Olhos que me Perseguem

O Jogo Duplo

                                 Damian

O relógio marcava quase meia-noite,eu  apareci na janela do quarto de Raven. Ela já estava prestes a dormir, mas o som da batida na vidraça a fez sentar-se na cama com um susto.

– Damian? O que você está fazendo aqui? – perguntou ela, indo até a janela e abrindo-a apenas o suficiente para que ele entrasse.

– Precisamos conversar – disse, deslizando para dentro com a agilidade de quem já tinha feito aquilo antes.

– Você não sabe esperar até amanhã como uma pessoa normal?

– Isso não pode esperar – respondi, com a voz baixa, mas firme.

Ela suspirou, fechando a janela e cruzando os braços.
– Então fale.

Hesitei por um momento, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado. Eu parecia mais sério do que o normal, o que deixou Raven desconfortável.

– Eu sei que você esteve na biblioteca hoje – comecei.

Raven arqueou as sobrancelhas, confusa.
– E daí? Estava estudando, como sempre faço.

– Mentira. –  dei um passo à frente, encurtando a distância entre nós. – Você estava pesquisando sobre mim.

Ela sentiu o rosto corar, mas tentou manter a compostura.
– Você está paranoico.

– Eu vi os registros, Raven. Vi os livros que você consultou.

Ela bufou, tentando disfarçar o nervosismo.
– E o que tem isso? Desde quando é crime querer saber mais sobre o garoto que insiste em invadir o meu espaço?

– Não é só isso – rebati, os olhos fixos nos dela. – Você quer saber sobre minha família. Sobre meu passado. Por quê?

Raven se sentiu acuada, mas não ia ceder tão facilmente.
– Porque você é um mistério, Damian. E mistérios são perigosos.

Eu dei uma risada curta e sem humor.
– Então é isso? Está tentando me decifrar para se proteger?

– Talvez – admitiu ela, a voz mais baixa.

Suspirei, passando a mão pelos cabelos em frustração.
– Você acha que vai encontrar alguma coisa que me torne menos confiável do que você já acredita que sou?

– Eu não sei o que vou encontrar, – respondeu Raven, sinceramente. – Mas prefiro estar preparada.

Me aproximei ainda mais, até que nossos rostos estivessem a poucos centímetros de distância.
– E se eu dissesse que há coisas que você não vai gostar de saber?

Raven sentiu o coração acelerar, mas manteve o olhar firme.
– Então me diga agora.

Ri, mas dessa vez havia algo sombrio em minha expressão.
– Eu nunca faço as coisas tão fáceis assim, Raven. Se você quer respostas, terá que trabalhar para consegui-las.

Antes que ela pudesse responder, eu a surpreendi. As minhas mãos se moveram rapidamente para os ombros dela, puxando-a para perto. O beijo foi intenso, quase feroz, como se eu estivesse tentando provar algo que não conseguia colocar em palavras.

Raven não resistiu. Apesar de sua mente gritar que aquilo era uma má ideia, seu corpo tinha uma opinião completamente diferente. As mãos dela deslizavam pelos meus braços, sentindo os músculos tensos sob a camisa.

– Você gosta de controle – murmurei contra os lábios dela. – Mas comigo, nunca vai tê-lo.

– Você é tão convencido, – respondeu Raven, sem fôlego, mas incapaz de se afastar.