Já imaginou fazer parte do eletrizante universo da Fórmula 1, vivendo momentos intensos ao lado dos maiores pilotos do mundo? Neste livro, você terá a chance de mergulhar em histórias únicas e inesquecíveis, onde cada página o leva para os bastidore...
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"Eu não preciso que você seja perfeita, eu só preciso que você seja real."
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Os primeiros meses após a nossa reconciliação foram uma mistura de emoções intensas. Algo em mim, que estava guardado e adormecido por tanto tempo, finalmente despertou. A conexão que existia entre Ayrton e eu era como uma chama que, ao ser reacendida, iluminava tudo ao seu redor. Mas, ao mesmo tempo, a luz dessa chama era ofuscada por sombras, e as sombras, aquelas que vinham do mundo ao nosso redor, eram difíceis de ignorar.
A minha vida, que antes era marcada pela tranquilidade do meu trabalho no hospital, foi invadida pela constante atenção da mídia. Comecei a acompanhá-lo em algumas corridas, mas logo percebi que, ao meu lado, ele não era apenas o piloto, o herói das pistas. Ele era também o foco de um turbilhão de olhares curiosos, câmeras que estavam sempre à espreita, tentando capturar o menor gesto ou palavra. E, junto com ele, eu, que sempre fui uma mulher simples, sem pretensão de viver sob os holofotes, me vi imersa em uma realidade que eu nunca havia imaginado.
No começo, eu tentei lidar com a situação da melhor forma possível. As pessoas começaram a me reconhecer, os jornalistas apareciam nos lugares mais inesperados, e as perguntas se tornaram cada vez mais insistentes. Não importa o quanto eu tentasse me manter discreta, o simples fato de estar ao lado dele me colocava em um pedestal que eu não queria. Eles queriam saber tudo, desde o que eu estava vestindo até a minha opinião sobre os relacionamentos passados de Ayrton. A pressão era imensa, e por mais que tentasse me manter firme, às vezes eu me sentia esmagada por tudo o que estava acontecendo.
— Você está bem? — perguntou Ayrton, sempre atento aos meus sentimentos, no momento em que estávamos em uma de suas corridas. Ele notava a tensão em meu rosto, mesmo que eu tentasse disfarçar.
Eu sorri, tentando dar a ele uma resposta reconfortante. Mas a verdade era que eu estava começando a me sentir sufocada. Não apenas pelas câmeras e pelos flashes, mas pela pressão que parecia vir de todos os lados.
— É só... é tudo tão novo para mim — admiti. — A pressão... as expectativas... às vezes, eu não sei se consigo lidar com tudo isso.
Ele me olhou com uma expressão protetora, um olhar que me dizia que ele estava ao meu lado, sempre. No entanto, a pressão não vinha apenas de fora. Havia também a pressão interna, algo que eu não conseguia controlar: a constante comparação que fazia com os outros relacionamentos dele. Como se eu não fosse boa o suficiente para ele, como se meu lugar no mundo dele fosse sempre uma incógnita.
Eu sabia que não podia me comparar com aquelas mulheres com as quais ele havia se relacionado antes. Xuxa, a mulher mais famosa do Brasil, e outras que tinham a fama, a beleza e o glamour, enquanto eu era apenas uma enfermeira, longe dos círculos de celebridades. Mas, ao mesmo tempo, minha insegurança não me deixava ignorar a pressão que sentia, principalmente em relação à família dele.
Os encontros com a família de Ayrton, os jantares, as conversas, eram momentos desconfortáveis para mim. Eu sentia que estava sendo observada, como se precisasse provar o tempo todo que era boa o suficiente para ele, que era digna de estar ao lado do ícone que Ayrton já se tornara. O julgamento era sutil, mas estava sempre presente, como uma sombra que se estendia sobre nós.
A mãe dele, Dona Neide, era amável, mas eu sabia que ela tinha expectativas. E as críticas de outros membros da família, embora ditas com suavidade, estavam ali, implícitas nas entrelinhas. Eu não me encaixava no estereótipo da mulher perfeita que todos esperavam. E isso me incomodava profundamente. Eu me sentia uma intrusa em um mundo que não era o meu.
— Não se preocupe com eles — disse Ayrton, numa noite, após uma refeição tensa na casa dos pais dele. — Eles podem ter opiniões, mas só a minha opinião importa. Você está aqui por quem você é, não pelo que eles esperam.
Eu queria acreditar nele. Queria muito. Mas havia algo na maneira como ele falava sobre suas origens, sobre sua família, que me fazia pensar que ele ainda sentia a pressão de agradar a todos. Eu queria ser a mulher que ele merecia, a mulher que ele pudesse apresentar com orgulho, e não a que teria que defender o tempo todo.
Com o tempo, eu fui começando a me acostumar. Aprendi a ignorar os olhares curiosos, os flashes que iam e vinham, e a desconfortável sensação de ser um peão no tabuleiro de outras pessoas. Com a ajuda de Ayrton, aprendi a confiar mais em mim mesma, a me sentir segura em minha própria pele. Ele me dava confiança, não importava o que os outros pensassem.
E foi numa dessas corridas, quando estávamos em um evento de patrocinadores, que ele fez algo que eu nunca esquecerei. Ele subiu ao palco, depois de conquistar uma vitória brilhante, e, em vez de agradecer aos patrocinadores ou aos fãs, ele fez algo completamente inesperado.
— Quero fazer uma declaração — disse ele, com um olhar sério, olhando diretamente para a plateia que estava em silêncio. — Todos sabem que a minha vida está sempre em foco. Mas quero deixar claro algo importante. A pessoa que está ao meu lado é alguém que merece respeito. A Sn não é apenas uma mulher que está comigo. Ela é forte, independente, e tem o coração mais genuíno que eu já conheci. Não importa o que digam, não importa as críticas. Eu estou com ela, e isso é o que importa.
Eu fiquei sem palavras. Não pude evitar que as lágrimas aparecessem em meus olhos. O mundo, que sempre parecia nos observar, agora tinha uma visão mais clara do que realmente importava. Ele estava me defendendo, me protegendo diante de todos. E isso, mais do que qualquer vitória nas pistas, era a maior conquista de todas.
A partir daquele momento, o peso da pressão diminuiu um pouco. Ayrton me mostrava, a cada dia, que não importava o que as pessoas pensassem. Ele estava ao meu lado, e era isso que eu precisava para me sentir completa.
O recomeço não foi fácil. Mas a declaração pública de Ayrton foi um marco. Era como se, finalmente, pudéssemos começar a escrever nossa própria história, sem medo dos julgamentos, das expectativas dos outros. E, por mais que o mundo ao nosso redor tentasse nos dividir, sabíamos que, juntos, nada poderia nos separar.
Agora, só o futuro poderia decidir o que nos aguardava.
