O ar na sala era pesado, misturado ao cheiro metálico de sangue e suor. Wilbert sentia o gosto ferruginoso na boca enquanto encarava o chão, os olhos semicerrados devido ao inchaço. Estava algemado a uma cadeira de metal, o corpo todo doendo das pancadas.
Morelo estava em pé diante dele, ajeitando as mangas da camisa como se preparasse para mais um round.
— Vou perguntar mais uma vez, seu merda — disse Morelo, a voz fria e calculada. — Onde está o Evandro?
Wilbert levantou o olhar devagar, um sorriso torto no rosto machucado.
— Eu já disse que não sei.
A resposta foi seguida de um soco direto no estômago. Wilbert arfou, o corpo se inclinando para frente enquanto tentava recuperar o fôlego.
— Você sabe de uma coisa seu merda. — Morelo vociferou, agarrando Wilbert pelo colarinho e o puxando para cima. — Quando eu entro em uma sala dessas com o vagabundo, os policiais que estão lá fora fala que eu não posso bater no vagabundo, que eu não posso machucar vagabundo. Mais hoje não, tá todo mundo tá atrás do seu amiguinho, então eu posso fazer oq eu quiser com o vagabundo.
Wilbert riu, uma risada amarga que fez o agente o soltar com raiva.
— Já ouvi coisa pior.
O som da porta se abrindo com força ecoou pela sala. Wilbert levantou a cabeça com dificuldade. O pai de Sara entrou como uma tempestade, os olhos cheios de fúria e as mãos fechadas em punhos.
— Sai da frente, Morelo — disse ele, a voz carregada de autoridade. — Agora é comigo.
Morelo hesitou por um momento, mas acabou se afastando, observando de canto de olho.
Fontes avançou até Wilbert, segurando-o pela camisa. O primeiro soco veio sem aviso, atingindo o rosto já ensanguentado de Wilbert.
— Onde está minha filha? — rugiu ele, o rosto a poucos centímetros do de Wilbert. — Onde está a minha filha, seu vagabundo.
Wilbert cuspiu sangue no chão, olhando o homem com um olhar cheio de desprezo.
— Pode me bater o quanto quiser. — murmurou, a voz rouca. — Não vou falar nada.
Outro soco. Mais forte. Wilbert sentiu o gosto de sangue se intensificar.
— Eu vou perguntar de novo, seu vagabundo. Onde ela está? — o pai de Sara gritou, a voz ecoando pelas paredes.
Wilbert riu de novo, mesmo com o corpo gritando de dor.
— Vai se foder.
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O silêncio era opressor na casa onde Sara estava escondida. O peso do vazio parecia sufocá-la, tornando o ambiente ainda mais claustrofóbico. Ela estava deitada na cama, com os olhos fixos no teto, tentando acalmar a mente, mas cada pensamento a fazia se perder ainda mais no abismo de incertezas. Seus dedos nervosos puxavam a barra da blusa, como se isso fosse ajudar a controlar a inquietação que tomava conta de seu corpo.
O sol brilhava lá fora, mas dentro da casa, a luz parecia distante, como se a escuridão tivesse se instalado dentro dela. O som da cidade ao fundo, que antes teria soado como uma melodia tranquila, agora era apenas um lembrete de tudo o que estava em jogo. A televisão permanecia desligada, e o silêncio absoluto fazia cada pensamento ecoar na sua mente, martelando, apertando o peito.
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Impuros - Nossa Liberdade.
FanfictionSara Ribeiro, filha de um poderoso político, se vê atraída pelo perigoso mundo do Dendê, onde conhece Wilbert, um líder misterioso e irresistível. Em meio a segredos familiares e um romance proibido, Sara precisa decidir até onde está disposta a ir...