A semana inteira de Juliette foi de muito aprendizado, mas apesar dela absolver sumariamente os ensinamentos, seus pensamentos por hora iam longe. Ficavam pensando em chegar o sábado, as 20 horas.
- Está tudo bem organizado. Estou bem tranquilo com relação a isso e trago aqui o seu ajuste salarial senhora Juliette.
Juliette segurou a folha e viu um aumento de 2.335 reais no seu salário.
- Doutor Matheus...
- É tudo isso e ainda terá bonificação. Eu não sei quando volto, mas espero voltar com meu filho vivo. Ele está bem animado ultimamente, mas na próxima segunda é dia de quimioterapia, sempre é difícil vê-lo tão frágil.
- Eu sinto muito.
- Não conhece o meu filho, não é? Ele é tão jovem ainda.
- Não conheço doutor, mas creia que ele ficará bem. Tudo na vida se ajeita. Doutor Matheus, eu poderia te fazer um pedido?
- Pode fazer.
- Pode me indicar um bom corretor de imóveis?
- Posso.
- Vou vender meu apartamento e comprar um menor. Vai ser melhor para mim.
- Eu te passarei o contato do meu.
A decisão de Juliette estava tomada. Venderia seu apartamento e com o dinheiro restante poderia dá entrada em um menor que tivesse prestações mais acessíveis ao seu antigo salário.
...
Na manhã de sábado, ela recebeu um corretor no seu apartamento e colocou o imóvel a venda.
Com sorte o dinheiro que sobrasse dele, pagaria o restante das parcelas e sobraria ainda dinheiro para adquirir um novo imóvel.
O mesmo ela faria com o carro, o trocaria por um mais simples e mais econômico e seria suficiente.
...
No cair da noite, ela já estava pronta para ir ao motel Afrodithe. Dessa vez iria de vestido e o chapéu usaria apenas na recepção. Para aquele homem, ela decidiu que mostraria o seu rosto.
Talvez fosse precipitado? É... Era um risco, mas se fosse o último encontro, ao menos ele poderia lembrar o seu rosto.
- O senhor Rodolffo já lhe espera na suíte. - o recepcionista informou.
Ela olhou surpresa ao ouvir o nome dele, mas seguiu a passos rápidos até o seu encontro.
Entrou na suíte sem bater e Rodolffo estava de costas.
- Rodolffo? - ela chegou o chamando.
- Oi Helena. - ele virou-se e ela foi tirando lentamente o chapéu que lhe escondia uma parte do rosto.
Era a primeira vez que ele via o rosto dela sem nenhum adereço.
- Ainda sou eu, mesmo que não esteja acostumado a me ver assim.
- Claro que é você. É uma mulher linda Helena.
Ela caminhou até ele e o abraçou. Rodolffo a apertou entre os braços e cheirou os seus cabelos.
- Eu não quero que seja o último encontro Helena.
- Não precisa ser. Nós temos tempo. Eu não sei se iremos além das paredes dessa suíte, mas isso não importa agora.
Rodolffo segurou o rosto dela entre as mãos.
- Eu não tenho mais tempo. Mas o pouco que me resta, quero estar com você. Me conceda a exclusividade.
- Não vou mais me prostituir. Essa foi uma decisão que tomei essa semana. Eu nunca me orgulhei disso e agora tenho um motivo para não conseguir fazer mais isso...
- Um motivo? Qual?
- Eu estou apaixonada.
Rodolffo beijou o nariz e depois a boca da linda mulher que estava a sua frente.
- Helena eu não posso te prometer nada.
- Eu sei que não pode. Sou consciente que não posso esperar nada de um cliente.
- Não é isso... Helena eu estou morrendo. Meu corpo está doente e eu não sei quanto tempo tenho.
- Isso pode ou não acontecer, mas se estamos aqui hoje podemos ser amparo um para o outro.
- Helena... Se eu te fizesse um pedido nada comum, você promete não sair daqui correndo?
- Que pedido?
- Não posso te pedir isso. É egoísta demais da minha parte.
- Pede... Se começou, agora termina.
- Helena geraria um filho meu?
O olhar de estranhamento foi instantâneo no semblante dela.
- Um filho? Não Rodolffo. Eu não posso.
- Eu entendo. Mas isso não vai estragar a nossa noite, assim eu espero Helena.
...
Os pensamentos iam e vinham na cabeça de Juliette. Depois do sexo, eles resolverem ficar para dormir, mas ela não conseguia ficar tranquila.
- Por que quer ter um filho se diz que não tem muito tempo?
- Por que eu não quero que meus pais sofram tanto. Por que eu quero que no mundo haja algo de mim e também por que eu provavelmente vou perder os testículos e sei lá mais o quê... Tenho nódulos no sistema linfático e já há metástase.
- Nunca engravidei, nem mesmo quando me descuidei, então não sou fértil o suficiente. Mas você não pode perder a fé.
- Eu tento Helena. Eu tenho me esforçado.
Eles não conversaram muito. Dormiram uma boa parte da noite e lá para as tantas da madrugada, ela o despertou com beijos.
- Helena...
- Promete que ainda vamos nos ver de novo? Que ainda vai me amar de novo?
- Essa suíte sempre será a nossa... Se eu conseguir voltar, aqui nos encontraremos.
- Chama-me Ju... Helena não é o meu nome.
- Ju... Ju...
A Ju se entregou a sua paixão desconhecida de forma inconsequente e até juvenil, sem medir as consequências.
...
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Suíte N°150
FanfictionEssa história traz a vida de uma advogada renomada, mas que tem um trabalho alternativo nas noites cariocas.