𝑻𝒉𝒆 𝑯𝒆𝒂𝒓𝒕 𝑲𝒊𝒍𝒍𝒆𝒓𝒔 ⸜⸜ 𝗉𝗈𝗇𝖽𝗉𝗁𝗎𝗐𝗂𝗇 𝖺𝗈𝗎𝖻𝗈𝗈𝗆

⁽ 𝟏 ⁾

𝗘𝘀𝘁𝗮́ 𝗘𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮 𝗮𝗻𝘁𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗻𝗮𝗱𝗮 𝗲́ 𝗙𝗶𝗰𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗲, 𝗮𝗹𝗲́𝗺 𝗱𝗼 𝗻𝗼𝗺𝗲 𝗲 𝗱𝗮 𝘀𝗶𝗻𝗼𝗽𝘀𝗲 𝗾𝘂𝗲 𝗳𝗼𝗿𝗮𝗺 𝗯𝗮𝘀𝗲𝗮𝗱𝗮𝘀 𝗻𝗮 𝘀𝗲́𝗿𝗶𝗲 𝗧𝗵𝗲 𝗛𝗲𝗮𝗿𝘁 𝗞𝗶𝗹𝗹𝗲𝗿𝘀 𝗱𝗮 𝗚𝗺𝗺𝘁𝘃, 𝗲𝗹𝗮 𝗻𝗮̃𝗼 𝘁𝗲𝗺 𝗺𝗮𝗶𝘀 𝗻𝗲𝗻𝗵𝘂𝗺𝗮 𝗼𝘂𝘁𝗿𝗮 𝗰𝗼𝗻𝗲𝗰𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗰𝗼𝗺 𝗮 𝘀𝗲́𝗿𝗶𝗲. 𝗘𝗻𝘁𝗮̃𝗼 𝗻𝗮̃𝗼 𝗲𝘀𝗽𝗲𝗿𝗲𝗺 𝗾𝘂𝗲 𝗮 𝗲𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮 𝘀𝗲𝗷𝗮 𝗽𝗮𝗿𝗲𝗰𝗶𝗱𝗮 𝗰𝗼𝗺 𝗮 𝘀𝗲́𝗿𝗶𝗲, 𝘀𝗮𝗹𝘃𝗼 𝗾𝘂𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗲𝘂 𝗺𝗲 𝗯𝗮𝘀𝗲𝗮𝗿 𝗻𝗮 𝗺𝗲𝘀𝗺𝗮 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗲𝘀𝗰𝗿𝗲𝘃𝗲𝗿 𝗮𝗹𝗴𝘂𝗺𝗮 𝗰𝗲𝗻𝗮. 𝗔𝗻𝘁𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝘁𝘂𝗱𝗼, 𝗲𝘀𝘁𝗲 𝗲́ 𝘂𝗺 𝘁𝗿𝗮𝗯𝗮𝗹𝗵𝗼 𝗺𝗲𝘂, 𝗻𝗮̃𝗼 𝘁𝗲𝗻𝗵𝗼 𝗮 𝗶𝗻𝘁𝗲𝗻𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗱𝗲 𝗼𝗳𝗲𝗻𝗱𝗲𝗿 𝗼𝘂 𝗰𝗼𝗽𝗶𝗮𝗿 𝗮 𝘀𝗲́𝗿𝗶𝗲.

Aou estava imerso em seu estúdio, um espaço que exalava uma aura misteriosa e sombria. As paredes escuras e de madeira, quase negras, refletiam a luz quente das lâmpadas, que criavam um ambiente íntimo e reservado. O cheiro peculiar de tinta de tatuagem fresca se misturava com o aroma penetrante de pele recém-tratada, um perfume inconfundível que pairava no ar, tão característico do seu trabalho. A mesa de trabalho, repleta de ferramentas cuidadosamente dispostas e frascos de tinta, refletia a dedicação que Aou tinha à sua arte. Mas, naquele momento, ele não estava apenas criando desenhos sobre a pele de um cliente, mas sim aplicando cada linha com precisão, sua mão firme e experiente guiando a agulha com destreza.

O silêncio do estúdio, interrompido apenas pelo zumbido suave da agulha e os leves suspiros do cliente, parecia imerso em uma tranquilidade quase perturbadora. Mas, de repente, o som do telefone rompeu o silêncio como uma faca cortando a calmaria. Aou não se perturbou. Ele já sabia o que vinha.

Com um movimento fluido, quase automático, ele retirou a agulha da pele do cliente e deixou-a repousar na mesa, já limpando a ponta com um pedaço de papel. Seu olhar foi direto ao telefone, onde a tela piscou indicando uma chamada, a tensão no ar que já havia se formado entre eles. Ele pegou o aparelho, seu rosto impassível, mas seus olhos se estreitaram levemente, indicando que ele já esperava por esse contato.

"Aou?" A voz do outro lado da linha era grave, mas imperturbável. Havia uma frieza impessoal nela, quase como uma obrigação. Aou conhecia bem essa voz. Era o delegado, um contato de longa data com quem ele trabalhava nas sombras.

Aou não precisou de mais explicações. Ele sabia exatamente o que estava sendo pedido. Sua posição no submundo criminal era estratégica — discreta e sem alarde. Durante anos, ele havia se tornado um ativo valioso para investigações que exigiam uma abordagem... mais sutil. Sua habilidade em se infiltrar em ambientes sem levantar suspeitas, sua capacidade de se misturar e obter informações sem ser notado, o tornaram essencial para a polícia, mas de uma forma que poucos sabiam. Aquele trabalho era um jogo perigoso de lealdades e manipulações, mas Aou sabia jogá-lo bem.

"Preciso de você", continuou o delegado, sem oferecer muitos detalhes. A frase era direta e carregada de uma urgência fria, como se fosse um pedido, mas também uma ordem disfarçada de necessidade.

Aou deixou o silêncio se estender por um momento, avaliando a situação, como sempre fazia antes de tomar qualquer decisão. Ele olhou para o cliente, que já estava se levantando da cadeira, ainda um pouco tenso com a dor da tatuagem, e deu-lhe um aceno de cabeça, como se tudo estivesse sob controle. A agulha ficou de lado, e o ambiente, embora marcado pela tensão do telefonema, ainda parecia fiel à quietude que ele cultivava ali.