Sentada em uma cadeira ao lado da cama, Malena sentiu uma lágrima escorrer ao ver o estado terrível de seu irmão. Avon tremia e tinha a temperatura extremamente baixa. Ele tinha olheiras bem grandes embaixo dos olhos e estava em um tipo de coma. Não se movia, não falava e nem abria os olhos. Apenas respirava lentamente, como se a qualquer momento fosse parar.
Malena não tinha mais lágrimas para derramar, apesar da vontande incessável de chorar. Sua mãe estava mal com toda a situação e bastante preocupada com o filho, mas Malena não conseguia parar de cupar ela por isso.
Avon poderia morrer a qualquer momento e tudo por uma richa que sua mãe tinha com uma mulher, tudo pelo amor de um elfo. Não um elfo qualquer, mas um elfo. Valentina havia sido uma amiga fura olho e agora isso acarretou uma série de problemas que Malena teria que resolver no lugar dela. Até porque, pelo o que viu, sua mãe não conseguiria fazer isso sozinha.
Ela viu Valentina e Aredhel entrarem e observou as ações das duas. Valú olhou para a filha e respirou fundo.
— Filha... Eu sei que... Olha, tudo isso é muito difícil para ambos os lados, mas deve saber que ninguém sente mais dor do que eu em relação a isso. — disse ela, enquanto uma lágrima escorria tímida por seu rosto.
— Chega de usar máscaras! Você me escondeu tantas coisas e olha aonde chegamos. Eu nem sei se meu irmão vai sobreviver! E é tudo culpa sua. Eu não sei quem é aquela mulher, não sei de seu caráter, só sei que você começou isso, então logicamente sabe como terminar. Se tem algo que eu possa fazer para acabar com ela, diga-me logo, por favor! Não hesite em dizer, pois o Avon precisa de mim e eu não quero e nem vou deixar ele assim. — suplicou Malena, com a voz trêmula e cheia de raiva. Uma raiva que Valentina conhecia de perto.
Os olhos de Valentina marejaram e ela suspirou.
— A única forma que temos de destruí-la é você, Malena. Você precisa aprender a dominar e usar seus poderes, pois só assim conseguirá derrotar Ivana e curar seu irmão. — disse Valú, firme.
— Do que você está falando, mamãe?
— Avon está preso em um coma. Esse coma foi causado por um feitiço que ela lançou nele com aquela rajada de poder. Não tenho certeza, mas temo que meu filho só acorde com a perca dos poderes de Ivana, ou até mesmo a morte dela.
Malena sentiu seu coração errar algumas batidas e um grande nó se formou em sua garganta. Ela sabia que uma grande jornada se iniciaria e sabia também que ela estava pronta para enfrentar qualquer desafio somente para salvar seu irmão.
— Senhorita Malena, o rei Thranduil está aguardando nós duas nos grandes salões. Ele quer ter uma reunião conosco.
Malena suspirou e foi até lá junto de Aredhel.
Os salões do Rei Thranduil eram a coisa mais bela que Malena já havia visto na vida, até então. Aqueles grandes salões tinham um cheiro agradável e Malena adorava aquilo. Porém, naquele momento ela não reparou no cheiro. Naquele momento ela se concentrou apenas no rei e no príncipe.
Thranduil estava sentado em seu trono. Sua imagem era fria e inexpressiva, porém Malena sentia nele uma força fora do comum. Ela não o via como O Grande Rei Élfico: frio e arrogante, ela o via como Rei Thranduil: um grande rei que não deixava transparecer sentimentos, mas que era muito sábio e inteligente. Ele provou ser tudo isso quando Ivana atacou Avon. O único ferido foi o irmão da moça, mas o rei havia feito tudo o que estava ao seu alcance para tentar curá-lo. Thranduil sabia o que Avon significava para Malena e sabia que ela só se moveria se tivesse completa certeza de que o irmão estaria em boas mãos.
E ao lado dele estava Legolas. Estava vestido com suas roupas de couro marrom e seus cabelos não estavam soltos como da primeira vez que ela o viu. Malena se lembrou do beijo, se lembrou de como foi bom e de como ele tinha um gosto doce. Eles não se falaram depois disso, não tiveram tempo. Ela não sabia o que os dois eram naquele momento e nem sabia o que seriam.
