Capítulo 31: Bipolar

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SAM

Descobrir que eu tinha um transtorno mental foi como ser jogado em um abismo sem fundo. Eu sabia que algo estava errado comigo há muito tempo, mas ouvir as palavras "você é bipolar" saindo da boca de um médico foi como uma sentença. Não queria aceitar. Não queria tomar remédios todos os dias como se fosse a única coisa que me manteria "normal". Não queria que todo mundo ficasse me observando, me tratando como se eu fosse feito de vidro, frágil e prestes a quebrar.

Por três semanas, me isolei. Ignorei mensagens, evitei ligações e passei os dias tentando entender quem eu era, ou talvez tentando fugir de quem eu tinha me tornado. Mas naquele dia, decidi voltar à escola. Meu coração parecia querer explodir no peito enquanto eu me aproximava dos portões. Cada passo era uma luta. O mundo ao meu redor parecia tão pequeno e tão grande ao mesmo tempo. Eu me sentia sufocado.

— Sam? — ouvi uma voz familiar atrás de mim. Me virei devagar e vi Elle. Ela parecia surpresa, mas também aliviada por me ver. — Meu Deus, você tá bem?

As palavras dela bateram como um soco. Suspirei, tentando controlar o aperto no peito, mas não consegui evitar a resposta cortante:

— Por favor, não pergunta isso...

O rosto dela caiu um pouco, e eu percebi o peso da minha resposta. Eu não queria ser rude, mas não tinha forças para conversar sobre isso. Não agora. Não com ela.

— Desculpa... — Elle disse, sua voz suave, mas cheia de preocupação. — Só... é bom te ver.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. A escola parecia um universo distante, como se estivéssemos presos em uma bolha onde o tempo havia parado.

— Você quer conversar? — ela perguntou, hesitante.

— Não sei... — admiti, com a voz quebrada. — Na verdade, acho que não. Mas... obrigada por perguntar.

Ela assentiu, parecendo entender, mesmo que eu não estivesse sendo claro. Isso era uma das coisas que eu mais gostava nela — Elle sabia quando insistir e quando apenas estar presente.

— Posso só... ficar aqui com você? — ela perguntou, os olhos buscando os meus.

Eu hesitei por um momento, mas acabei assentindo. E foi isso. Ficamos ali, parados na frente da escola, enquanto o mundo continuava girando ao nosso redor. Não precisávamos dizer nada. A presença dela era suficiente para me lembrar que, apesar de tudo, eu não estava completamente sozinho.

🍂🍂🍂

Respirei fundo antes de entrar no colégio. Era como atravessar um portal para um lugar que, embora familiar, parecia completamente novo. Cada passo que eu dava fazia meu coração bater mais rápido, como se algo estivesse prestes a acontecer. Tentei me convencer de que estava pronto, mas no fundo, não tinha certeza.

Assim que passei pelos portões, ouvi alguém me chamar.

— Sam! — a voz era animada e, ao mesmo tempo, cheia de alívio. Eu me virei e vi o Cole vindo em minha direção, o rosto iluminado por um sorriso que ele não fazia ideia do quanto significava para mim naquele momento.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele já estava na minha frente, me envolvendo em um abraço apertado. Fiquei rígido por um segundo, pego de surpresa, mas logo relaxei, deixando o calor do gesto me alcançar. Era bom. Era melhor do que eu esperava.

— Cara, onde você esteve? Todo mundo ficou preocupado! — ele disse, soltando-me, mas ficando perto o suficiente para que eu sentisse o cheiro do perfume dele, algo entre madeira e algo fresco, como a chuva.

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