero que estejam prontos, pelo menos.

Ela saiu, deixando Tine sozinha na mesa com o chá ainda quente. A capitã olhou para o céu por um momento, o som das folhas balançando suavemente no vento preenchendo o silêncio ao redor.

"Já faz oito anos..."

Tine caminhava pelos corredores da 7ª Divisão, observando os detalhes ao seu redor. Não parecia tanto tempo, mas ela sabia que o tempo passava de forma diferente para aqueles que dedicavam a vida à Soul Society. Desde que havia se tornado capitã, muitas coisas mudaram. O pátio central da divisão, antes apenas um espaço vazio, agora era um jardim vivo, cheio de flores e árvores. O pequeno lago com carpas douradas era um dos pontos favoritos dos soldados para descansar.

"Foi difícil conseguir a aprovação para isso. O Capitão-Comandante deu aquela risada típica dele e disse que eu estava trazendo 'calmaria demais' para a 7ª Divisão. Mas a Central 46 foi ainda pior..."

Ela riu para si mesma, lembrando de como a burocracia havia transformado um simples pedido de reforma em meses de negociações. Mas, no fim, o resultado valia a pena. A divisão parecia mais acolhedora, mais serena.

Mas, mesmo com essas mudanças, algo ainda a incomodava. Enquanto atravessava o corredor em direção ao escritório, ela sentiu uma pontada de ansiedade.

"O que era aquele objeto?"

Seu pensamento a levou de volta à sua missão de treinamento anos atrás, quando enfrentara uma horda de hollows com seus colegas da Academia Shinigami. O objeto estranho que sugava hollows ainda era um mistério, algo que nem mesmo o Capitão Kurotsuchi ou Kisuke Urahara haviam conseguido explicar completamente.

Agora, com uma nova missão em Karakura, Tine sentia que talvez estivesse mais perto de descobrir alguma coisa. Era como se o destino continuasse a puxá-la para aquele momento do passado, a forçando a revisitar uma pergunta que nunca teve resposta.

Ao entrar em seu escritório, Tine se sentou em sua cadeira, observando a pilha de documentos que precisavam de sua atenção antes de partir para Karakura. Mas, por um breve momento, ela deixou seus pensamentos vagarem.

"Será que dessa vez eu vou encontrar respostas?"

Lá fora, o som das carpas movimentando a água e o vento balançando as árvores parecia acalmá-la, pelo menos por enquanto. Mas, o barulho de sua porta se abrindo bruscamente à puxou de seus pensamentos.