Entre Amigos

Capítulo I

Desde o inicio do ano que estamos apreensivos, passamos por várias avaliações, tanto da escola quanto de larga escala. Então é possível imaginar como cansados estamos seja mentalmente e fisicamente, mas conseguimos, estamos prestes a concluir o ensino médio. Agora iremos para o ensino superior, pelo menos a maioria de nós pensamos em cursar alguma faculdade. A turma pensou em fazer uma festa com amigos da própria escola e de fora e com os familiares, teria dado tudo certo se a turma não fosse tão desunida. A turma ficou dividida em dois grandes grupos: os que queriam fazer a festa de formatura e os que não queriam, a desculpa dos que não queriam participar sempre é a falta de dinheiro, mas sabemos que no fundo é porque não gosta de alguém ou de várias pessoas da sala. O meu grupinho de amigos resolveu fazer a nossa própria festinha bem longe da escola e dos nossos colegas classe. O combinado ficou para o próximo final de semana, precisamente no sábado à noite. Passei a semana ansiosa por este dia, afinal não costumo sair com os meus amigos com freqüência como gostaria, consegui convencer a minha mãe a me deixar ir nessa festa, era o meu último ano com todo mundo junto, não sei se voltarei a vê-los novamente.

Quando finalmente chegou o dia e a hora, me arrumei como se não houvesse o amanhã, vesti uma calça comprida jeans com um cropped de onçinha, um sapato cor-de-rosa de salto baixo, deixei o cabelo solto com uma tiara, um conjunto de jóias e um relógio dourado e após tomar um banho de perfume fui ao encontro dos meus amigos. Bom, não fiz uma cara muito boa quando descobri, na hora, que a nossa festa seria em uma balada, mas tudo bem pelo menos uma vez na vida precisamos ir a um evento do tipo. Maria, Vanessa e Carlos são os mais fracos com bebidas alcoólicas, mas mesmo assim beberam até não lembrarem seus nomes. Pedro ainda bebeu um pouco, Luara, Luana e eu ficamos apenas observando os quatro dançando na pista como loucos na tentativa falha de acertar os passos da coreografia da música, cada um com o seu copo de licor em mãos e assim seguiu a nossa noite, entre muitos risos e bebedeiras. Olhei para o meu relógio de pulso e já passava da meia-noite, Luara achou melhor nós irmos embora e assim fizemos, foi muito difícil convencer a Maria, a Vanessa e o Carlos que saíram gritando "inimigos do fim". Andamos pela avenida deserta, vendo apenas os carros e motos passarem por nós, as ruas do Recife estavam vazias e desertas. Depois de uma longa caminhada paramos para os bêbados descansarem, olho ao redor na tentativa de identificar onde estávamos e avisto não muito longe um nome que se destacava por causa das luzes neon, era um hotel. Por um momento pensei em dizer ao grupo para ficarmos naquele hotel, seria melhor que ficar vagando pelas ruas sozinhos. Sei que não é nem um pouco adequado para um grupo de adolescentes ficar, à noite, bêbados e com os hormônios a flor da pele, mas o que poderíamos fazer? Nenhum de nós temos carros e não iríamos ligar para ninguém de madrugada para buscar um grupo de sete pessoas. Viro-me para ir até eles, porém passaram por mim já indo para a entrada do hotel. Olhando de fora parecia ser um hotel de bairro simples, para pessoas que só passariam uma noite estava bom.

- Vocês irão ficar aqui mesmo? – pergunta Luara a todos

- A gente vai ficar aqui mesmo... melhor que ficar andando por ai... – respondeu Vanessa sem disfarçar o sorriso malicioso

Luara se despede de todos e vai embora sozinha sem dar informações para onde iria. Na recepção, uma moça nos atendeu e já foi logo dizendo todos os benefícios do Eros Hotel, com direito até ao café da manhã servido todos os dias para pernoites com entrada até às 05h da manhã. Como eu era a única do grupo com a vida financeira um pouco melhor, paguei a conta por uma noite e cada dupla foi para o seu devido quarto. Vanessa e Maria, Carlos e Pedro, e Luana e eu. O quarto é bem espaçoso, composto por uma suíte e hidromassagem, uma grande cama de casal com colchão de mola, ar-condicionado, Tv, iluminação em led da cor vermelha e um frigobar. Chão de cerâmicas brancas, janelas de vidro com cortinas brancas. Luana se jogou na cama. Liguei para a minha mãe explicando tudo o que aconteceu e dizendo que passaria a noite fora, enquanto eu ainda estava ao telefone, Luana ligou a TV que tinha canais eróticos. Pedi para que Luana mudasse de canal, mas só havia pornô, que constrangimento ter que explicar para a minha mãe o tal barulho que ela ouviu do outro lado. Caminho até a sacada, tendo a visão da rua vazia, meus cabelos e rosto são tocados pela brisa fria da noite. Permaneci por um tempo ali pensando "posso esquecer de tudo, menos desse dia" entro fechando as cortinas não fazendo muito barulho para não acordar Luana que já dormia, de roupa e tudo nem banho havia tomado. Como não consigo dormir sem tomar banho, foi fazer o famoso banho de gato antes de me juntar a Luana na cama. Demorei um pouco a adormecer, mas eu sabia que isso iria demorar a acontecer, não tinha trazido o meu remédio.