Carta a Meu amante
Meu querido,
É com o coração repleto de saudade e as mãos trêmulas que me atrevo a escrever-lhe estas palavras, que mais são um suspiro do que um verdadeiro discurso. Quisera eu poder encontrar o modo mais adequado de expressar o que sinto, mas a verdade é que as palavras se tornam pequenas diante da vastidão do que nos uniu, e do que ainda me atormenta com sua ausência.
Lembro-me, como se fosse ontem, da primeira vez que nossos olhos se cruzaram. Era como se o mundo inteiro tivesse se recolhido ao nosso redor, e apenas tu e eu existíssemos naquele instante. Era um olhar puro, repleto de uma quietude que me enlevava, como a brisa suave da manhã que acaricia a pele e penetra até o mais íntimo dos sentimentos. Oh, meu bem, como me perdi naquele olhar, sem saber que, ao mesmo tempo em que me entregava àquele instante, a vida se preparava para me arrancar de ti.
Quantas vezes, nas horas mais sombrias da noite, em que o silêncio nos envolvia como um manto, eu me perguntava o que faria se um dia esse amor fosse interrompido. Tu sempre tinhas um sorriso sereno, uma palavra doce, como se soubesses que a tristeza poderia nos tocar, mas nunca nos destruiria. E ainda assim, a fatalidade se abateu sobre nós com uma violência que jamais imaginávamos ser possível. O ódio de um mundo cego e insensível nos separou de forma irreparável, e meu peito, que antes pulsava forte ao ritmo do teu, se viu perdido em uma quietude mortal.
Ah, meu amor, como doeu ver-te cair aos meus pés, como a flor que, em pleno desabrochar, é arrancada pela tempestade. Não pude sequer evitar. Fui impotente, como se os céus tivessem resolvido punir nossa felicidade, como se quisessem ensinar-nos que o amor, em sua forma mais pura, é uma chama que consome, que arde e se apaga com a mesma rapidez com que nasce. Tu foste arrancado deste mundo de maneira brutal, e eu fiquei, só, com a dor de não ter podido te proteger.
Ainda assim, não te culpo, meu bem, por teres sido o que eras, por seres aquilo que minha alma sempre desejou, e que o mundo não podia compreender. Nosso amor, apesar de não ter sido vivido como os outros, foi verdadeiro e sincero, e é isso o que guardo no fundo de meu coração, onde ninguém jamais poderá tocá-lo.
Hoje, ao escrever-te, as lágrimas se misturam com a tinta que se derrama sobre o papel. Mas não falo de tristeza. Falo de um amor que transcende a dor e a morte, que vive no silêncio das minhas lembranças, que habita em cada canto de minha alma, como uma chama que, embora velada, jamais se apaga. Eu te amo, e sei que, embora os corpos se separem, o nosso amor será eterno.
Fico aqui, esperando o dia em que, quem sabe, em um outro plano, sob outra luz, possamos nos encontrar novamente. Até lá, meu amor, restam-me as memórias de nossos momentos juntos, essas que me aquecem e me sustentam nos dias frios e amargos.
Com todo o meu ser,
Teu eterno admirador,
Amaro.
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To my dear...
RomansaCom uma breve explicação, digo que por meio desta, busco expressar o que sinto. Penso que faltam detalhes, mas o que vem do fundo de minha alma não pode ser escrito. Creio que uma carta seja o meio mais eficaz de comover alguém, trazendo à tona memó...