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Grishaverse - capítulo 13 pt 1.

A tensão no Pequeno Palácio era palpável. Desde o ataque anterior, com Kirigan manipulando o campo de batalha e agora trazendo Evie para o centro de sua trama, todos estavam à beira de um colapso. Eu não conseguia descansar. As palavras de Kirigan ainda estavam gravadas em minha mente: "Você precisa de mim."

Mas o que realmente me atormentava não era apenas sua manipulação. Era a presença de Evie, trazida até aqui como uma peça em seu jogo. Ela não tinha poderes, mas seu coração forte e sua determinação eram inegáveis. Ainda assim, eu sabia que ela não deveria estar no Pequeno Palácio, não nesse momento, quando tudo estava à beira de desmoronar.

Eu me retirei para a biblioteca, tentando me concentrar nos textos antigos que haviam sido recuperados por David e Nikolai. Não estava procurando por mistérios ou explicações profundas, mas por qualquer indício que pudesse me ajudar a destruir a Dobra. Os amplificadores eram apenas uma extensão do meu poder, e eu sabia que, quando o terceiro fosse encontrado, tudo dependeria de mim.

Enquanto eu lia, Evie entrou silenciosamente no cômodo. Sua presença era um alívio, mas também uma distração dolorosa. Ela sentou-se ao meu lado, observando os livros que estavam espalhados sobre a mesa.

- Não entendo metade do que está escrito aqui, mas sei que você está se sobrecarregando - disse ela, com uma leve preocupação em sua voz.

- Não tenho escolha, Evie - respondi, sem olhar para ela. - Se eu não aprender a destruir a Dobra, todo esse caos será em vão.

Ela ficou em silêncio por um momento antes de falar novamente.
- Você sempre teve esse peso sobre você, Benjamin. Mesmo quando éramos crianças. Mas não precisa carregar isso sozinho.

Eu finalmente levantei os olhos para encontrá-la. Havia algo na expressão dela que me fez querer acreditar nessas palavras. Mas antes que eu pudesse responder, a porta se abriu com força.

Genya entrou apressada, seguida por Zoya e Nikolai.

- Benjamin, precisamos falar agora - disse Genya, com urgência em sua voz.

- O que aconteceu? - perguntei, levantando-me rapidamente.

- Kirigan - respondeu Nikolai, com sua expressão normalmente despreocupada agora tomada pela seriedade. - Ele não foi embora. Está mais perto do que imaginávamos.

- Como você sabe disso? - perguntei, tentando processar as informações.

- Minhas fontes confirmaram. Ele está reunindo forças, e ele tem algo planejado. Algo que envolve você - respondeu Nikolai.

Eu senti um calafrio percorrer meu corpo. Era claro que Kirigan não desistiria tão facilmente. Ele estava sempre um passo à frente, sempre manipulando as peças de seu jogo.

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Naquela noite, enquanto eu e minha guarda tentávamos organizar nossas defesas, uma mensagem chegou até nós. Era um convite - ou talvez um ultimato.

Uma carta escrita à mão, com o selo de Kirigan, foi entregue por um mensageiro desconhecido. Eu a abri com cuidado, enquanto os outros se reuniam ao meu redor.

*"Benjamin,
A guerra está prestes a alcançar seu clímax. Você sabe disso, assim como eu. Mas essa luta não precisa continuar. Venha me encontrar sozinho, na clareira além da floresta. Precisamos conversar, sem interrupções. Evie ficará segura enquanto você considerar minha proposta.

Você sabe onde me encontrar.
- Kirigan."*

Eu fechei a carta, sentindo a raiva crescer dentro de mim. Ele estava jogando comigo, tentando me manipular mais uma vez. Mas eu sabia que não poderia ignorar isso.

- Você não pode ir - disse Zoya imediatamente. - É óbvio que isso é uma armadilha.

- Não temos escolha - retruquei, minha voz firme. - Se ele quer me encontrar, então eu vou.

- E o que acontece quando você não volta? - perguntou Genya, com preocupação nos olhos.

- Eu não vou sozinho - respondi, olhando para elas e para Nikolai. - Nós vamos nos preparar.

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A noite caiu rapidamente, e a floresta parecia mais sombria do que nunca. Eu e minha guarda nos aproximamos da clareira, prontos para o que quer que Kirigan tivesse planejado. Quando chegamos, ele estava lá, como esperado.

Kirigan estava parado no centro da clareira, envolto em sombras que pareciam vivas ao seu redor. Sua expressão era calma, mas havia algo em seus olhos que parecia mais sombrio do que nunca.

- Eu sabia que você viria, Benjamin - disse ele, com um sorriso que não alcançou seus olhos.

- O que você quer, Kirigan? - perguntei, minha voz firme.

Ele deu um passo à frente, suas sombras se movendo com ele.
- Quero você ao meu lado. Você e eu, juntos, podemos governar Ravka. Podemos proteger este país como nunca antes.

- Você acha que eu confiaria em você? Depois de tudo que fez? - retruquei, dando um passo à frente.

Ele suspirou, como se estivesse decepcionado.
- Você não entende, Benjamin. Eu não estou tentando te manipular. Estou tentando salvar você. Sem mim, seu poder irá destruí-lo.

Eu senti minha raiva crescer, mas antes que pudesse responder, Zoya, Genya e os outros se posicionaram ao meu lado. Kirigan olhou para eles com um sorriso irônico.

- Então é isso? Você escolhe eles em vez de mim? - perguntou ele, com um tom de amargura em sua voz.

- Eu escolho Ravka. E você não faz parte disso.

Por um momento, o silêncio caiu sobre a clareira. Então, Kirigan deu um passo para trás, e as sombras ao seu redor começaram a crescer.

- Você vai se arrepender disso, Benjamin. E quando isso acontecer, eu estarei esperando.

Ele desapareceu nas sombras, deixando-nos sozinhos na clareira.

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Enquanto voltávamos ao Pequeno Palácio, minha mente estava um turbilhão de pensamentos. Kirigan não desistiria, isso era claro. E com o terceiro amplificador ainda fora de nosso alcance, a luta pela destruição da Dobra estava longe de terminar.

Mas naquele momento, uma coisa era certa: eu não estava sozinho. E, juntos, estávamos prontos para enfrentar o que quer que viesse a seguir.