98 - George Russell

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"A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena

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"A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena."

***

Meu irmão sempre teve esse ar irritantemente protetor. Desde que me lembro, George fazia questão de ser um verdadeiro chato quando se tratava de qualquer pessoa que chegasse perto de mim com intenções além da amizade. E, claro, ele nunca perdia uma oportunidade de implicar comigo. O problema é que eu aprendi a usar isso contra ele.

— Você viu o Charles hoje? — perguntei casualmente enquanto entrávamos no paddock. George revirou os olhos antes mesmo de responder.

— Por que eu teria visto? Estou ocupado me preparando para a corrida, diferente de você, que só vem aqui para falar besteira.

Ri, ignorando seu tom rabugento.

— Ah, George, você só está com ciúmes porque ele é muito mais bonito que você.

— Sn, por favor. — Ele suspirou como se estivesse prestes a perder a paciência, o que era exatamente o que eu queria.

Era quase um esporte para mim falar de Charles Leclerc perto dele. George sempre reagia do mesmo jeito: olhos revirados, suspiros exagerados e a tentativa de ignorar meu comentário. Mas eu sabia que, no fundo, ele ficava incomodado. Talvez fosse por isso que eu insistia tanto.

— Além de bonito, ele é charmoso, educado, tem aquele sotaque... — continuei, com um sorriso provocador. — E ele dirige muito bem, não acha?

George parou de andar abruptamente e me encarou.

— Sn, você pode parar com isso por um dia, só um dia?

— Mas eu nem falei nada demais! — Retribuí com um olhar inocente.

Ele balançou a cabeça e seguiu em frente, murmurando algo que não consegui entender. Sabia que minha provocação tinha surtido efeito.

Algumas horas depois, estávamos na sala reservada da Mercedes, onde eu costumava acompanhar as corridas. George estava ocupado conversando com os engenheiros, e eu aproveitei o momento para dar uma volta pelo paddock. Não era incomum encontrar pilotos de outras equipes por ali, mas naquele dia o universo parecia conspirar a meu favor.

— Sn! — Uma voz familiar chamou minha atenção, e quando me virei, lá estava Charles Leclerc, sorrindo daquele jeito despreocupado que fazia meu coração bater mais rápido.

— Oi, Charles, — respondi, tentando não parecer nervosa. Ele sempre tinha esse efeito em mim, embora eu jamais admitisse isso em voz alta.

— Está aproveitando o final de semana? — Ele perguntou, parando ao meu lado.

— Sim, claro. É sempre divertido ver meu irmão tentando se provar, — brinquei. Charles riu, e eu me perguntei se era possível ficar mais encantada por ele.

Conversamos por alguns minutos antes de sermos interrompidos pelo meu irmão, que apareceu com o olhar típico de quem não gostava de me ver interagindo com outros pilotos.

— Leclerc, — ele disse com um tom cortante, cumprimentando-o rapidamente antes de se virar para mim. — Sn, podemos conversar?

Suspirei, sabendo que levaria um sermão mais tarde. Mas não podia deixar de notar como Charles parecia se divertir com a situação.

No dia seguinte, antes da corrida, George parecia mais irritadiço do que o normal. Não dei muita atenção, assumindo que fosse apenas a pressão do GP. Mas percebi que ele estava planejando alguma coisa.

Na coletiva pós-corrida, quando George terminou em segundo lugar, ele teve a oportunidade de me expor. Eu estava no fundo da sala, tentando não chamar atenção, quando ele soltou:

— Ah, minha irmã está aqui hoje, aliás, — disse, apontando para mim. Os jornalistas olharam na minha direção, e meu rosto começou a queimar. — Ela é uma grande fã do Charles. Vive falando o quanto ele é incrível. Acho que está torcendo mais para ele do que para mim.

A sala explodiu em risadas, e Charles, que estava ao lado de George, olhou diretamente para mim com aquele sorriso despreocupado. Meu coração quase parou.

— É sempre bom ter fãs dedicados, — ele disse, ainda olhando para mim, e piscou de maneira discreta.

Eu queria cavar um buraco e me esconder. Enquanto todos riam e faziam perguntas, George parecia muito satisfeito consigo mesmo.

Mais tarde, no hotel, eu confrontei meu irmão.

— Você é um idiota! — gritei, jogando uma almofada nele.

— Isso é o que você ganha por me provocar durante semanas, — ele respondeu, rindo. — Acha que pode falar do Charles na minha cara e sair impune? Pense de novo.

— Eu não acredito que você fez isso na frente de todos, — murmurei, ainda mortificada.

— Ah, você precisava ver a sua cara. Valeu a pena. — Ele deu de ombros, parecendo genuinamente orgulhoso de si mesmo.

— Você é insuportável. — Cruzei os braços, mas não consegui conter um sorriso. No fundo, sabia que, apesar de tudo, ele só queria me proteger, mesmo que fosse do jeito mais irritante possível.

E quanto ao Charles... Bem, talvez George tivesse me ajudado mais do que eu queria admitir. Afinal, aquele sorriso dele parecia promissor.

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