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Brenda Silva||Novembro 2024 - Rio de Janeiro||Mesmo dia

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Brenda Silva
||Novembro 2024 - Rio de Janeiro||
Mesmo dia...

Eu não sabia o que esperar quando ele mandou aquela mensagem. Quem em sã consciência sugere sair de casa à meia-noite, sem motivo aparente? Mas algo no tom dele, na simplicidade das palavras, me fez aceitar sem pensar demais. Talvez fosse a ideia de estar com ele. Talvez fosse curiosidade. Talvez fosse a adrenalina de fazer algo tão fora do comum.

Horas depois, com os pés afundando na areia e o vento gelado tocando meu rosto, tudo fez sentido. Ele não queria apenas "pegar um ar", como havia dito. Aquela noite era mais do que isso. Gabriel estava me mostrando uma parte dele que, talvez, ninguém mais visse.

- Parece que tudo anda... pesado, né? - Perguntei, enquanto chutava a areia com a ponta do tênis.

Ele suspirou, olhando para o horizonte como se buscasse uma resposta no movimento das ondas.

- É isso. Esses últimos dias... depois do jogo, tudo parece mais intenso. Todo mundo quer algo de mim. Eu só queria um momento para ser só eu.

Senti meu peito apertar. Não era só o peso das palavras dele; era perceber o quanto ele estava sendo verdadeiro. Ali, na praia deserta, longe das câmeras e da multidão, Gabriel deixava de ser Gabigol. Ele era apenas um homem, lutando para lidar com tudo o que carregava.

- Você pode ser só você - Disse, encarando-o. - Agora. Aqui.

Ele me olhou, como se eu tivesse dito algo inesperado, algo que ele não sabia que precisava ouvir.

- É isso que eu sinto quando tô perto de você. - A confissão dele veio tão de repente que me pegou desprevenida.

Fiquei sem saber o que responder. Minhas palavras pareciam insuficientes diante do que ele estava compartilhando. Então ele continuou.

- No jogo, quando você me defendeu na entrevista... foi como se você soubesse o que eu estava sentindo, sem que eu precisasse falar nada.

Lembrei daquele momento, pós jogo. Os repórteres haviam sido invasivos, e a forma como ele ficou em silêncio, ouvindo tudo, me incomodou profundamente. Minha reação de defendê-lo foi automática, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

- Eu só achei que você merecia alguém que estivesse do seu lado. - Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, mas foi sincera.

Ele deu um passo à frente, diminuindo a distância entre nós. Sua presença parecia ocupar todo o espaço, mas não de uma forma opressiva - era como se ele carregasse uma energia que me envolvia, me puxava para mais perto.

Quando ele entrelaçou seus dedos nos meus, foi hesitante, quase como se ele esperasse que eu puxasse a mão de volta. Mas eu não fiz isso. Ao contrário, segurei firme, deixando que ele soubesse que estava tudo bem.

- Você é corajosa, sabia? - Ele disse, com um sorriso quase imperceptível.

Franzi a testa, confusa.

A Última JogadaOnde histórias criam vida. Descubra agora