Bʀᴀᴢɪʟ

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Sem me deixar respirar - ele me beija com força.

11:38 AM

– Finalmente acordou, linda.

– Michael... Ah... - falo, me sentando na cama, e olhando para ele, que estava na minha frente.

–São... 11:38 AM, acorda, vai almoçar e dá uma arrumada nesse cabelo, mulher.

–O que aconteceu?... - pergunto, mas ele vai embora antes que eu possa responder.

Desvio o olhar, mas me levanto e arrumo meu cabelo. Vou até a cozinha, me sento numa cadeira, me servem, e começo a comer. Ele não gostou de ontem a noite? Achei tão... Confortante. Poxa, o que eu fiz de errado?... Me chamou de linda e depois de mulher? O que tem de errado comigo? Awg, que saco.

12:13 PM

Termino de comer, e ele aparece.

–Vamos pro carro, preciso te levar pro aeroporto.

–Hm? Que?

–Você vai voltar para o Brasil, Isabelly.

–Mas...

Ele foge de mim de novo. Então era por isso? Sinceramente... Minha mãe deve ter ligado pra ele... Queria ficar mais. Ficar mais com ele... Merda, chega, eu preciso me casar, tirar esse homem da minha cabeça. O stalker... É com ele que vou me casar, lembra, Isabelly?... Que seja. Se minha mãe o escolheu, deve ser uma boa pessoa... Que me ameaça.. CHEGA!

Levanto da mesa, e vou até o carro, abro a porta, me sento no banco, fecho a porta, coloco o cinto e Michael começa a dirigir. Nenhuma palavra é trocada durante a pequena viagem, e eu me sinto mal sobre isso. Ele devia estar frustrado. Ou bravo. Mas eu contei pra ele... Não percebo o tempo passar, e chegamos no aeroporto.

Coloco a mão na coxa dele.

–Vou sentir saudades, lindo.

–Você vai se atrasar. - ele me fala, entregando uma bolsa com o passaporte, identidade minha e dinheiro.

Tiro a mão da coxa dele, pegando a bolsa.

–Então foi isso? Nunca mais vai falar comigo? - ele fica quieto - Adeus, então.

Saio do carro, sem olhar para trás. Ele pode não perceber, mas saio chorando. Era simplesmente isso. O meu noivo vai provavelmente matar ele, então nunca mais vamos nos ver. Abaixo meu olhar. Queria refazer o que fiz, por que fui tão idiota em falar aquilo?...

22:57

Cheguei no Brasil de noite. Merda, por que vim sem celular? Agora não sei se meus pais vão me buscar. De qualquer forma, posso ir a pé, não é tão longe daqui a casa deles.

Ando nas estradas, muita gente ainda estava acordado, com as luzes acesas. Os postes iluminavam a rua de asfalto, uma árvore de ipê se alastrava pela calçada... Sinto alguém me segurando pela cintura.

–O que uma mulher tão linda como você está fazendo nessas ruas de noite?...

Viro para trás. Ninguém. Merda de stalker, esse idiota já sabia que eu estava aqui.

–Fazia tempo que você não aparecia, né, idiota? - falo com ele, sem parar de andar normalmente.

–Está chamando seu noivo de idiota?

–Estou. Algum problema?

–Nenhum, só que cadelas desse jeito merecem ser punidas, não acha?

–Como minha mãe escolheu alguém tão imbecil para passar o resto da vida comigo?... - resmungo comigo mesma.

Vejo um homem vindo em minha direção, um maloqueiro, devia estar com maconha até no rabo.

–E aí gatinha! Não deveria estar andando sozinha por aqui... Quer uma bebida? Eu te pago, gata.

–Não, obrigada.

–Ah vai... Só uns goles, depois a gente... - ele fala, colocando a mão na minha bunda - Pode ir pra cama...

"Alguém" acerta um fardo tranquilizante no pescoço do maloqueiro. Passo por cima do garoto, que estava caído, e continuo a andar.

–Era só...

–Silêncio. - ele me interrompe.

Continuo andando, percebendo com quem vou ter que lidar pelo resto da minha vida. Mas... O homem não devia ter me tocado mesmo... Talvez seja só proteção... Nossa, imagina se eu tivesse transado com o Michael. Se ele soubesse, torturaria o pobre coitado até a morte.

Vejo a casa dos meus pais, e toco a campainha.

–Filha! Que bom que Michael te levou até o aeroporto. - meu pai diz.

–Pai! Estou feliz que você esteja aqui. Mamãe te contou que eu vi uma notícia e pensei que fosse vocês dois?...

–Sim, contou. Vocês duas tem bastante o que resolver sobre o casamento.

–Sério? Já vamos começar? - pergunto, com tédio.

–Sim, filhota. Vai ser daqui há 2 meses.

–Estou com medo.

–Não se preocupe, eu também aceitei ele.

–Você também?... Ele acabou de tranquilizar um cara na minha frente.

–Ele deve ter seus motivos, né, mocinha?

Reviro os olhos, e entro em casa. Ah, lar doce lar. Quando eu estava aqui, não tinha tantos problemas quanto agora.

08:21

Acordei, no dia anterior, tomei banho e fui dormir. Então fui tomar café da manhã, disse bom dia para os meus pais. Comi pão caseiro com margarina e café, e depois eu e minha mãe fomos ver algumas opções de lugar para o casamento. Podíamos fazer num salão, mas... Eu quis fazer num parque. O parque dos meus pais, particular. Eu não sabia o por que eles compraram, e nunca fui pra lá, então, por que não? Minha mãe aceitou.

Começamos a escolher a paleta de cores... Eu escolhi verde oliva e lilás, acho que iria ficar lindo com um branco, aliás que eu ia me casar num lugar externo, ia ficar simplesmente lindo. Mesmo que o casamento seja com alguém que eu não queira... Eu quero estar bonita, quero estar em um lugar bonito.

–Mãe, podemos adiantar esse casamento?...

–Ah... Claro, ainda não convidamos ninguém, então acho que não há problemas. Só vamos achar o buffet e as outras coisas o mais rápido possível, e assim que estiver tudo pronto, você quer se casar, isso?

–Pode ser. Podemos experimentar os vestidos amanhã? Daí eu quero comprar ele, não alugar.

–Sim, sim. Por mim tudo bem, minha querida.

Sorrio. Não queria que fosse daqui já 2 meses, ele ia ficar me atormentando enquanto eu estivesse sozinha. Se nos casarmos, bom, eu vou conhecer ele, e o mesmo não precisará ficar se escondendo de mim. Pra que esse suspense todo também?

Fim do capítulo "Bʀᴀᴢɪʟ".

Blue Wood ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora