Nightmare: Além da Floresta
Capítulo 13: Não Estamos Sozinhos
A casa estava mergulhada na penumbra, iluminada apenas pela luz fraca dos celulares. O som da tempestade parecia mais alto agora, como se a chuva e o vento quisessem arrancar o telhado.
"Temos velas aqui em casa," disse Jonny, tentando quebrar o silêncio tenso. "Estão na gaveta da cozinha. Vou buscá-las."
"Você não vai sozinho," disse Akira, levantando-se.
"Eu sei onde fica," respondeu Jonny, segurando o celular com firmeza, mas Akira já estava ao lado dele.
"Não é questão de saber onde fica. Não sabemos o que mais está lá fora, ou..." Ele hesitou, escolhendo as palavras com cuidado. "Aqui dentro."
Jim apertou os braços ao redor do próprio corpo. "Vocês dois são loucos se acham que eu vou ficar sozinha aqui."
Jonny suspirou. "Tudo bem, vamos juntos. Não tem nada demais lá embaixo."
Eles desceram as escadas lentamente, com as lanternas dos celulares iluminando cada degrau. As sombras que se projetavam nas paredes pareciam se alongar e se contorcer, como se estivessem vivas.
Quando chegaram à cozinha, Jonny foi direto à gaveta. Ele encontrou as velas e um isqueiro, suspirando aliviado ao acender a primeira chama. A luz quente preencheu o espaço, mas não trouxe a sensação de conforto que ele esperava.
"Pronto," disse ele, colocando a vela sobre a bancada. "Agora podemos ver alguma coisa."
Mas antes que pudessem relaxar, um barulho de passos veio do andar de cima. Era um som leve, quase imperceptível, mas distinto o suficiente para que todos parassem e olhassem uns para os outros.
"Elizabeth?" chamou Jonny, referindo-se à sua mãe. Nenhuma resposta.
O silêncio que se seguiu foi opressivo. Jim apertou o braço de Jonny. "A sua mãe não tava no quarto dela?"
Jonny assentiu, sentindo um calafrio percorrer sua espinha.
"Talvez tenha sido o vento," disse ele, mais para si mesmo do que para os outros.
"Vento não faz passos," disse Akira, com a voz baixa mas firme. Ele pegou a vela da bancada e começou a caminhar em direção à escada.
"Você não vai subir lá," sussurrou Jim, agarrando-o pelo pulso.
"Seja o que for, não podemos ignorar."
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No topo da escada, Akira segurava a vela enquanto Jonny e Jim seguiam logo atrás. O corredor estava vazio, mas havia algo diferente na atmosfera – um peso invisível que parecia pressionar contra o peito de todos.
"Eu vou abrir a porta," disse Jonny, colocando a mão na maçaneta do quarto de sua mãe. Ele hesitou por um segundo antes de girá-la.
A porta se abriu com um rangido, revelando o quarto vazio. As cobertas estavam jogadas de lado, mas Elizabeth não estava lá.
"Onde ela foi?" perguntou Jim, quase em um sussurro.
"Ela deve ter saído..." começou Jonny, mas sua voz morreu quando um som baixo e irregular ecoou novamente pela casa – o mesmo som que ouviram antes, lá fora.
Jim instintivamente se aproximou de Akira, agarrando-o pelo braço. Ele olhou para ela, surpreso por um momento, mas não disse nada. Em vez disso, estendeu a mão para segurá-la também, num gesto firme e tranquilizador.
"Tá tudo bem," disse ele, num tom baixo e constante. "Eu não vou deixar nada acontecer com vocês."
A presença dele parecia uma âncora em meio ao caos, e Jonny não pôde deixar de sentir um pequeno alívio, mesmo que sua mente ainda estivesse uma bagunça.
"Vamos descer," disse Akira, puxando Jim levemente para que ela soltasse o braço. "Não tem sentido ficarmos aqui. Seja o que for, não vai nos encontrar todos juntos."
Jonny assentiu, e o trio começou a descer novamente. Mas enquanto caminhavam, ele sentiu algo frio e úmido tocar sua nuca. Ele se virou abruptamente, segurando a vela mais alto.
Nada. Apenas a escuridão os observando de volta.
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De volta à sala, eles se acomodaram próximos à vela que agora iluminava o ambiente. O som da tempestade parecia mais distante, mas o clima de tensão persistia.
Jim, ainda próxima a Akira, olhou para ele com algo entre curiosidade e gratidão. "Você... você sempre parece saber o que fazer."
"Não é bem isso," respondeu ele, com um sorriso leve e melancólico. "Só sei que o medo não ajuda. Já vivi isso antes."
"Antes?" Jonny ergueu uma sobrancelha.
Akira hesitou. Ele parecia dividido entre explicar ou evitar o assunto.
"Antes de vir pra cá," disse finalmente. "Eu já vi coisas parecidas com essas. Não... exatamente iguais, mas o suficiente pra saber que não dá pra brincar com isso."
Jim olhou para ele com um misto de curiosidade e admiração. "Como assim?"
"É uma longa história," respondeu ele, olhando para a vela como se o fogo guardasse as respostas. "Mas talvez não seja o momento agora."
Jonny franziu o cenho. Ele sabia que Akira estava escondendo mais do que dizia, mas antes que pudesse pressioná-lo, o som de passos ecoou novamente – desta vez, vindo do porão.
Eles se entreolharam, e o coração de Jonny disparou. Seja o que for que estivesse com eles na casa, não parecia disposto a deixá-los em paz.
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Nightmare Além da Floresta
HororNightmare: Além da Floresta Em uma pacata cidade cercada por uma floresta de pinheiros, Central City esconde segredos que ninguém ousa revelar. Jonny Walker, um jovem de 17 anos, vive atormentado por gritos vindos da floresta, mas sua vida muda quan...