Meu Pequeno Milagre

Será?

- Eu tenho uma boa notícia para você! - ergo meu olhos para a mulher sorridente que adentra minha casa segurando uma garrafa de vinho. - Você está péssima! - ela faz uma careta e fungo.

- Estou gripada! - minto.

- Vou fingir que acredito. - ela vao até a cozinha e pega duas taças então volta e senta-se ao meu lado no sofá. 

- Então, qual a boa notícia? Alguém finalmente te fisgou e você está loucamente apaixonada? - brinco e ela faz uma careta.

- Jesus, vira essa boca pra lá mulher, isso nunca vai acontecer! - ela dá uma risada sacana - por que me contentar com um pau se eu posso ter vários? - dou risada da doida ninfomaníca. 

- Então? - seguro a taça que ela enche e bebo um longo gole.

- Surgiu uma vaga na empresa em que eu trabalho e eu conversei com meu chefe gostoso e ele vai te entrevistar na segunda. 

- O quê? - engasguei com o vinho e a olhei surpresa.  - como assim?

- É na área do marketing, você sabe, esses negócios em que você é boa.pra caralho! - ela bebe do seu vinho tranquilamente. - o que importa é o salário que é mais do que você recebe agora e o horário é bom também. 

- Meu Deus! - sinto meu coração acelerar e meus olhos voltam a encher de lágrimas - obrigada Diana.

- Não me agradeça ainda, passe na entrevista e me leve para jantar! - dou risada.

- Vou te levar no restaurante mais caro da cidade eu prometo.

- Eu vou cobrar não se preocupe.

Ainda bem que tenho ela, Adriana é mais que uma irmã para mim, nunca me imaginei viver sem ela em minha vida, ela me completa, cuida de mim, é uma tia maravilhosa para Helena, uma companheira pra vida. 

- A gente deveria se casar! - comentou e ela sorri safada.

- Só se for um relacionamento aberto, você sabe que eu curto os dois, mas um pau enorme junto de um homem bruto e quente é o meu preferido! - dou risada dessa doida.

- Eu amo você sua doida! - me agarro a ela.

- Eu também te amo querida, você e nossa filha linda! - ela acaricia meus cabelos - que tal uma pizza para o jantar?

- São onze horas! - faço uma careta. 

- Eu estou com fome, oras, meu encontro não me alimentou com comida! - ela ri e balança a sobrancelha. 

- Eca! - me levanto do seu colo.

- Eu tomei banho, mulher, agora vem cá, vamos assistir o quê? 

...

Na segunda faltei ao trabalho e fui na entrevista. Não imaginava que o homem que talvez seria meu patrão fosse tão lindo. Adriana vivia chamando ele de gostoso e me falando o quanto ele deveria ser quente na cama, mesmo que nunca tenham tido nada, mas eu não imaginava o quanto ele era atraente. Caramba, Porque tinha que ser tão tentandor? Bem que Adriana só se referia a ele como o deus gostoso, o homem era um pedaço de mau caminho. 

Peter Bergman era um homem na casa dos quarenta anos, quarenta e seis na verdade, alto, com um corpo grande e músculos por baixo de um terno negro, o cabelo negro estava bem penteado e tinha um corte elegante, os olhos eram negros e enigmáticos, daqueles que parecem te ver do avesso, e um queixo quadrado com uma barba negra bem aparada. A boca em uma linha fina e a marca de um vinco na testa, como se o costume dele fosse fazer carrancas o dia todo.

Lembrei das palavras de Adriana, esse homem era o tipo dela, bruto e quente como um demônio.

Me senti nervosa em toda a entrevista, minha vontade era fugir, principalmente quando ele cravou seus olhos de corvo sobre os meus e parecia que ele poderia ler minha alma. Ver meus pecados e segredos. Em nenhum momento o homem mostrou reação alguma em quanto lia meu currículo. Adriana me orientou a colocar minhas experiências já que eu iria para uma área em que eu conhecia bem e ela já havia falado de mim para ele.