Grávida.

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A Bomba Caiu (e Explodiu em Mim)

Eu não estava acreditando no que meus olhos viram. Dois palitinhos, dois traços. A pia do banheiro, palco do meu novo drama existencial: grávida. Cinco semanas, pra ser exata.

Como eu não desconfiei? Atraso, seios sensíveis (tipo, sensíveis mesmo!), cansaço extremo (dormiria em pé se pudesse), enjôo matinal (só que o meu era o dia inteiro!),  mudanças de humor dignas de um personagem de novela mexicana, dor nas costas e cólicas leves.

Caramba, Emma, você é muito idiota! Me xinguei mentalmente, num diálogo interno digno de Oscar. Tudo culpa minha, principalmente daquela parte do meu cérebro que decidiu dar um tilt e esquecer a bendita camisinha!O que seria uma noite divertida, pós-semana estressante, virou meu próprio filme de terror particular.

Tá, talvez não o fim do mundo. Afinal, estou gerando um ser humano dentro de mim. Mas, gente, que susto! Que medo! Chorei feito criança no banheiro, mas isso não ia resolver nada. Tinha que achar um jeito, mesmo que fosse difícil pra burro.

Funguei, me olhei no espelho (aquele espelho que parece me julgar, sabe?) e foquei meus olhos na minha barriga chapada. Só um top me cobria, e minha mão esquerda, tremendo mais que folha ao vento, pousou ali, sobre a minha barriga lisa, ainda sem sinal de gravidez aparente.

– Eu não sei o que fazer... – murmurei, acariciando a barriga. – Desculpa, mas...

Não! Apenas não! Eu não podia ser tão cruel.  Insinuar um aborto? Me culparia pro resto da minha vida. Só precisava de um rumo, de conselhos da minha amiga-irmã, Joy.

Suspirei, dei mais uma carícia na barriga e saí do banheiro. Caminhei com passos firmes (tão firmes quanto meus joelhos bambos permitiam) até a sala. Meu apartamento: pequeno, mas com a elegância minimalista de um eremita zen-master (que, convenhamos, provavelmente não teria uma TV de tela plana). Tons clarinhos, tipo aqueles que te fazem suspirar e pensar em paz mundial... enquanto você tropeça nos próprios pés no corredor minúsculo. O piso, um espelho que reflete a minha própria angústia existencial (e a poeira que eu esqueci de limpar). Sala, cozinha e jantar integrados num espaço que só funciona em revistas de decoração e em sonhos impossíveis. O sofá, pálido como a minha esperança de um dia ter um closet decente...

 O sofá, pálido como a minha esperança de um dia ter um closet decente

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Resumindo: um pequeno paraíso caótico. Meu pequeno, caótico paraíso. Moro sozinha (a melhor coisa do mundo!), desde os 19. Saí de casa porque não ia viver às custas dos meus pais, né? Seria meio indelicado.

Me joguei no sofá, afundei as mãos nas almofadas até achar meu celular. Desbloqueei a tela e mandei uma mensagem pra Joy:

Chat on-line: Joyzinha💖

Pregnant in trouble - JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora