Capitulo 23-Eu não tinha nada e me sentia incrivel

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POV Júlia Kaminari

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POV Júlia Kaminari

A manhã chegou, mas parecia que a noite nunca tinha acabado. O sol atravessava a cortina semiaberta do meu quarto, mas a claridade só me irritava ainda mais. Eu mal tinha dormido, e quando o fiz, sonhei com coisas desconexas que me faziam acordar com o coração disparado. As palavras do vídeo ainda ecoavam na minha cabeça. "É mídia, irmão."

Sentei na cama, olhando para o celular que piscava incessantemente com notificações. Mensagens de amigos, familiares e até seguidores perguntando sobre o vídeo. Alguns tentavam me consolar; outros, claro, já tinham uma opinião formada sobre mim e Ghard.

"Você sabia disso?"
"Que decepção!"
"Coitada, usaram você."

Cada notificação era como uma picada, me lembrando que eu não podia fugir. Mas fugir era exatamente o que eu queria fazer. O telefone tocou. Era Madu. Ignorei.

"Preciso sair dessa bolha," pensei, mas, no fundo, eu não sabia como.

Levantei e fui até a cozinha, onde Nicolas tinha deixado um bilhete pregado na geladeira:
"Fiz mais brigadeiro pra te ajudar."

Sorri de leve. Nicolas era bom em me fazer lembrar que eu ainda tinha pessoas que se importavam comigo. Peguei o brigadeiro na geladeira e comi ali mesmo, de pé. Era doce, mas nada conseguia mascarar a amargura que eu sentia por dentro.

Depois de me arrumar rapidamente, peguei a bolsa e fui direto para a gravadora. Meu plano era simples: manter a cabeça erguida, evitar contato com Ghard e cumprir minhas tarefas. Mas, claro, nada nunca era tão simples assim.

No caminho até a gravadora, comecei a ensaiar na cabeça o que diria para Nagali. Eu ainda não tinha decidido se confrontaria ele diretamente, mas minha raiva borbulhava só de pensar em como ele tinha contribuído para tudo isso.

Ao entrar no prédio, percebi os olhares curiosos e sussurros. Meu coração apertou, mas mantive a postura. Fui direto para minha sala, fechando a porta atrás de mim.

Comecei a trabalhar, revisando agendas de shows e analisando ideias para os próximos clipes. Minha cabeça estava a mil, mas eu precisava de foco. Trabalhar era a única forma de manter minha mente ocupada e longe de tudo aquilo.

A porta bateu de leve, e eu sabia que era Madu antes mesmo de abrir.

— Posso entrar? — ela perguntou, já entrando antes que eu respondesse.

— Claro.

Desde que Madu começou a namorar Veigh, ela vivia mais na gravadora do que eu, que realmente trabalhava aqui. E, apesar de eu brincar com ela sobre isso, a verdade é que eu amava. A presença dela sempre foi um ponto de equilíbrio no meu dia a dia. Quando tudo parecia uma confusão — contratos ou mensagens sem fim nas redes sociais —, Madu estava lá, com seu jeito leve, me arrancando risadas ou oferecendo um ombro amigo. Era uma das poucas pessoas que sabia exatamente quando me dar espaço e quando me puxar de volta à realidade.

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