-Capítulo 194. Ocultar

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Lentamente, Blain caminhou pelo palácio escuro e sombrio. Através de janelas altas que se estendiam do chão ao teto, a chuva caía sem parar. Um clarão repentino iluminou a noite e o relâmpago era como uma cicatriz no céu negro, seguido por um rugido que abalou o céu e a terra.

Blain continuou andando, indiferente à tempestade.

Os Tomaris sentados no chão do corredor olharam para ele enquanto ele passava. Embora se vestissem com roupas de servos, seu comportamento ainda era grosseiro e sem educação. Eles nem mesmo ofereciam o devido respeito, apenas cantarolavam canções em uma língua que ele não entendia.

Ao abrir a porta do quarto de Cerdina, ele percebeu que o ambiente estava quente e viu a silhueta de um corpo feminino através das cortinas da cama.

“Você não me disse que eu teria o coração dela?” Ele perguntou sério.

Saindo da cama, Cerdina calçou um par de chinelos. Ela usava apenas uma camisola de cetim, mas não comentou sobre o fato de que ele a tinha acordado no meio da noite. Ela apenas franziu a testa.

“Por quê? Leah não vai te ouvir? Ela não disse que te ama?”

Os lábios de Blain se torceram. “É diferente.”

Depois que Leah foi trazida de volta ao palácio, Blain só ficou satisfeito por uma semana. Não demorou muito para perceber que algo estava errado. Este não era o amor que ele esperava. Não houve sorrisos brilhantes, nenhuma conversa íntima, nenhuma das piadas amorosas que ele queria.

Quando ele perguntava a ela, Leah dizia que o amava, como puxar a corda de uma boneca quebrada. Seu amor era baseado inteiramente no que ela tinha experimentado com aquele selvagem. Suas memórias daquele homem tinham sido substituídas por Blain. Portanto, ele ainda não tinha conseguido o que queria.

Dois meses se passaram desde que ela retornou ao palácio. Mas o relacionamento deles estagnou. Ela não o amava de verdade. A frustração dele com a incongruência o levou ao limite, e a loucura em seu sangue piorava a cada dia.

“Ela não me ama como amava aquele homem.”

Silenciosamente, Cerdina olhou para ele. Ele havia trocado de roupa, mas seu cabelo ainda estava encharcado da chuva, e gotas escorriam por seu rosto. Olhando para a janela, seus longos cílios tremeram enquanto ela observava a chuva através das frestas das cortinas.

“Você está sendo gentil demais. Você sabe disso também.” Havia um toque de irritação em sua voz. “A garota é sua, Blain. O controle é seu.”

Chegando mais perto de Blain, ela passou a mão pelos cabelos úmidos dele.

“Não deixe que Leah derrote você. Ok?”

Ele não respondeu, e ela suspirou.

“Talvez você esteja preocupada porque ele ainda está vivo,” ela murmurou. Com um movimento de seus dedos, fumaça preta apareceu em suas pontas. “Eu transformarei os emissários de cada país que comparecer ao seu casamento em bonecas. Os bárbaros se ajoelharão diante de você.”

Fumaça preta escorria pelas pequenas frestas nas janelas, e o som da chuva diminuiu e então desapareceu. Abrindo as cortinas, Cerdina olhou pela janela. A chuva tinha parado. Sorrindo, ela olhou de volta para Blain.

“Agora não sou diferente de um deus.”

“Você nem consegue me dar o coração dela,” Blain disse ironicamente. “Você fala demais.”

O sorriso dela desapareceu. Suas palavras saíram arrogantemente, como se o mundo inteiro já pertencesse a ela.

“Se apenas matarmos o bárbaro…”

Mas ela parou. Uma brisa fresca soprava para dentro do quarto, vinda das janelas, enquanto o calor escapava para fora.

“Eu não preciso da coroa, do trono ou do continente. Esse é o seu desejo. Eu só queria uma coisa desde o começo.” Blain era ameaçador. “Por favor, cumpra sua promessa. Mãe.”

***

Ironicamente, depois de lhe dar um tapa, Blain esperou por ela na frente do palácio por um longo tempo. Depois que ela se secou e trocou de roupa, ele aplicou pomada em sua bochecha inchada e só a deixou depois que ela adormeceu.

Na manhã seguinte, Leah acordou cedo. Mas em vez de se levantar imediatamente, ela ficou deitada na cama por algum tempo, pensando.

Normalmente, ela teria ignorado o que ele tinha feito, ou desculpado porque o amava. Mas dessa vez suas ações ficaram na mente dela. Ele a havia tratado como um objeto. Ele a havia humilhado.

Talvez fosse por causa do homem estranho que ela conheceu.

O Rei de Kurkan…

Ela lutou para afastar o homem de olhos dourados de seus pensamentos. Parecia que a segurança ao redor do palácio precisava ser aumentada.

O dia dela começou como de costume. A Condessa Melissa veio atendê-la, e Leah ouviu a agenda do dia e decidiu tomar um café da manhã leve em seu quarto.

Mas assim que a comida foi levada para seu quarto, Leah franziu a testa. A carne especialmente cheirava mal, intensamente desagradável. Mesmo que ela não tivesse comido nada, ela sentiu vontade de vomitar.

No momento em que ela estava pensando se deveria tomar o café da manhã, a porta do seu quarto se abriu abruptamente, sem a cortesia de uma batida.

“Bom dia, Leah.”

Sorrindo, Cerdina entrou na sala como se fosse sua. Seu olhar se voltou para os pratos na frente de Leah.

“Você estava comendo?”

Um pensamento instantâneo e instintivo surgiu na mente de Leah.

"Ela não pode descobrir."

Leah não entendeu por que Cerdina não deveria descobrir, mas escondeu sua náusea com um sorriso casual.

“…Sim, eu tenho comido.”

Predatory marriage novel (PT BR🇧🇷) Onde histórias criam vida. Descubra agora