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Visão Duda


Eu não sabia se tinha feito a escolha certa. Talvez nunca fosse possível ter o que tínhamos hoje novamente, e eu simplesmente estraguei tudo. Mas a verdade é que precisávamos conversar. Aquela situação estava me sufocando, de tal maneira que eu mal conseguia olhar para ela. Às vezes parecia que algo estava crescendo dentro de mim, algo que não deveria existir. Um sentimento que não era recíproco. Só de ela me tocar, mesmo que fosse um simples encostar, todo o meu corpo reagia, como se estivesse sendo tomado por uma energia intensa e involuntária. Mas a pergunta que não saía da minha cabeça era: será que ela sentia o mesmo por mim? Ou, quem sabe, estava apenas querendo suprir a ausência do Mítico, já que não podia ter ele naquele momento?

-Fiz algo errado, Duda?– Sofia me perguntou com um tom de preocupação, se afastando de cima de mim e se sentando no sofá.

-Claro que não – respondi rapidamente, tentando esconder o turbilhão dentro de mim. – Eu adorei, mas... Precisamos conversar.

Ela me olhou curiosa enquanto eu passava a mão no seu cabelo, afastando uma mecha que caía sobre sua orelha.

-Pode começar, Duds. – disse, olhando fixamente nos meus olhos.

Eu respirei fundo, sentindo o peso da conversa que estava por vir.

-A gente está estranha, Sofia. Não temos conversado mais, nem parece amizade... Eu travei, tentando encontrar as palavras certas. -Eu sinto falta da nossa conexão.

Sofia me olhou, com uma expressão indefinida. Talvez estivesse sentindo o mesmo, mas as palavras pareciam não vir com facilidade para ela também.

-Eu também sinto isso. Você é minha melhor amiga, Duda. Isso é... muito estranho. – ela respondeu, o olhar vazio de qualquer emoção que eu pudesse decifrar.

"Amiga", aquela palavra nunca me doeu tanto.

-Eu também acho estranho...– falei, tentando controlar a raiva que estava começando a crescer em mim. -E tem o Mítico... Eu não quero interferir no relacionamento de vocês.

Só de ouvir o nome dele me deixava insegura e irritada.

-Que relacionamento com o Mítico? – Sofia se exaltou, como se estivesse falando de algo absurdo. Ela parecia estar brincando com a minha cara. Mentir daquele jeito? Na minha frente?

-Sofia, você acha que sou otária, é isso? – a frustração tomou conta de mim. – Só porque a gente ficou, você agora vai esconder tudo?

-Eu esconder coisas? – ela aumentou o tom, já não mais tentando esconder a raiva. –Eu sei muito bem quem ficou com minha ex-ficante, foi você! E você sabe o quanto ela me fez sofrer! O quanto foi difícil! O que foi aquele relacionamento conturbado, Duda?

Eu congelei. "Como assim, eu fiquei com a Luísa?" Isso não fazia sentido. Eu estava tão bêbada na festa que nem lembrava disso. Eu tinha feito aquilo sem perceber?

-O quê? Como assim, eu fiquei com a Luísa? - minha voz saiu em tom de surpresa, tentando entender o que estava acontecendo.

-Pelo visto, quem está se fazendo de besta aqui é você, não sou eu. – Sofia respondeu, mantendo o tom elevado.

Aquela confusão estava se tornando insuportável. A verdade estava ali, bem diante de mim, e eu não sabia como lidar com ela. Mas eu sabia que, ao menos, não podia continuar nesse jogo de ignorância e insegurança.

-Você sabe o que está fazendo, Sofia. Eu não sou mais um peão no seu jogo.  Eu disse, a raiva finalmente transbordando. – Já cansei disso tudo.

Eu não podia mais ficar ali, com tudo tão confuso, com o medo de que, se ficasse, acabaria me afundando ainda mais.

-Eu vou embora, Sofia. – falei, tentando controlar a voz trêmula, prestes a chorar.

Ela me olhou por um momento, mas não disse nada. Apenas virou-se para o quarto, sem um olhar sequer de arrependimento ou compreensão.

-A gente pode ter brigado, mas não vou te deixar pedir um Uber às três da manhã, né, Eduarda? – ela disse, com uma leve ironia, antes de fechar a porta.

Eu não sabia mais o que fazer. As palavras estavam me faltando, e o peito parecia apertar cada vez mais. Eu queria fugir de tudo aquilo, mas sabia que não seria assim tão simples.

-Eu vou pedir para alguém me buscar então. – falei, triste e sem forças para argumentar mais.

Sofia não respondeu, entrou em seu quarto e me deixou sozinha na sala, com um nó na garganta. No final, eu acabei pedindo um Uber. Não conseguia mais suportar a tensão, nem a angústia que parecia tomar conta de mim. E, no fundo, sabia que essa briga não era sobre a Luísa ou o Mítico. Era sobre algo muito mais profundo entre mim e Sofia. Algo que talvez eu nunca conseguisse entender totalmente.

Mas por agora, eu só precisava ir embora. Voltar para minha casa e tentar entender o que realmente estava acontecendo dentro de mim.


Oiii galeraaaa, a desgraceira da escola acaba segunda! Vou poder postar maiss. Provavelmente não vou postar sabado, pois vou fazer aniversarioo. Vou fazer 13 aninhos galera. É isso gente. Bjss



O que nós somos? - SoardaOnde histórias criam vida. Descubra agora