Para os que crucificaram nossa Mirandinha, eis aqui os motivos dela.
Eu vou fazer mais um extra sobre o primeiro ano do casamento delas, ele foi caótico.
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Miranda estava, relativamente, feliz. Não tinha muito do que reclamar nos últimos dias. Talvez pudesse se queixar da última sessão de fotos, mas era um desastre que ela já havia antecipado. O departamento de artes ainda enfrentava uma transição irritante desde a saída de Nigel, então, nesse aspecto, não havia muito o que fazer.
Caroline e Cassidy, por outro lado, estavam indo excepcionalmente bem. O último ano da high school era agitado, mas ambas pareciam animadas com as pesquisas sobre possíveis faculdades. Naturalmente, queriam ir para a mesma, o que prometia uma longa discussão para os meses seguintes. Ainda assim, Miranda, como qualquer mãe, sentia-se orgulhosa e feliz por ver as filhas tão empenhadas.
Sua esposa... Bem, Andrea estava radiante. E como não estaria? A gravidez parecia tê-la enchido de uma alegria contagiante. Miranda não se lembrava de ter sido tão paparicada em qualquer outro ano de casamento. Andrea estava sempre por perto, fosse para massagear seus pés inchados ou para lembrá-la de que precisava comer algo antes de desaparecer em uma reunião.
Suspirando resignada, Miranda observou seu reflexo no espelho. A barriga já era impossível de esconder, não importava o quanto tentasse escolher roupas mais largas ou estrategicamente ajustadas. Isso significava que estava na hora de lidar com o frenesi inevitável da Page Six.
— Fascinante. — Murmurou para si mesma, com o olhar crítico que sempre reservava para assuntos complicados.
Virou-se e caminhou até a porta, onde Andrea a esperava com aquele sorriso absolutamente contagiante.
Miranda teve de comprimir os lábios, reprimindo o impulso de sorrir de volta. Não podia deixar que Andrea percebesse o quanto aquele amor desconcertava sua compostura. Era simplesmente constrangedor viver um grande amor.
[...]
A primeira vez que elas discutiram sobre a possibilidade de ter filhos foi durante a primeira semana de casamento. Miranda, é claro, queria ter abordado esse assunto antes. Sempre fora uma pessoa que acreditava em planejar tudo, especialmente quando o futuro estava em jogo.
Mas o noivado foi um caos delicioso. Andrea estava em frenesi, dividida entre amar Miranda enlouquecidamente em cada cômodo da casa e cumprir prazos apertados no trabalho. Quanto ao casamento? Esse ficou inteiramente nas mãos da editora. Miranda assumiu a responsabilidade sem reclamar, mas, por fim, acabou cometendo algo incomum: subiu no altar sem sequer discutir o futuro de forma séria com aquela garota ridiculamente jovem e impulsiva.
Não que estivesse preocupada. Para tudo, Miranda sempre achava um jeito.
O tema surgiu naturalmente, dias depois do casamento.
— Deus, por favor, não. — Essa foi a resposta imediata de Andrea quando Miranda mencionou a maternidade pela primeira vez.
Miranda se limitou a erguer uma sobrancelha, mas, na verdade, estava bem com aquilo. Não fazia questão de ter mais filhos. Cassidy e Caroline eram duas meninas maravilhosas, e isso lhe bastava. Ainda assim, conhecia Andrea. Ela era jovem, e essas certezas podiam mudar com o tempo.
— Pense bem sobre isso. — A editora lembrou-se de ter dito, com o tom casual de quem fazia apenas uma sugestão.
— Eu já pensei. — Andrea deu de ombros, sem nem hesitar. — Essa casa já é suficientemente cheia.
Miranda, então, deixou o assunto de lado. Durante cinco meses, sequer voltou a tocá-lo, até o dia em que Andrea voltou para casa furiosa depois de uma discussão com os pais. Miranda não soube dos detalhes, mas ficou claro que o tópico da briga fora a maternidade.
— Você ainda tem certeza? — Miranda perguntou naquela noite, sem nem erguer os olhos do livro que estava lendo.
— Eu não quero filhos, já temos Cassidy e Caroline. — Andrea bufou, jogando-se no sofá com a cabeça quente.
Uma semana depois, porém, Andrea soltou uma frase inesperada enquanto organizava os papéis da mesa:
— Se tivermos, você quem vai engravidar.
Não foi exatamente um pedido, tampouco uma pergunta. Miranda aceitou aquilo como uma condição não negociável.
O que, de certa forma, estava bem. Andrea raramente fazia imposições, mas, quando o fazia, Miranda sabia respeitar.
— Você tem três anos para decidir, então. — Miranda disse calmamente, virando outra página do livro.
Andrea deu de ombros, parecendo alheia ao prazo. E, de fato, três anos se passaram sem que ela dissesse mais nenhuma palavra sobre o assunto.
Miranda jurou para si mesma que o assunto estava encerrado. O prazo havia expirado, e uma gravidez, naquela altura do campeonato, não era apenas uma ideia ridícula — era imprudente.
Mas, um ano depois do fim desse prazo, Andrea quebrou o silêncio com uma tranquilidade desarmante, sem um traço sequer de vergonha:
— Eu quero um filho. — A voz saiu tão baixa que parecia um sussurro, quase como se Andrea torcesse para que Miranda não escutasse de verdade.
Mas Miranda escutou.
E sentiu a raiva crescer dentro dela, como uma chama alimentada por lenha seca. Como alguém podia ser tão volúvel quanto aquela mulher à sua frente? Durante o primeiro ano de casamento, Miranda havia considerado seriamente a ideia. Estava disposta a carregar um filho por nove meses, ainda que não fosse exatamente algo que desejasse para si. No terceiro ano, já não estava tão animada, mas, se Andrea insistisse, ainda era uma possibilidade.
Cinco anos depois, era simplesmente absurdo. O corpo de Miranda não era mais o mesmo; a ideia de uma gravidez parecia tão inconveniente quanto impensável.
— Não. — Ela disse, a voz carregada de exasperação.
Andrea não respondeu imediatamente. Apenas a encarou, aquele olhar calmo e determinado que Miranda conhecia tão bem. Era o mesmo olhar que Andrea tinha quando sabia que, no fundo, venceria a discussão.
E, como sempre, Miranda cedeu.
Foi aos poucos, no começo. Primeiro vieram os olhares furtivos de Andrea para Camila, a afilhada, seguidos pelos sorrisos brilhantes que ela mal conseguia esconder sempre que segurava o bebê nos braços. Depois, os comentários casuais sobre como Camila era adorável, ou como bebês tinham cheirinho de novidade. Miranda sabia onde tudo aquilo terminaria, e, no fundo, já estava cansada de lutar.
Então ela concordou.
Mesmo que as consequências fossem dores nas pernas, na coluna e carregar alguns quilos extras para lá e para cá. Mesmo que significasse abrir mão de roupas ajustadas e encarar os olhares curiosos da imprensa.
Andrea ganhou mais uma vez.
E, enquanto Miranda suspirava, sentada no sofá com os pés inchados apoiados em um banquinho e Andrea insistindo em lhe trazer chá, percebeu que ceder, no final das contas, não era tão terrível assim.
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The Secret
RomanceAndrea, em meio a sua vida monótona, possuía uma série de pequenos segredos que eram somente seus. Com a pequena exceção de sua paixão por Miranda, que era de conhecimento de toda New York. ° Top 1 - LGBT - 19/11/2024 ° ° Top 1 - Lesbian - 19/11/20...