Os olhos dele repousaram sobre ela e um suspiro ficou preso em sua garganta. Seu coração deu uma leve acelerada ao ver a moça, mas ele se conteve. Não era uma hora boa. Legolas percebeu o quanto que ela estava abatida e preocupada com o irmão. Percebeu que nela havia coragem, determinação e foco, porém com uma pitada de medo e temor. Ele sabia que no coração dela havia o medo de errar e perder o irmão, ou mais alguém da família.
O príncipe evitou encarar a moça e voltou sua atenção para o pai, que se mantinha sério e calmo, como se nada acontecesse. Legolas sabia o que aconteceria depois dali e sabia que mais uma luta se aproximava. A ponta de seus dedos adormeceram com o tamanho da ansiedade que ele sentia. Malena passaria pelo mesmo processo que Valentina passou para dominar os poderes e ele acompanharia tudo isso novamente. Apesar da tensão, Legolas estava sentindo-se nostálgico.
— Estou aqui Rei Thranduil, diga-me o que tem para dizer. — disse Malena.
— Antigamente fazia-se reverência aos Reis, esqueceu-se do respeito que me deve Senhorita? — disse o rei, com a voz calma e expressão totalmente serena.
— Perdoe-me meu rei! Eu... é que são tantas coisas, eu realmente peço que me perdoe. — disse a moça.
— Eu entendo. Estamos todos preocupados com seu irmão, mas acho que com o que irei lhe falar agora, você encontrará uma solução. Bom, na verdade creio que já temos uma solução, basta você embarcar nessa aventura.
— Eu ainda não entendi, majestade, pode ser mais claro?
— Você precisa de ajuda, Malena. Precisa aprender a dominar seus poderes, que são muito mais fortes do que os de sua mãe, por sinal. Quando aquela rajada de poder saiu de você, com apenas um grito, pude perceber algo maior; uma força inexplicável, um poder grande demais. Você pode destruir Ivana, se quiser. Porém, deve saber que não posso ensina-lá a usar esse poder. É algo que está fora de meu alcance. Aqui em Mirkwood você pode aprender a lutar com espadas e flechas, mas não posse garantir que aprenderá a dominar o que guardas dentro de si.
— E o que sugere que eu faça, Rei Thranduil?
O Rei Élfico levantou-se; calmo e sereno, suave como uma pena e rápido como um raio. Em um piscar de olhos aproximou-se de Malena e ficou tão perto dela que pode sentir a respiração falha da moça. Era isso o que ele causava nas pessoas. As vezes medo, as vezes gratidão, amor, ódio e até mesmo impotência. Era esse o efeito que Thranduil causava.
— Se você quiser, Malena, eu lhe enviarei a Valfenda, pedirei a Elrond que ensine você a usar o poder, pedirei a ele que a ajude com o que precisar. Sabendo que você é filha de Valentina, tenho certeza que ele não lhe negará ajuda. Posso enviar Aredhel para lhe ajudar com coisas pessoais, já que são amigas, e posso mandar Legolas também, para que lhe ensine a se defender em um campo de batalha. Tenho certeza que ficará mais confortável se eles forem. Não podemos ficar vulneráveis nesse momento, mas entenderei se você quiser ficar aqui ao lado de sua mãe e de Irã. — disse o rei, parecendo estar calmo. As vezes, isso irritava Malena de uma forma fora do comum. A moça tinha certeza que se estivesse no lugar dele naquele momento, estaria completamente louca de preocupação, raiva e até mesmo medo. A tal Ivana se mostrou muito poderosa e mostrou que pode fazer paçoca de qualquer um.
— Eu... eu quero ir até o Senhor de Valfenda. Quero que ele me ensine tudo o que preciso saber. Eu... eu... Não vou deixar essa mulher fazer mais mal para ninguém. — disse ela, firme.
Malena sentiu em seus ossos a necessidade e a vontade de lutar. Em seu sangue corria o desejo de vingança e ela faria o que fosse preciso para se sentir saciada. Nem que ela tivesse que abrir mão dos próprios desejos, dos próprios pensamentos, princípios e até da própria vida.
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Malena - EM ANDAMENTO DE CORREÇÃO
FanficEm uma era muito distante, Malena vivia aparentemente feliz. Mas secretamente se sentia triste, sentia que tinha um vazio que não era preenchido em seu peito. Era como se estivesse em busca de algo, mas nunca encontrava. Trabalhar como curandeira n...